Se quando você era pequeno ouvia canções de ninar para dormir, Erick Endres só caía no sono com Jimi Hendrix. Desde o início, Erick escutou grandes nomes da música internacional e brasileira. Quem colocava os discos de vinil pra tocar era seu pai, Fredi Endres, o guitarrista da banda Comunidade Nin-Jitsu.
Erick foi crescendo e aos poucos começou a buscar suas próprias referências. Com algumas músicas autorais prontas, ele se reuniu com a amiga Bela Leindecker e juntos formaram a Dis Moi, banda que mistura o rock de Jimi Hendrix à The Racounters com uma pitada de pop. O grupo só nesse ano participou dos festivais Meca e Lollapalooza.
Hoje, com 16 anos, Erick lança seu primeiro disco solo. Bem diferente do som da Dis Moi, as músicas do álbum homônimo não tem nada de pop. O primeiro registro do trabalho solo de Erick é o resultado de muita experimentação nos sons que a guitarra e os efeitos eletrônicos podem alcançar. Assim como seus ídolos, Erick não tem o compromisso de fazer o riff “certo”, mas o que mais lhe agrade e que sirva pra aquela música. Ele vai no “feeling” mesmo. Todas as músicas do disco homônimo foram gravadas por Erick, com exceção de “The Stork” que tem Pedro Petracco na bateria.
Clique aqui se você quiser baixar o álbum completo de Erick Endres no iTunes. Mas não ouça com o pré conceito de que são músicas feitas por um menino de 16 anos, porque você vai se surpreender. Fomos até a casa de Erick e, como ele nos contou, são 16 anos ouvindo grandes músicos e aprendendo muito com o pai. A entrevista completa com ele você confere logo abaixo.
Você lembra com quantos anos começou a tocar?
O primeiro instrumento que eu aprendi a tocar foi guitarra. Eu não sei dizer quantos anos eu tinha… Eu aprendi em casa, nunca tive professor. Muita coisa eu aprendi sozinho, mas a base de tudo foi meu pai.
Quais as primeiras referências que você lembra que teu pai te mostrou?
Esses tempos a gente encontrou uma fita-cassete que ele colocava pra eu dormir, que tinha Jimi Hendrix, Parliament Funkadelic, Nina Simone, Billie Holiday, Tim Maia… E eu dormia ouvindo isso. E depois, quando eu era maior um pouco, eu ia pra casa dele e ele tinha um DVD do Red Hot e eu amava aquele DVD. Eu não pedia pra ele colocar o DVD do Tarzan, sabe? (risos) Eu amava o show “Off the Map”, que é depois do “Californication”, quando o [John] Frusciante voltou.
E tem alguma banda que você apresentou pra ele?
Uma banda que eu sou tri fã é o The Racounters, do Jack White, que ele não sacava muito e eu fiz ele ouvir mais. Ele super adora agora.
Quais são as diferenças de compôr para a banda Dis Moi e para sua carreira solo?
Na verdade, é tudo diferente. Tem coisas que eu componho e eu penso “Isso aqui tem que ser tocado por uma banda”, e tem coisas que eu componho e já gravo em casa mesmo. Eu crio uma linha de guitarra e aí eu coloco um pedal na guitarra pra simular um baixo, porque eu não tenho um baixo em casa, gravo o baixo, faço a bateria eletrônica ali no computador, gravo o sintetizador… Eu nunca parei e disse “Eu vou gravar um disco em casa”. Há bastante tempo eu venho gravando músicas e eu boto no Soundcloud. Gravando em casa eu consegui chegar num nível bom, razoável. Porque hoje em dia tu consegue montar um estúdio em casa. Aí eu escolhi dez músicas e fui pro estúdio mixar.
Você gosta de brincar com efeitos de guitarra quando vai gravar as músicas?
Eu não microfono amplificador. Pelo menos nesse disco, é tudo amplificador virtual. Então tu tem muito mais possibilidades de efeitos do que analogicamente, sabe. Eu tenho bastante pedais, gosto de usar pedal em show. Mas no computador eu viajo muito mais, tenho mais possibilidades. Eu fico fissurado ali na frente tentando achar a frequência perfeita.
De todas as músicas que você compôs, como fez para escolher as que entrariam no disco?
Eu peguei as que tavam melhorzinhas, mais ajeitadinhas. Ele [o disco] até tem um conceito meio “início, meio e fim”. A última música é até o “The End”, que na verdade é uma continuação na penúltima. Até daria pra associar uma música à outra, mas não foi proposital.
O que nunca vai sair da sua play-list?
Uma coisa que eu não paro de escutar nunca é Jimi Hendrix e John Frusciante. Tem bandas que eu nunca vou parar de escutar: Jimi Hendrix, John Frusciante, Red Hot, Black Sabbath e Parliament Funkadelic.
O que você gosta na música das duas grandes inspirações suas: Jimi Hendrix e John Frusciante?
Essa coisa do “feeling”! Nas músicas do Frusciante eu gosto muito do jeito que ele passa a emoção. E do Hendrix também e mais ainda, porque é uma genialidade que nunca tinha acontecido! Isso não pode ter sido feito em 68, sabe? O “Axis: Bold as Love”, pra mim, é a coisa mais absurda do mundo!
Qual é a história desse mini amplificador?
Eu morei na França um tempo, e uma vez eu fui pra Barcelona aí eu sentei no meio do Parque Güell e fiquei tocando com a guitarra e com isso aqui, e o case da guitarra aberto. Ganhei 10 euros: a passagem de ida e a passagem de volta. Fiquei tocando Hendrix e essas coisas assim. Acho que eu tinha 10 ou 11 anos. Era do meu pai isso aqui. Estragou, infelizmente. Eu fiquei muito bravo. Eu sairia pela rua com certeza tocando com ele (risos).
Você está ainda no colégio. Pensa em cursar uma faculdade de música?
Pior é que eu nunca pensei “Ba, vou fazer vestibular pra quê?”
Se você pudesse viver só fazendo música…
Tá ótimo!
(Fotos: Paula Moizes)