Entrevista | Milkee chega chegando com o clipe de “Sinto”

07/11/2016

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Rafael Kent/Divulgação

07/11/2016

No cenário do hip hop, o jogo parece estar virando a favor das mulheres. Aline Leite é o nome verdadeiro de Milkee, uma nova artista paulistana que está se lançando com a produção de Pedro Dash, notório por seu trabalho com músicos como Projota e MC Guimê.

Hoje, ela lançou o seu primeiro clipe, “Sinto”, que foi filmado em São Paulo e dirigido por outro mestre, Rafael Kent. “Saímos andando e procurando locações legais, com luzes bonitas, pegamos neons de vitrines de lojas. É incrível o que o Kent consegue fazer com um cantinho e uma luz”, explica Milkee na entrevista exclusiva que você lê abaixo, logo após assistir ao clipe dela.

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Como a Milkee se apresenta? Se você fosse resumir, quem é a Milkee?
Estou descobrindo ainda quem é a Milkee. Se eu tivesse uma resposta pronta pra te dar acho que seria sem graça. Isso porque o projeto é muito novo ainda, e dentro dele encontramos várias partes minhas, do Pedro, do Kent, e de todas as influências que adquirimos. Então estamos constantemente organizando essas idéias para traduzir no produto final. A Milkee ainda está nascendo.

Quando você decidiu que se dedicaria profissionalmente à música? Como tem se desenvolvido seu trabalho desde então?
Planejo esse projeto há 6 anos, mas na época era um sonho distante. Eu fazia sons em casa, mas não conseguia viabilizar porque é muito caro. Acho que esse é o maior desafio dos artistas, ter que bancar o próprio projeto. Até que conheci os meninos há um ano e meio, unimos forças, e decidi me dedicar 100%. Largo tudo que estiver fazendo se precisar me encontrar com eles de última hora. No início foi um pouco complicado porque eles estavam com muitos trabalhos na frente, então precisávamos ficar arrumando encaixes. Eu ficava super ansiosa porque, por mim, acamparíamos no estúdio por uma semana e sairíamos de lá com um disco inteiro, rs. Mas no final esse tempo foi bom para amadurecermos as idéias, e fui criando músicas mais legais também. Hoje estamos super alinhados.

Por enquanto, saíram duas músicas: “Sinto” e “Volta Pra Casa”. Como elas foram compostas? As letras são suas e os beats são do Pedro Dash? Como surgiu essa parceria entre vocês?
A “Sinto” eu escrevi a letra e entreguei pro Pedro com melodia pronta, ele fez o beat em cima e deu uma pincelada na melodia. A “Volta Pra Casa’ foi o oposto, ele fez o beat, me chamou no estúdio e escrevemos a letra juntos. O Dash e eu funcionamos muito bem criando juntos, acabou que começamos até a fazer músicas pra outros artistas. A gente compõe de todos os jeitos.. Eu escrevo só uma letra ou letra com melodia e mando pra ele fazer o beat, ou ele entrega um beat já estruturado, ou a gente senta no estúdio e começamos a criar do zero. É bem divertido.

Você fez seu show de estreia no festival Vaca Amarela há pouco tempo. Como foi?
Isso, foi pura adrenalina. Eu estava bem animada e com um pouco de medo por se tratar de um show de meia hora em um festival do tamanho do Vaca. Para primeiro show, é muita responsabilidade. Queria que tudo desse certo! E acho que deu. Saí de lá bem feliz por essa conquista. Foi uma sensação muito foda, poder olhar no olho de cada um assistindo, ver as pessoas se divertindo, algumas dançando…Tinha 3 meninas que sabiam cantar minhas músicas, aquilo me deu a sensação de estar no lugar que eu deveria estar, fazendo o que nasci pra fazer. Meu projeto é muito novo, eu nunca pensei que no primeiro show já teria umas meninas sabendo a letra inteira.

E você que está chegando, como avalia a cena do hip hop atual em relação ao espaço que há para as mulheres?
Como em tudo no mundo, ainda estamos conquistando nosso lugar. Precisamos lutar para termos os mesmos direitos, para recebermos os mesmos cachês, para não sermos passadas pra trás, para não sofrermos preconceito ou abuso. Obviamente existe muito mais homem fazendo rap, hip hop. Mas boto fé que esse número ainda vai se igualar. As minas são fortes, batalhadoras, perseverantes! Eu pretendo fazer minha parte, assim como muitas outras! Esse cenário já vem mudando nos últimos anos, e só vai melhorar.

No ano passado, Pedro Dash chegou a comentar em entrevista que o seu trabalho seria direcionado ao mercado dos Estados Unidos. Essa ideia se mantém? Em que estágio está esse processo?
A idéia era essa sim. Eu comecei a escrever músicas quando morei em NY, em 2011, e elas eram todas em inglês. Quando conheci o Pedro e o Kent, eu não tinha músicas em português. Nossa língua é linda e sempre admirei quem escreve bem aqui, pois é muito difícil. As possibilidades são menores, e é muito mais fácil cair no brega. Acho que no fundo eu tinha receio de me arriscar no português. Até que um dia, trocando idéia com o Dash, ele sugeriu que a gente tentasse em português primeiro porque teríamos mais espaço, e então eu não saí da cadeira até que terminasse uma música boa. A “Sinto” surgiu assim. Temos um EP em inglês mixado já, estamos vendo ainda o que fazemos com ele.

Após as duas faixas lançadas, vem um EP por aí? Um disco? Alguma previsão de novos lançamentos?
A gente ia lançar um EP, mas decidimos que vamos pra mais um single. O próximo é pesado, bem diferente dos dois primeiros, estou bastante ansiosa pra colocar esse na rua, depois do clipe ele já vem. Acho que, por enquanto, vamos ficar lançando singles, assim conseguimos publicar material novo quase sempre. Mas quero sim fazer um disco um dia.

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07/11/2016

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