Nando Reis ficou amigo de Tom Capone em Seattle. Na época, ele ainda fazia parte dos Titãs e participava da gravação do álbum “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana” (2001), que rolava na cidade norte-americana.
Tom foi visitar a banda, Nando o buscou no aeroporto e, conta, ficaram muito amigos. A proximidade fez com que falasse a respeito do desejo de lançar um novo disco solo e, de preferência, gravado em Seattle. “E foi o Tom que viabilizou tudo isso”, lembra o músico, que acabou mesmo gravando “Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro” (2000) por lá, com a produção do próprio Tom em parceria com Jack Andino.
Ouça o disco:
“Infernal” veio em seguida, mais especificamente em 2001, e é, para Nando, o momento que melhor representa sua parceria com o produtor. “Naquela época, eu tinha feito o ‘Arco-Íris’ em Seattle e trouxe músicos de lá para a turnê, que durou três meses e foi linda, mas mal-sucedida”, lembra. “Havia preparado uma puta banda, que foi o cerne dos Infernais, mas pouca gente viu. Então, falei para o Tom que queria registrar aquilo tudo.”
O produtor não só apostou na ideia, como quis que o disco fosse feito em sua casa, ao vivo, com a banda montada na sala. “Pelo fato de estarmos superensaiados, passamoss o som no sábado e, no domingo, gravamos o disco literalmente ao vivo, como se fosse um show”, conta Nando. Só não foi um take só, porque Tom sugeriu que algumas músicas ganhassem detalhes extras. “Minha Gratidão É Uma Pessoa” foi uma delas, e é a mais especial do disco para Nando. “Por causa da guitarra brilhante, genial, que ele acrescentou”, explica.
Ouça o disco:
Segundo o músico, a conversa com Tom era simples, porque ele topava tudo. “Era assim: Vamos arriscar? Vamos. Vamos experiementar? Vamos”, recorda. “A forma como eu fiz os dois discos com ele foi muito do jeito que eu acredito, porque ele sabia que o artista era eu, que a função dele era captar aquilo que eu tinha como ideia, e cuidar para que isso fosse registrado com a mais alta qualidade. Era combinar a qualidade e a espontaneidade, que é uma marca que eu tenho, é o jeito que eu gosto de gravar. Gosto de ensaiar muito e gravar em poucos takes, sendo rápido. Não gosto de ficar horas fazendo takes.”
Das boas lembranças que Nando tem da época em que trabalhou com Tom, estão também os churrascos que rolavam na casa do produtor, ao fim do expediente. “Bicho, era a tão divertido gravar um disco, comer um churrasco e tomar uma cerveja, pois a gente partia do princípio de que o nosso trabalho precisava manter toda a relação prazerosa que a gente tinha, não ser uma coisa sacrificante”, diz, deixando clara a saudade que sente do amigo e produtor.