Guri Assis Brasil, conhecido também como o guitarrista do Pública, vai lançar o seu primeiro disco solo em setembro. O álbum, que vai se chamar “Quando Calou-se a Multidão”, teve o seu lançamento viabilizado depois que o músico participou de um projeto de crowdfunding, que arrecadou o dinheiro para a finalização a prensagem do registro.
E só nós já havíamos falado com o Guri depois do lançamento do primeiro single do álbum, chegou a hora de um novo bate-papo, dessa vez sobre o que virá pela frente.
A gente acompanhou o crowdfunding do seu disco solo desde o início. Como foi fazer isso?
Cara, eu até procurei um selo para lançar esse disco. Mas como eu toco com tanta gente e até mesmo com o Pública, achei que não seria legal fazer esse disco por uma gravadora. Foi aí que eu resolvi fazer o crowdfunding. Eu acho que, hoje em dia, essa é a maneira mais honesta que se tem para financiar um trabalho, seja ele qual for. E isso dá uma ansiedade que você não pode imaginar. É algo totalmente incerto, é como se eu tivesse jogando no escuro, entende? Muitas pessoas e muitos amigos estavam comprando um disco sem saber o que vai vir por aí. E teve um agravante nisso tudo, que foi os protestos que aconteceram no Brasil. Isso de uma atrasada no processo, tivemos zero apoiadores durante uma semana. E isso me deixou ansioso demais, foi complicado demais. Mas no final deu tudo certo.
Você precisava juntar 19 mil reais para viabilizar o lançamento de “Quando Calou-se a Multidão”, mas acabou arrecadando mais de 21 mil. O que vai dar para fazer com esse dinheiro a mais?
Muitas pessoas acham que esse dinheiro vem líquido para mim, mas não vem. O site fica com 13% de cada item que é vendido. Além disso, eu tenho que prensar os discos, eu tenho que mandar fazer as camisetas que eram uma das recompensas, tenho gasto com correio, gasto com envelope. Vai acabar sobrando bem menos do que 19 mil disso tudo. Mas eu vou conseguir fazer tudo o que eu tinha planejado e, se sobrar algum dinheiro, eu vou adiantar algum pagamento do disco, algum incentivo para um clipe. Mas eu acho que vai ser tudo bem justinho mesmo, prensagem, finalização e um empurrão na assessoria de imprensa.
O single “Todos Meus Amigos Vão me Ouvir Cantar” foi lançado no começo de junho. De que forma você dimensiona a importância dessa música para a concretização do crowdfunding?
Eu acredito que ela deu uma boa de uma ajuda. Como eu disse, as pessoas só tinham ouvido eu tocar guitarra, não sabiam o que estava por vir. E eu escolhi essa música como single exatamente pelo mote da letra, até porque ela difere um pouco do restante do disco. Muita gente compartilhou a música e ela acabou dando uma confiança nas pessoas: “é um bom trabalho, saca?”. Acho que isso que elas pensaram depois de ouvi-la. Acho que quem não tinha certeza se ia apoiar, depois da música mudou de ideia.
“Todos Meus Amigos Vão me Ouvir Cantar” conta com a participação da OBMJ e você já falou no seu Facebook sobre a contribuição do Pélico em uma das outras músicas. Há mais gente que trabalhou com você nesse álbum e a gente ainda não sabe?
Tem mais gente sim. Tem o Guizado, que participou de uma música comigo, mas que não gravou o disco. Ele fez o refrão. Tem o Eduardo Praça, vocalista do Quadro Negro, que canta uma música e fez a letra comigo. O Carlinhos do Bidê ou Baldê a mesma coisa. Enfim, tem vários músicos, uma galera que eu juntei para tocar comigo.
E depois de lançar esse single, o que virá pela frente, antes do disco ficar pronto? Outro single ou, de repente, um clipe?
Eu estou planejando finalizar toda a arte do disco até agosto. E depois eu quero gravar um clipe, que não vai ser dessa música que eu já lancei. Vai ser para a faixa “Azul” e eu pretendo começar isso no final desse mês ou no início do próximo. E depois de rodar o clipe, eu quero estar com ele pronto até setembro. Acho que mais ou menos nessa época eu vou colocar o disco para download e, provavelmente, eu começo a enviar para todas as pessoas que compraram.
Entre as recompensas do projeto, estavam a gravação de uma versão de uma canção à escolha do fã e a gravação de uma música no seu estúdio. Como você vai fazer isso? Já chegaram os primeiros pedidos?
Eu tenho que gravar uma música do Black Sabbath, “War Pigs”. Fora ela, eu já fiz uma do My Blood Valentine e uma que a minha mãe que comprou. E como dizia lá no Catarse, depois a pessoa poderá fazer o que quiser com ela. Se ele quiser colocar no Youtube, gravar um clipe, ela vai poder fazer. Se ela quiser ficar só para ela, ela fica. Quando a pessoa comprava ela já falava comigo, perguntava se rolava. Nesse final de semana, veio uma banda do Rio de Janeiro para cá, que comprou duas músicas. Eu fechei um preço com eles e eles vieram gravar. Já está tudo pronto e em setembro deve vir uma outra banda de São Paulo. Essas recompensas mais caras foram que, no fim das contas, viabilizaram o projeto. É bem provável que eu não disponibilize essas músicas, mas não sei. Isso vai depender das pessoas.