Um novo Cage the Elephant

04/04/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

04/04/2014

Foram dois anos de silêncio e muita meditação.

O tempo que o Cage the Elephant passou separado, logo após a turnê de “Thank You Happy Birthday”, serviu para que a banda repensasse a seu direcionamento musical. “Melophobia”, que chegou às lojas no segundo semestre do ano passado, é a prova de que o grupo, da pacata Bowling Green, cidade de 50 mil habitantes do Kentucky, mudou.

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A “pureza” dos registros anteriores foi deixada um pouco de lado, para que o quinteto, liderado pelo vocalista Matt Schultz, pudesse extrapolar toda a sua agressividade em forma de acordes e melodias. E assim o Cage the Elephant ficou mais barulhento, mais indie e imprevisível. Há quem tenha torcido o nariz para o novo trabalho da banda. Mas há quem diga que o quarteto só assumiu a dianteira daquilo que chamamos de originalidade.

Às vésperas de desembarcar no Brasil para subir mais uma vez ao palco do Lollapalooza – o Cage deve fazer um shows mais incríveis da tarde de sábado –, nós conversamos com o frontman mais frenético do rock’n’roll que conhecemos (e mais admiramos) nos dias de hoje. Schutz atendeu a nossa ligação e não mediu palavras para falar sobre a sua relação com o nosso país, com o ex-guitarrista Lincoln Parish e sobre o que há por trás de “Melophobia”:

“Melophobia” é um disco com referências musicais muito particulares. Quais foram as principais mudanças que ocorreram na banda, desde que saiu o primeiro disco de vocês, em 2008?

As principais mudanças… Eu acho que no primeiro álbum nós queríamos criar uma coisa que era pura, sem fressuras. Vindos de uma cidade pequena, nós não tínhamos acesso a tudo que podemos chamar de música. Na nossa cidade, tinha apenas uma estação de pop e uma estação de rock clássico no rádio. O que acreditávamos era que a única coisa pura que existia era o rock básicos. Mas quando nós começamos a viajar, descobrimos novas possibilidades e começamos a experimentar. Eu acho que agora [o nosso som] é menos baseado em padrões e mais capaz de se comunicar por si só.

Antes da banda se reunir para gravar “Melophobia”, vocês passaram algum tempo separados. Nesse tempo, o que mudou em você mesmo?

Uma coisa que aconteceu comigo foi que… Eu fiquei fora da estrada pela primeira vez, depois de quase cinco anos sem férias. Eu comprei meu primeiro apartamento, o que é engraçado, porque eu nunca tive um lugar só meu para morar. E eu acho que fiquei um pouco obsessivo por decorá-lo. Foram interessantes as descobertas que eu fiz com isso.

Você se sente mais livre nas suas composições depois de ter escrito “Melophobia”?

Certamente. “Melophobia” é um das nossas primeiras experimentações criativas nessa longa jornada de descobertas. A criatividade é uma das melhores formas de se comunicar. Infelizmente, toda vez que você coloca sua música dentro de um estilo musical, você limita a sua criatividade. É como se você criasse uma série de composições apenas para projetar uma imagem sua. Não entendo porque tem tanto compositor que quer ser chamado de intelectual, poeta ou gênio… É meio que a música sendo usada para atender algum tipo de status social.

Qual foi a música que você sentiu mais dificuldade em ser transparente nessa nova empreitada?

Eu acho que uma das músicas mais difíceis foi “Telescope”. Nela, eu falo sobre a pessoa que eu me tornei no meu apartamento próprio, obsessiva e compulsiva por decoração. Foi um som que eu escrevi quando ninguém estava por perto. Eu ficava no sofá, olhando pra parede, e eu fazia isso em todos os cômodos, porque tinha tempo livre, né? Eu me vi no meio de um monte de coisas inexpressivas e achei que seria interessante escrever sobre pessoas se vendo de fora daquela situação.

Você acha que “Melophobia” é um álbum visual?

Sim, eu espero que sim. Para mim, com certeza é. No passado, nós pegávamos referências sonoras de cidade em cidade e ficávamos tipo ‘ow, essa parte da guitarra é linda, isso realmente soaria bem se nós tivéssemos George Harrison tocando com a gente’. Mas em vez de ficarmos só pensando, como no passado, nós procuramos em “Melophobia” um som que capturasse isso e que fizesse você sentir alguma coisa, enxergar alguma coisa, e criasse um estado de espírito. É por isso que o disco é muito visual.

Vocês recentemente lançaram “Baby Blue”. Vai chegar mais inéditas?

Eu acho que, provavelmente, vamos lançar mais algumas demos e lados B. Mas isso só vai acontecer quando não estivermos mais na estrada. Eu estou querendo começar um novo disco logo.

O guitarrista Lincoln Parish deixou a banda no final do ano passado. Isso foi inesperado pra vocês?

Não, porque ele decidiu sair da banda depois de pensar bastante. A gente sabia de tudo. Para mim, foi compreensível. Ele gosta de ficar em casa, ter uma rotina. Depois que nós voltamos da primeira parte da turnê desse último disco, acho que ele ficou cansado de estar na estrada. Tenho certeza que isso era uma coisa que ele não queria fazer para sempre.

Faz dois anos desde sua última apresentação no Brasil. Você sente falta de alguma coisa daqui?

Com certeza! A última vez que estivemos aí foi muito revigorante, porque estávamos num país que tem uma cultura onde a música é muito forte e as pessoas são genuinamente apaixonadas e sedentas por ela. Foi muito surpreendente a energia e o entusiasmo do público quando subimos no palco. Eu sou muito sortudo de ter presenciado aquilo e quero ter essa experiência novamente no sábado.

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04/04/2014

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