A música de Allen Ginsberg | Um beat chapado de mantras e folk

09/04/2015

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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09/04/2015

Um gênio? Um louco? É difícil ter certezas sobre Allen Ginsberg, mas uma delas é que, além de escritor, ele era um músico (assim como seu amigo William S. Burroughs).

No último dia 6, Nick Cave, Courtney Love, Devendra Banhart e Macy Gray se juntaram a outros 22 artistas em um grande show em tributo ao poeta beat, organizado pela David Linch Foundation, em Los Angeles. Veja abaixo alguns registros da noite:

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#thisguy was great too but not sure #whothisis either. Help! #music #Ginsberg #acetheater #howl #halwillnerpresents

Um vídeo publicado por TaraDactyl (@tarapaw) em

#courtneylove #ithinkshessober #stillabadass

Um vídeo publicado por @carfire911 em

Não foi por acaso que tanta gente boa se reuniu nesse tributo. Autor de Uivo (1956), um dos principais livros da poesia beat, Ginsberg também esteve muito próximo da cena musical desde os anos 1960 até sua morte. O caldeirão da contracultura norte-americana estava começando a esquentar quando ele e Bob Dylan se conheceram, em 1963, em Nova Iorque. Veja abaixo a dupla visitando o túmulo de Jack Kerouac em 1975 e fazendo um picnic dançante:

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Em meados dos anos 1970, Ginsberg chegou a acompanhar Dylan na turnê Rolling Thunder Revue, tornando-se uma espécie de mascote intelectual-festivo do grupo. Nessa mesma época, o poeta convenceu Dylan a compor e gravar algumas músicas com ele. Dessas sessões, saíram “Vomit Express” e “Jimmy Berman”, músicas compostas pela dupla. Existem registros esparsos deles tocando juntos, inclusive em um dos discos que Allen Ginsberg lançou, First Blues (1982). Esse álbum contém “Vomit Express” e “Jimmy Berman”:

Ginsberg lançou cerca de 20 obras gravadas em áudio, incluindo LPs com declamações de textos, singles e EPs (veja a lista completa). Para ele, a música era uma expressão muito poderosa, tanto pela capacidade de transmitir informações quanto por suas características vibratórias e energéticas. Ginsberg morou 15 meses na Índia e, depois disso, se envolveu muito com a filosofia hindu, apreciando como poucos ocidentais o canto de mantras:

Allen Ginsberg entoando seus mantras

Allen Ginsberg entoando seus mantras

A obra musical do autor é estranha e diversa. O poeta chegou a compor melodias de acompanhamento para os versos de Songs of Innocence e Songs of Experience, ambas obras do genial William Blake.

No disco Wichita Vortex Sutra, que só saiu em 2004, a voz de Ginsberg se uniu às guitarras de Lee Ranaldo e Arto Lindsay e ao piano de Philip Glass. Ouça abaixo:


Em 1981, ele se juntou ao The Clash para interpretar “Capitol Air” em uma apresentação gravada durante a série de shows que fez no Bond’s Casino , em Nova Iorque. E, no penúltimo disco da banda, Combat Rock (1982), o poeta trabalhou com Joe Strummer para escrever a faixa “Ghetto Defendant”.


Em 1995, Ginsberg publicou o poema “The Ballad of the Skeletons” e, em outubro daquele ano, acabou ficando hospedado na casa de Paul McCartney por alguma razão desconhecida. Conversando com o ex-beatle sobre musicalizar esse poema, o poeta disse que estava procurando um guitarrista para fazer isso. Ao que Paul respondeu: “Por que você não tenta comigo?”. Surgiu assim, do nada, uma parceria entre os dois. No ano seguinte, saiu uma versão da música produzida por Lenny Kaye, famoso por sua parceria com Patti Smith.


A faixa com Paul McCartney foi um dos seus últimos projetos. No dia 5 de abril de 1997, Allen Ginsberg morreu aos 70 anos. No dia seguinte, Bob Dylan fez um show em New Brunswick, no Canadá, onde dedicou “Desolation Row” ao seu amigo recém falecido. Segundo Dylan, aquela era a sua música preferida pelo poeta. Então, nada mais justo do que encerrar esse post com ela.

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09/04/2015

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