Durante os dias que antecediam ao MECA Festival 2015, todo mundo anunciou que eu chegaria no fim de semana. E até eu sei que, comigo, as coisas ficam mais complicadas mesmo.
Na manhã do sábado, dia 17, eu já apontava no céu do RS e já despenquei um pouco tanto pela capital quanto pelo litoral, deixando todo mundo meio apreensivo sobre como seria mais um ano de MECA comigo. Mas o que ninguém sabia é que eu estava ali pra refrescar um pouco as coisas e deixar ainda mais divertido essa festa toda.
No fim da tarde eu aparecia em forma de nuvens – muitas, por sinal – acompanhada da umidade (vulgo BAFO) e mormaço, que fazia todo mundo lá embaixo suar bastante. Mas ninguém se importava muito, pois o MECA estava recém começando.
Lá de cima via aquela legião bem vestida, com trajes visivelmente hipsters. Nelas, botinhas de couro preta, coroa de flores, short jeans com camiseta xadrez de flanela amarrada na cintura, uma blusinha mais leve e tatuagens fake douradas e prateadas. Neles, tênis mais reforçados e altos (pq eles sabiam que eu logo logo ia chegar), muita estamparia étnica e floral, camisetas divertidas e bermudas curtinhas.
Comecei a ouvir um som mais alto e percebi que os shows do palco principal tinham começado a acontecer. Um menino novo, chamado Erick Endres, foi o primeiro a se apresentar. Acompanhado do pai, Fred Endres, e do tio, Nando Endres (ambos do Comunidade Nin-Jitsu), fez um som experimental, cheio de riffs de guitarra e bastante atitude. Era o aquecimento dos motores para quem estava curtindo a vibe do festival.
A tarde caia e eu aumentava o número de nuvens presentes em cima da Fazenda Pontal e deixava claro: vou cair e molhar vocês todos. Porém, antes disso, a voz doce e suave de Mahmundi invadiu o espaço. A sonoridade agradável da banda fez mais gente se aproximar do palco para curtir o show. Um som que combinava perfeito com aquele fim de tarde.
Minutos antes da próxima banda – os gaúchos da Wannabe Jalva, já conhecidos do Meca – subirem ao palco, eu fui obrigada a cair. E caí forte, durante uns 30 minutos, ininterruptamente. Molhei a maioria do povo presente, formei poças no meio do gramado e fiz gente se abrigar embaixo de toldos e calhas para não se molhar. Mas o melhor de tudo: refresquei e dei um “up” na galera que já cansava um pouco devido ao calor extremo.
E cai na hora certa! A Wannabe Jalva começou seu show e animou o público. No início da faixa “Melt”, um dos integrantes deixa a dica “agora é a hora pra vocês se beijarem”. Além disso, a banda tocou diversas músicas novas que estão presentes no último EP e algumas que estarão no álbum que está por vir. Uma sonoridade moderna, com sintetizadores encaixados em agradáveis melodias, fizeram do show da Jalva um ótimo espetáculo para aquela noite que tava apenas chegando na metade.
O tempo ia passando, as nuvens iam se dispersando e eu começava a evaporar do gramado da fazenda, alegrando o público que dançava, entre o intervalo de um show e de outro, nos clubinhos espalhados pelo local.
A banda Boogarins (que substituiu o Years & Years) deu um tom de tropicália para o MECA. Aquele rock com ares e elementos brasileiros, com letras leves e divertidas, foi aquecendo ainda mais os motores do pessoal presente. Entre músicas novas e a ótima (e mais conhecida pelo público), “Doce”, os goianos encerram com chave de ouro a participação dos brasileiros no palco principal.
O céu já ia apresentando algumas estrelas, ainda tímidas, quando o rock do Citizens! começava a ecoar pelo festival. Segunda vez no palco do MECA, os ingleses vieram mais empolgados, simpáticos e com músicas novas. A última “Lighten Up” foi cantada por uma grande parte da platéia. Mas foi a famosa “True Romance” que foi entoada em coro e encerrou o show dos caras.
Uma curiosidade: um novo clipe do Citizens! foi gravado durante a passagem deles pelo Meca, com direção de Rogério Souza e Henrique Sauer.
Eu [chuva] já tinha me despedido e agora só evaporava e voltava a formar aquela sensação de bafo do início do festival quando Aluna Francis trazia o som do AlunaGeorge pela primeira vez em palcos gaúchos (e brasileiros).
Sem George Reid – que normalmente não sai muito em turnês com sua dupla – Aluna foi cantando, ao vivo e em alto e bom tom, hit após hit do indiepop animado do duo. Já na segunda música a recém-lançada “Supernatural”, que vai estar presente no segundo álbum do duo, que será lançado ainda esse ano.
A explosiva “White Noise”, parceria do Dislcosure com AlunaGeorge, foi o ponto alto do show, fazendo todo mundo pular e cantar junto. Aluna se sentia bem à vontade e animada durante a performance. Foi um show “redondinho”, do início ao fim.
Já com o céu estrelado e comigo só de canto do olho, a última atração subia ao palco. Acompanhada de uma banda toda de branco, com uma iluminação misteriosa e muita fumaça, Elly Jackson e sua trupe La Roux começa o espetáculo mais esperado do festival.
Em um revezamento entre músicas do seu primeiro álbum, o homônimo La Roux (2009), e o último trabalho, o tropical Trouble in Paradise (2014), Elly fez a alegria de todo mundo. Porém em certos momentos era difícil enxergar seu rosto. Além disso, o fato das músicas apresentadas estarem muito parecidas com as versões de estúdio, causaram suspeita de playback. Mas um playback eficiente e que não desagradou muita gente.
A noite se encerrava com o maior hit da banda, “Bulletproof”, música do primeiro álbum e que já tocou (e ainda toca) muito pelas baladas mundo afora.
Pouco depois das 2h da manhã, com a grama (e a alma de alguns) encharcada por mim, acabava mais um Meca. Todo mundo satisfeito, com aquela sensação de “festival cumprido”.