Exclusivo | Entre no estúdio da Musa Híbrida e veja o making of do novo disco

18/07/2018

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Eduarda Gaeta/Divulgação

18/07/2018

Parece que foi ontem que você ouviu sobre Musa Híbrida – tenha sido indicação de um amigo, do seu amor, buscando no google ou pelas mãos dos algoritmos dos streamings. Mas o trio – formado por Camila Cuqui, Alércio Pereira e Vini Albernaz – já roda na estrada desde 2012 levando na carona os registros Musa Híbrida (2012), Verde Fosco Roxo Cinza (2014) e Respirei o Poema Cuspi (2016).

Agora, a banda encaminha seu novo álbum com nome revelado: Piscinas Vazias Iluminadas em Pé, que também atende pelo carinhoso apelido PVIP. O trabalho tem previsão de lançamento já no próximo mês, ainda sem dia confirmado. Realizado com apoio do Natura Musical, o trio está produzindo o trabalho com parceria entre os selos Escápula Records e PWR Records e abre as portas do estúdio para fazer você dar uma espiada no processo criado da Musa. A filmagem é assinada por Eduarda Gaeta e edição de Bruna Fortes (MAGA).

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Confira abaixo com exclusividade.

Piscinas Vazias Iluminadas em Pé é reflexo da experiência na estrada – desde a intensa agenda de shows, a convivência dentro de um veículo, até as sensações da passagem de tempo e cenários companheiros como as nuvens refletidas no retrovisor. Na sequência, confira as quatro perguntas que fizemos para a trio e a produtora Caroline Rocha sobre o novo disco, mudanças no som e próximos passos.

O novo disco tem sido gestado há quanto tempo? Como tem sido o processo de produção do álbum?

Vini – Acho que o disco começou a nascer a partir de agosto de 2017, que a nossa vida na estrada se intensificou bastante. Desde então, surgiram canções feitas durante a tour, ideias, referências e muitos áudios gravados em rodovias e diversas partes do Brasil (numa dessas viagens que surgiu o nome PVIP). Em novembro do mesmo ano, a gente lançou dois singles que já indicavam esse caminho de pensar a estrada, estar longe e se deslocar de carro de um estado a outro fazendo shows. Antes de acabar o ano, gravamos todas as canções que Cuqui e Apj tinham no momento, foram mais de 20, e a partir daí começamos a pensar elas dentro de um disco. Algumas a gente tinha certeza de que estariam dentro, outras ganharam espaço no decorrer do processo. Começou 2018 e, já no início, saímos pra nossa maior viagem, quase 50 dias andando de carro por todo o litoral até o nordeste e sudeste fazendo um mundaréu de shows. A ideia era gravar o que desse durante essa viagem. Primeiro em Vitória, na deliciosa Casa Verde, pegamos o primeiro som pra tentar alguma coisa num formato power trio, baixo, guitarra e beat feito na mão. A próxima vez que paramos pra gravar coisas foi em Recife, cinco dias no estúdio gravando outras músicas de modo bem espontâneo, como foi feito em Vitória. Logo a gente já tinha um número legal de faixas com arranjos e o PVIP começou a existir de verdade. A ideia era que essas gravações fossem uma pré-produção pra a gente começar tudo valendo quando chegássemos no sul, mas a verdade é que muita coisa ficou. Algumas músicas caíram, muitas outras entraram e, em uns dois meses após a tour, já tínhamos todas as músicas produzidas e arranjadas. Foi o nosso trabalho mais rápido até agora, acho que isso se deve ao desafio de termos começado na estrada, com poucas horas por dia para desenvolver uma ideia, construir e executar aquilo. Claro que depois teve muita edição e modificação, colagens, participações muito especiais e todo o colorido de se criar em casa que sempre foi o nosso maior barato, mas PVIP pra mim é a pira de fazer som em qualquer lugar do brasil e uma possibilidade da banda de construir música como um power trio de verdade, nós três tocando ao mesmo tempo partilhando a mesma viagem.

Assista abaixo ao scan clip de “meu km”:

Como a passagem de tempo afetou vocês e a sonoridade do grupo?

Alércio – É bem louco pensar que a gente começou esse projeto lá em 2012. O primeiro disco saiu em dezembro, mas desde março ou abril daquele ano a gente já discutia sobre o repertório, de como a gente gostaria que aquele projeto que ainda nem tinha nome soasse. Teve muita quebra de cabeça, bateção de cabeça, naqueles primeiros meses que antecederam o início público da Musa. O que foi discussão teórica por muito tempo, depois bastante de prática dentro de casa, dentro do estúdio, com o passar dos anos virou discussão teórica na estrada, exercício prático nos shows. Esse percurso (que exige deslocamento) de fazer show acabou afetando a maneira como a gente soava, ao longo dos discos, numa pós-gravação. A gente já ia rearranjando as músicas de acordo com a maneira que a gente queria soar em cada momento, com os recursos de instrumentos que a gente tinha, etc. Daí da pira desse disco já ser essa pós, agora na pré. A gente começou a fazer ele tocando junto, quase pensando num ao vivo (sempre sabendo que nos desprenderíamos disso). Aquele papo meio óbvio, meio clichê, mas que é real, o transcorrer do tempo ajuda na maturação das coisas. No primeiro disco a gente levou meses pra conceber o que seria o som, cada música mudava diversas vezes. Nesse o processo foi rápido, direto. Mas, na real, dá pra dizer também que a gente levou seis anos pra fazer esse disco e de fato parece tudo muito recente.

Existe algum conceito que une as canções de Piscinas Vazias iluminadas em Pé? Sobre o que esse disco vai falar?

Cuqui – Uma piscina vazia iluminada em pé passa correndo no horizonte pela janela do carro durante a tortour. Nela, a luz forte faz um flare passando pelos vidros (o vidro do carro, o vidro do meu óculos, essas lentes em que eu foco), que permite que o verde-piscina ainda seja visto à distância: o vazio que vende o cheio. O Alércio costuma achar que quase tudo é nome de disco ou de banda, mas quando eu soltei essas cinco palavras foi unânime: bom nome. Antes, lá no primeiro disco, o Alércio também me disse que as canções ficam no ar. E aí a gente respira elas? Faz sentido em várias maneiras porque com 100% de umidade no ar, aqui em Pelotas, respirar e nadar são muito próximos. A música pra nós é o entorno, o autobiográfico abstrato, o contorno em 0.05 do desenho do caderninho que eu carrego comigo, clipes, grampos, tônicos. As nuvens que são a capa do disco foram inspiradas nesse desenho. Como a música é entregue ao público faz parte desse disco, ele é o esplendor de uma canção e a dor na bunda de várias horas sentada num carro. O PVIP é a nossa estrada, estrada muito boa. Ele é onde a gente chegou e também pra onde a gente ainda vai.

Arte por Cuqui

Quais são os próximos passos da banda até o lançamento de Piscinas Vazias iluminadas em Pé?
Caroline Rocha – Entre agora e o disco tem muita coisa sendo organizada, construída e direcionada. Pensando não muito longe, quando começamos a funcionar em cima da ideia e da necessidade de um disco novo, não dava pra imaginar que o início do processo de produção colaria com o lançamento assim tão naturalmente, ele aconteceu quase como um parto na sua trigésima nona semana, e a nossa expectativa é de que o PVIP venha pro mundo saudável e cresça forte. E tudo isso não é sobre instinto materno, é sobre sobrevivência da espécie mesmo. Se manter criando e fazendo música é um desafio pra todo mundo envolvido, uma rede gigante de pessoas acreditando e investindo junto. Nossos próximos passos são sobre honrar essas dedicações. Falando mais diretamente, daqui a pouco tem lançamento do single “Viu”, uma animação criada e produzida pela Cuqui, que além de parte da banda é uma artista visual gênia, vai assinar as artes do disco e esse videoclipe, em seguida o álbum e a circulação maneiríssima (que vai ser acompanhada de oficinas de autoprodução musical, executiva, artística e de composição, ministradas por nós mesmos durante a tour, refletindo nossos processos internos). Estamos com a porra toda em vibração (e aproveitando furiosamente os últimos momentos de brincar com essas frases ótimas de música do Respirei, rsrs).

Enquanto agosto não chega, curta o clipe de “gris”:

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18/07/2018

Brenda Vidal

Brenda Vidal