Ratos de Porão: 30 anos de punk

09/10/2013

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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09/10/2013

O Ratos de Porão é referência nacional e internacional do seu estilo. Mas como uma banda de punk hardcore conseguiu ficar unida e na ativa por mais de 30 anos?

Ano que vem, eles celebram três décadas do primeiro disco: “Crucificados Pelo Sistema”. Em 2011, o Ratos realizou um show no Hangar 110, em São Paulo, reunindo integrantes e ex-integrantes da banda que tocaram músicas de suas respectivas fases no Ratos, para comemorar os 30 anos que eles completaram em 2010. Mês passado, eles relançaram o vinil de “Brasil”, disco de 1989, com três faixas bônus em inglês.

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Boka, João Gordo, Jão e Juninho tem muito o que comemorar. O Ratos de Porão é sinônimo de punk brasileiro e faz parte da história do estilo no país. A banda é referência para qualquer grupo de punk que procura ganhar espaço na cena musical. Por isso, conversamos com o guitarrista Jão para conhecer mais sobre a história do Ratos e o que um dos representantes do punk nacional pensa sobre a música pop e os protestos que aconteceram entre junho e julho no Brasil.

Como vocês fazem pra estar há mais de 30 anos juntos e na ativa?

Cara, a gente viajou mais junto um com o outro do que com as nossas famílias, por exemplo. Acima de tudo, o nosso forte é o nome Ratos de Porão que une, né meu, apesar das diferenças. Como em todo lugar né, as pessoas são diferentes. O importante é que a gente consegue relevar uma pá de coisas. A gente também consegue encarar as dificuldades com um certo bom humor, até um humor negro eu diria (risos). Cara, acho que se não fosse por aí, o Ratos não existiria esse tempo todo. Lógico que assim, uma coisa que é importante pro Ratos existir são os fãs da banda. A gente sabe que nós temos fãs pelo mundo inteiro. Não é uma coisa popular que leva multidões, mas tem um público fiel.

A formação do Ratos de Porão mudou muito durante esses anos, principalmente na parte do baixo. Agora vocês estão com o Juninho. Você acha que essa é a formação mais estável da banda?

Pô, assim, baixista sempre foi um lance que mudou muito no Ratos, né meu. Quer dizer, primeiro teve o Jabá, que era o baixista original, o cara ficou lá uns doze anos. Depois que ele saiu, aí ficou meio mudando a cada quatro anos de baixista, saca? Bom, depois entrou o Juninho. O Juninho é de 2003, então o cara já tá há 10 anos também, né. Então eu acho que essa formação é a mais estável. Ela pode não ser a que mais lançou disco e tal, até porque as épocas são outras, mas é a formação mais estável. Pelo fato da gente estar há 10 anos todo mundo ali, quer dizer, 10 anos com o Juninho, né, porque eu, o Boka e o Gordo a gente tocou a vida inteira juntos, acho que vai criando uma afinidade musical grande.

A música do Ratos tem tudo a ver com os protestos no Brasil entre os meses de junho e julho. Vocês se envolveram de alguma forma nas manifestações?

Da gente, o único que tava nos protestos, no quebra quebra era o Juninho, sacou? Mas pô, da nossa parte cara, eu apoio totalmente, porque eu acho que assim: a gente é um país de merda, tá tudo errado aqui e eu acho que ficar muito cordeirinho não é bom e isso acaba decretando realmente o fim de qualquer possibilidade de mudança. Protesto é sempre válido. Sem contar que muita gente é embebida pelo padrão de mídia, Rede Globo, Revista Veja, que chama de baderneiros. Baderneiros são esses políticos, baderneiros são esses pastores evangélicos que fica tomando dinheiro das pessoas. E o bom é quando o protesto não vem de sindicato. Acho que é mais válido até, porque sabe como é, os sindicatos também tem aquele rabo preso com partidos políticos, aquela história. Eu sempre fui avesso à essa política que tá aí de capitalismozinho de merda de terceiro mundo. Então pô, do Ratos, a gente protesta com a nossa música, com as nossas atitudes, com a nossa oportunidade de falar na mídia, de meter a boca.

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O que vocês acham da música pop?

Esse tipo de gente que vai no estúdio e se aproveita de tudo o que tem de coisa digital que possa melhorar o talento que ele não tem, quando chega ao vivo, ou o cara vai fazer o show dele ou vai por um playback lá pra tocar. Eu acho uma merda. A música pop em geral é um saco, né meu. Já teve música pop de qualidade, mas acho que hoje em dia, todo o pop que tem aí, tanto brasileiro quanto gringo, tem muita coisa chata, meu.

O punk é um estilo pra ser ouvido muito mais em um show do que em casa?

Acho que sim, né meu. Tem aquele lance do show punk hardcore da adrenalina. Particularmente, eu acho a parte mais legal de tocar é você tá ao vivo no palco tocando, pra um monte gente ou pra pouca gente, mas que esteja empolgado. O show do Ratos, pra quem curte o tipo de som, tem que ver, porque é porradão, dá pra fazer umas rodas monstros, porradaria, no bom sentido.

O primeiro disco do Ratos de Porão completa 30 anos em 2014. Vocês estão preparando algum lançamento comemorativo ou alguma coisa nova?

Cara, a gente tá pra gravar um disco novo agora no mês de outubro, começo de novembro. Tem um DVD também do Ratos, que é um show que a gente fez no Hangar, que a gente chamou todo mundo que tocou com a gente, passamos pelas diversas formações. Isso aí tá pra ser lançado em DVD, “Ratos de Porão 30 anos”. Isso aí é o que a gente tem pra lançar em breve. Tá tendo também muitos relançamentos de discos do Ratos que estavam fora de catálogo. Então tem um saindo em vinil e outro saindo em CD. O “Crucificados Pelo Sistema”, que é o nosso primeiro LP, vai fazer 30 anos, então a gente pensa em fazer algum lance comemorativo também, porque foi um marco pra gente e pro punk nacional.

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09/10/2013

Revista NOIZE

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