Tulipa e Jeneci | “Dia a dia, lado a lado”

16/03/2016

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Clemente Gauer

16/03/2016

Seis anos atrás, Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci eram nomes novos que despontavam como promessas da música independente brasileira. Hoje, não restam dúvidas de que a promessa se cumpriu. Tulipa comemora seu primeiro Grammy Latino (de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro, por Dancê), já Jeneci está preparando o primeiro DVD da sua carreira e também seu terceiro disco, que será de forró em parceria com Dorgival Dantas (previsto para sair no meio de 2016).

É interessante pensar que nada disso estaria acontecendo se não fosse pelas vivências que ambos tiveram lá no início de suas carreiras. Foi naquele momento, se inserindo na selva do cenário musical de São Paulo, que os dois artistas se conheceram, viraram amigos, e escreveram (junto com Gustavo Ruiz) uma música chamada “Dia a dia, lado a lado”.

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Por meio dos laços imponderáveis da vida, essa música acabou se tornando um grande sucesso – mesmo sem nunca ter saído em nenhum disco. Para ter uma ideia, um vídeo com o registro ao vivo dela, publicado em 2011, já soma mais de 2 milhões de visualizações no YouTube.

Só no final de 2015, é que “Dia a dia, lado a lado” foi lançada oficialmente. E saiu em grande estilo: além do streaming exclusivo do Spotify, a faixa foi lançada com um clipe sensível como a relação de amizade criativa que brotou entre Tulipa e Jeneci seis anos atrás.

Quem nos contou sobre o nascimento dessa música foi a própria Tulipa Ruiz e o Jeneci. Leia abaixo o papo que tivemos com eles no final de 2015, mas, antes, assista ao clipe para entrar no clima.

Essa música está conectada ao momento em que vocês se conheceram, como foi esse momento?
Jeneci: Olha, no fundo acho que a gente se aproxima com quem tem a ver com a gente. Eu me sinto apaixonado pela Tulipa desde o momento em que a conheci, que foi através do irmão dela, o Gustavo, que inclusive é parceiro nessa música. Isso foi no momento em que nós dois estávamos, cada um na sua vida individual, coletando o máximo de liberdade possível pra criar seu primeiro trabalho e lançar o primeiro disco. Como isso aconteceu para nós dois no mesmo ano, foi natural que a gente se encontrasse em São Paulo, querendo fazer shows. Naturalmente, a gente acabou, por morar na mesma cidade, convivendo um pouquinho e, através da afinidade, gerando tudo isso que foi gerado, inclusive essa música. Nosso encontro aconteceu através da cena musical da cidade, cada um de nós estava levando seu show pra rua, com vontade de mostrar, com uma energia de ultra exposição que fez com que a gnte se conectasse, acho.
Tulipa: Essa música é de 2009, e naquele ano, a gente dividiu uma temporada numa casa de shows onde eu fazia show numa segunda e o Jeneci fazia na outra. Na última segunda dessa temporada, fizemos um show juntos. Então a gente fez “Dia a dia, lado a lado” pra celebrar nossa temporada juntos. Combinamos um encontro na casa do Jeneci, eu e o Gustavo, com um vinho, pra ver se a gente fazia alguma coisa comemorando essa temporada com nossos primeiros shows. Então essa é uma música que nasceu exatamente no nosso parto, nesse primeiro momento, antes do Feito pra acabar e antes do Efêmera. A gente tem muito carinho por ela por conta disso, por ela ser uma música feita num momento tão importante pra gente, um momento de nascimento mesmo.

É como se “Dia a dia, lado a lado” fosse uma Polaroid daquele momento de nascimento de vocês enquanto artistas.
Tulipa: Exatamente, é como se fosse uma Polaroid daquele momento. E a foto oficial do passaporte a gente tirou agora (Risos).
Jeneci: Você tá certo em dizer “Polaroid” porque foi uma coisa que revelou um olhar dos dois.

E vocês não tinham como saber que esse momento acabaria dando tantos frutos, né?
Jeneci: É, acho que nunca tem. Quando é algo puro, legítimo, não tem como. Porque quando é calculado, tem como a indústria fonográfica fazer com que algo tenha status ou não.

Mas por que levou tanto tempo para vocês lançarem “Dia a dia, lado a lado”?
Tulipa: É que é como se ela fosse um brinde! A gente fez uma festa juntos pra inaugurar o nosso trabalho, e essa música foi o nosso brinde. Depois que a gente brindou, entramos numa correria! Primeiro disco, segundo disco, turnês, nos tornamos grandes enquanto equipe… 40 mil coisas aconteceram nesses seis anos. E a música resistiu à força da estrada, até aos outros conteúdos que pintaram depois dela. Mas foi fundamental para nós fazermos essa gravação de agora em respeito à própria música. A gente devia isso pra música.
Jeneci: As coisas que duram no tempo, claramente são as que não são tão manipuladas, vão mais pelas conexões sensoriais. Cada um foi com o seu trabalho, eu fazendo o Feito pra acabar, ela fazendo o Efêmera… E é lindo saber que esses títulos se combinam tanto quanto essa música! Naturalmente, quando se faz um disco, se fala: “tá, essa vai ser a música de trabalho”. Se calcula algo como: “ah, essa tem uma chance de poder de magnetismo maior que outras”, e tal. Mas, no final das contas, o sonho do compositor é que sua música seja acolhida pelo coração alheio, sabe? Que ela seja relevante e popular ao mesmo tempo. Que ela passe a ser do outro, não mais da gente. E “Dia a dia, lado a lado” nunca foi uma música que a gente considerou uma arma pra construção de carreira, mas o fato de ela ter, além de sobrevivido, criado essa atenção que criou, é tão lindo. Porque é uma força da natureza. Com muita sinceridade, conseguimos confeccionar algo que vem de um lugar muito puro. É bonito ver isso sobrevivendo.

Com certeza. E, agora que vocês lançaram o clipe, vem uma turnê juntos por aí?
Tulipa: A gente tem 40 mil coisas paralelas, mas janeiro é um mês que a gente se deu de presente pra essa turnê. A estreia é 15 de janeiro no Teatro Castro Alves, em Salvador, depois a gente vai pro Rio (16/1, no Circo Voador) e São Paulo (23, 24 e 25/1, no Sesc Pompeia).

Confira abaixo versões anteriores de “Dia a dia, lado a lado”:



A dupla ainda tem alguns shows marcados pelo Brasil: dia 31 de março em Porto Alegre (RS), 9 de abril em São José dos Campos (SP) e dia 29 de abril em Jundiaí.

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16/03/2016

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Ariel Fagundes

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