Entrevista | Alec Ounsworth e os 10 anos do Clap Your Hands Say Yeah

26/08/2015

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Divulgação

26/08/2015

Em 2005, o Clap Your Hands Say Yeah lançou disco de estreia homônimo, que vendeu centenas de milhares de cópias e foi um dos marcos da cena indie que bombava na época. Uma década se passoi e, hoje, o CYHSY é praticamente um projeto do Alec Ounsworth, vocalista, guitarrista e principal compositor desde o início da banda.

Todos os membros da formação original foram se desligando do grupo ao longo dos anos, exceto ele. Depois do aclamado álbum de estreia, vieram outros três trabalhos, o último deles, Only Run, saiu no ano passado. A banda está vindo ao Brasil pela segunda vez para tocar na próxima edição do Popload Gig, que acontece no dia 29 de agosto, em São Paulo.

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Conversamos com Alec sobre os 10 anos do Clap Your Hands Say Yeah, a saída de todos seus colegas de banda, e o seu quinto disco (que já está sendo feito). Veja abaixo:

Como você vê essa década que se passou?
Vejo que começou há dez anos… (Risos) Eu não sei, foi como foi. Fizemos nossos discos, seguimos em frente. Me sinto muito sortudo por isso, mas também venho trabalhando mais do que nunca. Um passo de cada vez. Na verdade, eu não penso muito sobre isso, só tento fazer o melhores discos possíveis.

Mas como a vivência com a banda mudou sua vida?
Eu sou bem diferente do que eu era. É o que as pessoas me dizem, apesar de eu não sentir tanto isso. Eu ainda tenho as mesmas perspectivas sobre a música, sobre o mercado da música, nossos discos ainda são lançados de forma independente. Eu ainda faço o máximo de coisas que consigo fazer por conta própria. A diferença é que eu me movimento mais hoje. Passo muito mais tempo fora de casa agora do que quando a banda começou.

E quanto à sua perspectiva perante a indústria da música, o CYHSY virou um símbolo da música indie quando surgiu. As coisas hoje estão muito mais fáceis do que há dez anos ou não?
Sim, a tecnologia ajudou demais. Com a internet, você mesmo pode lançar seu disco e ainda encontrar novas pessoas que vão gostar dele sem precisar contratar uma empresa de relações públicas que vai forçar as pessoas a gostarem de você. Você pode simplesmente deixar a coisa acontecer. Categoricamente, eu acho que as gravadoras são piores para alguns do que para outros, mas pode ser melhor trabalhar com elas do que sem elas.

Ouvindo seu primeiro disco e o Only Run (2014), quase parece que são de bandas diferentes. Seu último disco tem algo mais obscuro… Como foi a sua gravação?
Faz um tempinho já. Eu gravei a maior parte dele em casa com o [produtor] Dave Fridmann, que já tinha feito nosso segundo álbum, Some Loud Thunder (2007). Pra mim, não teve nada dramaticamente diferente nesse disco. O primeiro disco foi o que foi; o segundo foi diferente dele; o terceiro, diferente dos outros… Eles sempre saem diferentes um do outro. Eu não sinto necessidade de qualificar o disco como mais obscuro ou mais luminoso… É só música. Mas eu entendo o que você quer dizer com “obscuro”. No CYHSY, o objetivo sempre teve a ver com o nome da banda [algo como “bata palmas e diga ‘yeah'”, em português], sugerindo um certo otimismo mesmo nos momentos em que as coisas estejam obscuras. Eu gosto do último disco e, se as pessoas sentirem algo obscuro nele, bem, isso é com elas. A ideia de que a música é escura, clara, feliz, é algo que cabe mais ao observador do que ao criador.

Como você se sentiu com a saída de Sean Greenhalgh, Robbie Guertin, Lee Sargent e Tyler Sargent da banda?
Eu senti que era a hora certa. Eu sempre disse isso. Vamos encarar os fatos: [tocar em uma banda] não é a coisa mais fácil de se fazer. Mesmo quando os tempos são bons e parece que as coisas estão indo bem, não é a coisa mais fácil de se fazer. Pra mim [a saída deles] foi algo que teve que acontecer. Não foi algo que eu senti tanto porque eu já tinha antecipado isso. Mas eu não fico sondando a vida de ninguém.

Por que eles saíram?
Bem, eu acho que isso não é pra qualquer um. Eu não posso falar por eles, mas é que fazer isso dez anos atrás é diferente de fazer cinco anos atrás. Sean saiu do grupo uns três anos atrás, eu acho… Mas ele já estava meio vacilante uns quatro anos antes disso. E ver a venda de discos eventualmente desaparecer e ter a obrigação de sair em turnês – o que eu gosto muito e vejo como algo que precisa acontecer – pode ser difícil para pessoas que querem ter mais tempo para suas vidas. Fazendo shows na maior parte do ano fica difícil ter uma vida em casa. Em outras palavras, isso não é pra qualquer um.

E você tem planos de chamar outros músicos pra substituir eles nas composições da banda?
Sempre trabalhei por mim mesmo nas composições. Às vezes, [os outros músicos] vinham com ideias e aí nós sentíamos o que elas poderiam virar. Mas eu já comecei a trabalhar em um novo disco e eu sempre gostei de trabalhar com outras pessoas. Então, penso nisso sim, mas vou ver como as coisas vão acontecer.

Você tem ideia de quando o novo disco será lançado?
Sim. Em setembro, eu vou decidir que tipo de disco vou querer fazer; em outubro, estarei voltando da turnê; em novembro, vou tentar gravar ele. Eu imagino que ele será lançado em algum momento do início do ano que vem, talvez em abril ou maio.

As músicas já estão prontas?
Sim, eu sempre tenho músicas. Quase todas as músicas do segundo disco do Clap Your Hands já estavam prontas desde antes do primeiro disco. Prontas mesmo, com letras, melodias, acordes, tudo. Em geral, eu remexo nas coisas do passado e faço um disco.

E você já sabe se a sonoridade dele será semelhante a do Only Run? Com essa pegada dos anos 80… Ou o nome que ele terá?
Ainda não sei como ele vai soar… Bem que eu queria saber! Acredite. É pra definir isso que eu vou tirar o mês de setembro. O nome sempre surge no fim. Sei lá, Number Five, a gente podia chamar de Number Five (risos).

As mudanças na formação da banda mudaram seus shows?
Sim. Se você for ver, quando uma orquestra toca uma música ela não fica igual à apresentação de outra orquestra, ela muda. E mudanças não são sempre ruins, muitas vezes são pra melhor.

E você está animado pelo show no Brasil?
Claro! Eu estive em São Paulo há um ano atrás e foi incrível. Eu vi um jogo do Corinthians em São Paulo! (Risos) Foi inacreditável. Eu estou feliz porque, da última vez que viemos, não era um show só nosso, então havia pessoas que estavam lá para nos ver e outras que não. Estou bem ansioso para tocar pra pessoas que vão estar lá só por nós.

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26/08/2015

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Ariel Fagundes

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