Quem se deu bem no Grammy Latino (ou o que é a música brasileira pra eles)

21/11/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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21/11/2014

Ontem aconteceu em Las Vegas a 15ª cerimônia de entrega do Grammy Latino, a versão cucaracha dessa aclamada premiação dos Estados Unidos. Não houve maiores surpresas entre os premiados, até porque, historicamente, o Grammy está muito próximo aos interesses da indústria fonográfica. Segundo declarou o vocalista do grupo de folk indie irlândes The Frames, Glen Hansard, a premiação representa algo fora do mundo real da música, “completamente baseado na indústria” – e ele disse isso quando sua banda foi indicada a duas categorias em 2008. Já em 1996, quando o Pearl Jam ganhou o prêmio de Melhor Performance de Hard Rock, Eddie Vedder subiu ao palco e falou com todas as letras: “Eu não sei o que isso significa. Eu não acho que signifique nada”.

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Mas apesar disso, é claro que significa alguma coisa. A premiação acaba sendo, no mínimo, um retrato do que está mais em evidência em termos comerciais, e isso já é interessante. Observando quem foram os ganhadores do Grammy Latino de ontem, vemos que há uma tendência a prestigiar a música de consumo massivo: o maior premiado foi o cantor Enrique Iglesias, que levou os prêmios de Música do Ano, Melhor Performance Urbana e Melhor Música Urbana por causa de “Bailando”, uma faixa que soa como uma mistura de sertanejo universitário com melodias e ritmos latinos. Empatados em segundo lugar entre os mais premiados ficaram Carlos Vives, um cantor pop romântico bem brega, Calle 13 e Jorge Drexler, esses últimos pelo menos possuem uma obra bem interessante.

Agora, de música brasileira, o Grammy Latino deixou a desejar. Quem trouxe o prêmio pro Brasil foi a Ivete Sangalo (Melhor Álbum Pop Contemporâneo por Multishow Ao Vivo – Ivete Sangalo 20 Anos), o Erasmo Carlos (Melhor Álbum de Rock Brasileiro por Gigante Gentil), a Marisa Monte (Melhor Disco de Música Popular Brasileira por Verdade, Uma Ilusão), o Falamansa (Melhor Disco de Música de Raízes Brasileiras, por Amigo Velho), a Maria Rita (Melhor Disco de Samba/Pagode, por Coração A Batucar), a Aline Barros (Melhor Disco Cristão em Português, por Graça), o Sérgio Reis (Melhor Disco de Música Sertaneja, por Questão De Tempo), e o Caetano Veloso (Melhor Música Brasileira, por “A Bossa Nova É Foda”).

Ok, legal o Caetano ter sido premiado mais uma vez, e com certeza todos os vencedores têm seu mérito, mas eles são artistas mega consagrados que não representam o que há de novo na música brasileira. Os únicos novos nomes relevantes que foram indicados, não foram premiados: Jeneci concorreu a Melhor Disco de MPB, mas perdeu pra Marisa Monte; e o projeto gráfico do disco Antes que tu conte outra, lançamento do NOIZE Record Club, cuja arte foi feita pelo Diretor de Criação da NOIZE, Rafael Rocha, estava cotado pra categoria de Melhor Projeto Gráfico, mas o prêmio foi para o disco Wed 21, da cantora argentina Juana Molina.

Ou seja, para o Grammy Latino, o que há de melhor na MPB hoje é a Marisa Monte (não o Jeneci ou o Tom Zé), o melhor do rock brasileiro está sendo feito pelo Tremendão (não pelo Boogarins ou Apanhador Só); o melhor da música de raiz brasileira é o Falamansa (e não o som afro do Bixiga 70). Considerando tudo isso, talvez o melhor mesmo seja dar razão pro Eddie Vedder.

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21/11/2014

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