Leandro Joaquim em seu 1º disco solo

30/07/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

30/07/2014

Bom mesmo é ir ao Rio de Janeiro e conhecer Leandro Joaquim. O visitante só corre o risco de pagar excesso de bagagem musical na volta. O cara é amigo de todo mundo, toca com todo mundo, sabe tudo o que rola na cidade… E nem carioca ele é.

Leandro Joaquim nasceu em Ribeirão Preto (SP), e foi lá que sonhou tornar-se percussionista da banda da escola. Só que o instrumento que caiu em suas mãos foi o trompete. Culpa dos meninos mais velhos. “Quando consegui entrar pra banda, era o primeiro da fila. Abriram a sala dos instrumentos e disseram: Vai, pode pegar! E foi um empurra-empurra. Resumindo: um monte de marmanjos de sexta, sétima e oitava séries pegando todos os instrumentos na minha frente e eu, o da quinta, fiquei sem nada, só com meu metro e meio de desvantagem. Todos em forma com seus intrumentos de percussão, e eu de fora”, lembra. “Então, veio a pergunta: Quem quer tocar trompete? Estava tão frustrado, que levantei a mão por instinto. Um silêncio ecoou, e só o baixinho magrinho da quinta série havia levantado a mão. Aquele silêncio soava na minha cabeça num mix de ‘xi, esse não consegue’ com ‘o que você foi fazer, Leandro, seu burro’.”

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Que sorte a nossa, pois Leandro Joaquim se apegou ao instrumento renegado pelos outros e passou a estudá-lo. “Já morando em Salvador (BA), vieram as primeiras produções, que eram feitas no quarto, com uma Tascam de fita cassete e 4 canais muito clássica, e o trompete me levou pro mundo”, vibra. “Em 2003, Pelourinho, aquilo tudo, muita música, muita liberdade de expressão, muito suingue e várias amizades, gravei meu primeiro disco, ‘Afrojazz’, com o percussionista Anderson Sousa e o saxofonista Marcio B.A. Era um trio de música experimental, o Solista Que Base.”

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Em 2004, Leandro Joaquim trocou a Bahia pelo Rio, onde passou a trabalhar com o Cidade Negra e, posteriormente, com nomes como João Donato, Hyldon, Carlos Dafé, Gerson King Combo, Banda Conexão Japeri, Marcos Vale, Paula Morelembaun, Lucas Santtana, Maurício Baia e Elba Ramalho, mas ele não se contentou em acompanhá-los. Queria criar. “Paralelamente a essa intensa atividade como trompetista side man nas gigs destes artistas consagrados, cultivei o lado jam session, no qual é possível improvisar, compor, viver o clima de igualdade e encontro pela música, e não pela grana, abusando da liberdade, coisa difícil como side man numa gig mainstream.” Assim, nasceram os projetos autorais, como Sobrado 112, Paraphernalia Brasil e Bandeira 2, que também não o impediram de tocar em bandas como Brasov e Abayomy Afrobeat Orquestra.

Dez anos, muitas gigs e jam sessions depois, ele lança seu primeiro disco solo, “Sobre as Cores e O Nosso Tempo”, que navega deliciosamente por gêneros como rock, jazz, funk, reggae e bossa nova. Produzido por Ricardo Dias Gomes, o álbum traz 9 faixas. Entre elas, estão:

“Em Suma, Na Real, De Fato”, pra qual chamou os amigos do Sobrado 112;

“Faça Algo Por Você”, que tem a participação de BNegão https://www.facebook.com/bnegaoficial?fref=ts;

“Dona do Castelo”, uma composição de Jards Macalé e Wally Salomão.

Ouça o disco na íntegra:

O lançamento de “Sobre as Cores e O Nosso Tempo” rola no dia 23 de agosto, no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio.

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O trabalho solo, no entanto, não afastou Leandro Joaquim de seus outros projetos. Ele ainda integra a Abayomy Afrobeat Orquestra, que reúne 13 músicos tocando afrobeat autoral, já tem um disco gravado e produzido por Andre Abujamra e se prepara pro lançamento do segundo, sob a produção de Pupilo (Nação Zumbi). A banda, que nasceu pra homenagear Fela Kuti, chegou a gravar o single “Meus Filhos, Meu Tesouro”, de Jorge Benjor, com Tony Allen, baterista da banda do músico nigeriano e seu parceiro na criação do afrobeat, que foi lançado em vinil na França.

Ele também dá sequência ao trabalho com o Monte Alegre Hot Jazz Band, “uma street brass band” que roda os principais festivais do gênero no país, tocando jazz tradicional, e o Paraphernalia Brasil, “um septeto instrumental black exploitation, groove, muito groove, com grandes caras da cena carioca sempre presentes nos shows e nas canjas”. Como se não bastasse, assina a direção musical do mestre Jards Macalé – juntos, eles estão prestes a lançar o DVD gravado ao vivo em Porto Alegre, que contou com as participações de Luiz Melodia,Thais Gulim e Zeca Baleiro – e é professor de trompete da Oficina de Sopros da Orquestra Voadora, que tem 35 trompetistas, 20 trombonistas e 25 saxofonistas e 4 tubas.

Sim, Leandro Joaquim é um dos maiores agitadores da cena musical carioca que, segundo ele, vive um momento de remodelagem. “A realidade atual é de muita criação, efervescência, novas ideias e projetos sendo concebidos. Há muitos lançamentos e produções independentes, porém, muito poucos espaços de pequeno e médio porte pra abrigar e fornecer a estrutura pra esses artistas tocarem”, avalia. “Em compensação, tenho visto diversos coletivos artísticos que se organizam em locais públicos, trazendo arte alternativa pra rua e, principalmente, pra outras partes da cidade além da Zona Sul.”

Uma segunda apresentação de seu trabalho solo, aliás, já está agendada justamente num desses eventos alternativos. Será no dia 13 de setembro, dentro da programação da 17ª edição do Perto do Leão Etíope do Méier, que reúne coletivos de música, gastronomia, moda e política. Imperdível.

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30/07/2014

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