O Mombojó ontem, hoje e sempre

10/06/2014

The specified slider id does not exist.

Powered by WP Bannerize

Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

10/06/2014

Não é de hoje que o Mombojó vem chamando atenção. O grupo de Recife surgiu provando que a música contemporânea de lá vai além do manguebeat, ainda que esteja completamente conectada com esse movimento. Ao longo de uma década, vários integrantes se desligaram da banda, houve o caso trágico do Rafael Barbosa que faleceu de vítima de um enfarto aos 24 anos, porém a banda foi capaz de superar tudo e sair fortalecida. Seu novo álbum, Alexandre (2014), é a prova disso. Cheio de convidados especiais, ele é um dos pontos altos da banda. Batemos um papo com Chiquinho, o tecladista e sampler do Mombojó, sobre a fase atual do grupo. Leia abaixo:

 Dez anos depois de Nadadenovo (2004), vocês ainda são uma banda pós-mangue? Faz sentido usar essa classificação?

*

Eu acho que sim! A gente surgiu nessa época, bebeu muito dessa fonte. Estamos abertos pro que a gente recebe do mundo, mas sem tirar o pé do nosso chão. Hoje metade da banda mora em São Paulo e a outra mora em Recife, mas a nossa essência não deixa de ser pernambucana, não tem como.

Como São Paulo mudou o som da banda?

Acabamos nos adequando a sempre gravar em mais de um lugar. Gravamos em São Paulo e quando estamos em Recife fazemos alguma coisa lá. São Paulo trouxe muito essa globalização. Nas letras também… Uma música que fala muito bem disso é “Me Encantei Por Rosário”, tem uns pedaços que falam de uma manifestação por direitos urbanos, conversa um pouco com a história do Ocupe Estelita, é político, mas muito sutil. Isso deixa claro como a cabeça da gente ainda funciona de um modo muito pernambucano. Ainda bem!

 

 

A banda mudou muito com o tempo. Como a saída dos integrantes mudou o som de vocês?

No começo, tinha mais violão, cavaquinho, escaleta, flauta. Dá pra sintetizar que a parte acústica do Mombojó hoje em dia existe muito pouco. Hoje, o foco está muito mais na bateria, teclado e guitarra. Nada nos impede de convidarmos alguém pra gravar outra coisa, mas acho que a gente tá muito mais adepto aos samples. O som do Mombojó, com o tempo, perdeu a pegada acústica e suave que tinha mais no início.

Como foi a composição desse novo disco?

Esse disco não demorou muito pra ser composto. Lembro de uma semana em que a gente fez três ou quatro músicas. Foi muito rápido porque a gente se permitiu fazer umas músicas mais curtas, mais instrumentais, fazer vinhetas… Foi um disco bem prático, não ficamos naquela coisa de ficar lapidando, lambendo as faixas. A gente tem vontade de fazer discos mais conceituais, mais doidões, mas sem perder a veia pop que sempre tivemos. Mas sem pretensões, sem uma teoria por trás. Muito espelhados no Stereolab. Eles são mais doidões ainda, a gente não consegue ser tanto.

E como surgiram as parcerias desse disco, como a da Lætitia Sadier do Stereolab?

O China tá com a gente desde o primeiro disco, todos os discos têm pelo menos uma parceria com ele. A Céu já tinha feito uma participação no nosso segundo disco, é uma das amizades que a gente fez em São Paulo. O Dengue, da Nação Zumbi, dispensa apresentações: todos nossos discos tem alguma coisa da Nação Zumbi envolvida, o Jorge Du Peixe fez a capa do Homem Espuma, no 11º Aniversário eles gravaram uma música nossa… A Lætitia Sadier conhecemos há uns dois anos em São Paulo, entregamos um disco pra ela, e supreendentemente ela nos mandou uma mensagem dizendo que tinha gostado muito, sabia que a gente tava começando um disco novo e adoraria participar. Aí casou como uma luva. O Sterolab foi a banda que mais nos influenciou desde o início.

A faixa de abertura de Alexandre, “Rebuliço”, começa quase como uma trilha pra Copa, tem aquele clima alegre de uma propaganda da Coca-Cola. Vocês pensaram em alguma coisa assim mesmo?

Esse pedaço da música surgiu depois, na verdade. Fizemos a música e pensamos que podia ter uma introdução que não entregasse o que era a música. Aí viajamos num clima bem carnaval… Mas essa coisa da Copa foi muito coincidência. Até porque a gente fez a música quando tava tudo alegre ainda, o Brasil ainda tava meio abestalhado com a Copa. Só que agora que o disco saiu, parece que a música traduz muito o que a gente tá notando dos brasileiros. É essa festa toda, mas não tem só alegria não. Tem muita coisa conflituosa. Sem querer querendo, acabou quase se criando um discurso apesar de inicialmente não ser a intenção. Tem tudo a ver! Mas muito sem querer. A gente mantém esse espírito de que a Copa é muito doida e a gente não tá deixando passar batido o que tá acontecendo no país. A gente faz coro ao protesto do povo. De certa forma, vai aí a nossa contribuição.

 

Tags:, , , , , , , , ,

10/06/2014

Revista NOIZE

Revista NOIZE