Ainda somos mutantes

19/11/2013

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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19/11/2013

Com quase cinquenta anos de história, Os Mutantes ainda continuam em busca de novos desafios. Em uma entrevista exclusiva realizada durante o festival Amazonas Rock, Sergio Dias, o guitarrista e “cabeça” da banda, falou sobre a atual fase da banda, que pode ser resumida pelo recém-lançado “Fool Metal Jack”, a sua relação com a cantora Rita Lee e sobre as trips de ácido que ele e os seus companheiros de banda encararam na década de 70.

Os melhores momentos da nossa conversa o “ainda Mutante” Sérgio Dias você acompanha aqui:

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Desde que voltaram, Os Mutantes lançaram dois discos. O som da banda se atualizou com novas referências?

Sim. O primeiro disco, que foi o “Haih or Amortecedor”, eu compus muito, quase a metade do material, com o Tom Zé. Isso foi uma coisa muito forte, porque a gente não se encontrava desde os anos 60. A resultante desse encontro foi esse disco. E agora, nesse segundo, chamado “Fool Metal Jack”, a gente apresentou para o selo, mas ele queria que a gente soasse diferente da nossa proposta. Nós não iríamos fazer isso, então ‘good bye’. O resultado do álbum, muito bom até agora, mostra que nós estávamos certos.

Por que vocês conseguiram gravar material novo só depois que o Arnaldo saiu?

O Arnaldo ficou muito pouco tempo com a gente, na realidade. Não deu nem tempo de a gente começar, ele ficou um ano só. Ele não aguentou as tours, que são muito pesadas. Lá fora então, nossa senhora! Aqui é fácil.

Como o público brasileiro vê Os Mutantes sem a sua formação original e que deu ao grupo a importância histórica que ele tem?

A gente toca e as pessoas ficam tão felizes. É tanta gente realizada que eu não acho que Os Mutantes tem a ver com a sua formação, tem a ver com uma ideia. Isso já ficou claro, por exemplo, quando colocamos a Zélia para cantar e todo mundo dizia “que é isso? Não tem nada a ver com a Rita”. O que não tem nada a ver é a pessoa que está atrás. Se amanhã eu resolver sair d’os Mutantes e passar a tocha para outra pessoa, isso não vai mudar nada. É uma coisa tão forte, tão poderosa, tão acima de nós, que a gente, basicamente, só serve a ela.

Ao que vocês atribuem o sucesso dos Mutantes lá fora mais do que no Brasil?

Os Mutantes nunca foi uma banda de vender discos, mas a gente sempre teve um público enorme. Uma coisa impressionante é que, quando a gente voltou, o primeiro show nosso tinha quase 100 mil pessoas, no Museu do Ipiranga. Isso sem ter banda, nem nada. Na Virada Cultural, quando a gente tocou depois da saída da Zélia, tinha 80 mil pessoas. Isso é um negócio que nos deixa humildes. Eu baixo a cabeça e digo “muito obrigado”. E tem sido assim, em qualquer lugar que a gente vai. Essa é a razão de eu continuar fazendo o que estou fazendo. É o mínimo que eu posso fazer para agradecer gerações e gerações de fãs.

Qual a relação dos Mutantes com a Rita Lee?

Com a Rita, nenhuma. Infelizmente. Eu fico muito triste, mas eu e a Rita escolhemos caminhos completamente diferentes. Ela trilhou outro tipo de ideia musical, mas sempre que ela precisou de mim eu estive lá, e sempre vou estar lá. Ela é minha irmã. Eu adoro ela.

Ela teria espaço nos Mutantes se quisesse voltar para a banda amanhã?

A primeira coisa que fiz antes de voltar foi ligar para ela. Mas ela me disse “não, virei avó agora, não quero”. Depois, falou também algumas bobagens que não devia (risos). Mas é assim que acontece, entendeu? Dentro dessa história toda, eu acho que eu sou o maior sobrevivente. Toda aquela trip de ácido foi uma coisa muito pesada nos anos 70, e eu acho que afetou demais o Arnaldo e a Rita. Ficou muito difícil de nos relacionar. E deles se relacionaram com as ideias d’Os Mutantes. A banda sempre foi um fantasma na vida da Rita. Ela queria ser a Rita Lee, mas não conseguia não ser a Rita Lee d’Os Mutantes. Ela sempre brigava com essa relação.

Quando “Fool Metal Jack” terá um disco físico no Brasil? Vai ter algumas faixas exclusivas na versão brasileira, como teve no álbum anterior?

A gente está cuidando disso agora. Ele deve sair em dezembro, no formato de CD que saiu nos Estados Unidos. Mas aqui nós vamos lançar junto com um DVD, que vai ser um presente de natal para a galera toda.

Você comenta muito sobre a parceria que fez com o Tom Zé. Como foi essa ligação tão forte que vocês tiveram?

Foi maravilhosa. Foi impressionante. Uma coisa muito forte. Quando eu conheci ele, eu tocava só, não cantava. No disco, quem fez a música foi ele, quem fez a letra fui eu. Uma troca de papeis total. Foi uma coisa muita boa, que eu aprendi pra burro. Mestre Tom Zé.

(Foto: Christian Braga)

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19/11/2013

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