Influências múltiplas de Davi Moraes

19/01/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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19/01/2014

Foto: Pedro Lenz Piegas

O multi-instrumentista Davi Moraes conseguiu se desvincular do rótulo de “filho de gente famosa” ao construir o seu próprio caminho no mundo da música. Com uma identidade própria e uma bagagem que conta com diversos shows realizados no exterior e em todas as edições do o Rock in Rio, Davi cresceu sob a influência do pai, Moraes Moreira, mas usou o Novos Baianos para ir além.

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Com tantas referências e trabalhos diferentes, Davi é considerado hoje um compositor eclético. “Papo Macaco”, o seu primeiro disco, e “Orixá Mutante”, de 2004, atestam a diversidade de inspirações de quem já se uniu a ícones da nossa MPB, como Marisa Monte, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Encontramos o guitarrista antes do seu show no festival Macondo Circus, realizado em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em dezembro passado. Ele falou um pouco sobre a sua vida corrida, as suas parcerias em cima do palco e sobre o instrumento elaborado para ele, especialmente para o Rock in Rio 2013.

O que motivou, em 2002, você seguir em carreira solo?

Eu já tinha vontade de fazer um disco solo, fui amadurecendo essa ideia e aí chegou um momento que eu tinha descoberto uma personalidade minha, meu jeito de tocar e fui começando a compor. Esse processo de compor é muito de praticar: quanto mais vai fazendo, mais vai melhorando. No começo, a gente acha que tudo está parecido com alguma coisa que já existe, depois vai praticando, juntando os parceiros. Fiz meu primeiro show solo em Salvador e depois no Rio de Janeiro em um festival. Depois fui contratado pela Universal para fazer dois discos e foi muito bom, pois eu podia chamar qualquer músico para tocar comigo.

Como você conheceu os músicos que estão na sua banda? Vocês moram em lugares diferentes e possuem projetos paralelos.

A banda que está aqui comigo hoje são meus amigos de muitos anos. O Cesinha, por exemplo, a gente toca junto desde 1994. O guitarrista Fernando Caneca eu conheci no mesmo ano, fazendo a turnê da Marisa Monte, ficamos cinco anos com ela tocando pelo Brasil. A gente viaja para tocar com o intuito de se divertir, um encontro de amizade e música. São parceiros de tantos carnavais, de tantas jornadas.

Você já viajou pelo mundo tocando. Qual é o contraste mais marcante entre os públicos, por exemplo, de Amsterdã e de Paris n em comparação ao Brasil?

Tocar fora do Brasil é legal quando a gente percebe o interesse do pessoal local. Eu tive a oportunidade de fazer um show em Amsterdã, eu misturei instrumental com voz, botei chorinho, frevo e maracatu. É muito bom quando a gente vai até lá e observa que eles têm uma curiosidade. Perguntam se tem disco para comprar, às vezes a gente chega lá e o pessoal sabe todos os discos que a gente tocou. No Japão, para onde eu já fui três vezes, já vi isso pessoalmente.

Como foi a transição do cavaco para a guitarra? Qual é o seu instrumento favorito?

O cavaquinho foi meu primeiro instrumento, até pelo tamanho. A música me interessou desde cedo. Meu pai percebeu isso e falou que o cavaquinho é melhor que o violão, por ser pequeno, para fazer aquela pestana difícil de fazer. Então, o cavaquinho foi muito amigo nesse sentido. Ele foi importante para mim, para começar a praticar o chorinho. A rítmica do samba e do chorinho, a digitação das melodias me ajudou muito quando fui para a guitarra. Eu já tinha uma base de música brasileira, de ritmo na guitarra, de como tocar o samba, de como tocar o choro e fui desenvolvendo outros ritmos. Aliás, eu acho que já existe um ritmo brasileiro de tocar guitarra, e não é somente aquela coisa do rock.

Eu vi que estavam divulgando a produção de uma guitarra sua.

A ideia veio quando a gente foi tocar nesse último Rock in Rio. Tive a coincidência, a sorte e o privilégio de tocar em todas as edições, desde 1985. O primeiro, quando eu tinha 12 anos, eu toquei “Brasileirinho” com o meu pai. Eu estou invicto ainda, não fiquei de fora em nenhum. Então, o Rock in Rio tem uma coisa especial na minha história. Quando a gente fechou a participação para tocar nesse último, eu conheci o Ivan que é um construtor de guitarra, um cara que nasceu com esse dom. Eu fui conhecer a fábrica dele, o pessoal cortando e lixando todos os tipos de madeira.

Eu sou um aficionado por guitarras, sou um colecionador, tenho quase trinta em casa e é um vício. Isso foi muito legal porque as pessoas veem a guitarra e não sabem a dificuldade que é pegar um toco de madeira e transformá-lo, os processos. Só de lembrar eu fico arrepiado, fiquei bem emocionado. Essa guitarra foi a primeira de várias que pretendo fazer.

O que você tem escutado no momento?

Bastante coisa. Tem uma banda chamada Fino Coletivo, são meus amigos, o Alvinho Lancelotti é meu parceiro, gravei com eles o disco novo. Gosto muito do trabalho, tem uma mistura muito boa de samba com música nordestina, me identifico muito com a mistura. E tem um disco que foi um estouro mundial que é o do Daft Punk, que me deixou muito feliz porque é muito pop e muito bom, me lembrou bastante o “Thriller”, do Michael Jackson. O Nile Rodgers é um dos guitarristas mais importantes do mundo. Eu tive a oportunidade de tocar com ele no disco do Carlinhos Brown que foi gravado uma parte em Nova York, eu toquei baixo em uma música que ele tocou guitarra. E esse cara fez esse disco do Daft Punk com guitarra tipo Jorge Ben. Eu fiquei muito feliz quando esse disco estourou, eu escuto muito e sou muito influenciado por ele.

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19/01/2014

Revista NOIZE

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