Festival Se Rasgum dá aula de diversidade com Linn, Leona e Getúlio Abelha

02/11/2018

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Ariel Fagundes

02/11/2018

Após duas noites de aquecimento, começou ontem a programação principal da 13ª edição do Se Rasgum. Instalado pela primeira vez no Insano Marina Club, o evento fez questão de mostrar que a pluralidade de sons, ideias e estilos de vida é um valor que norteia o festival.

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Os dois palcos montados contaram com um line-up diverso, que incluiu desde o agreste psicodélico e distorcido do The Baggios até o forró experimental e escrachado de Getúlio Abelha (passando pelo rap raiz de Bruno B.O.). A noite foi longa, mas passou num piscar de olhos.

Thais Badu (Foto: Ariel Fagundes)

O primeiro show foi o da cantora paraense Thais Badu, que trouxe para o palco toda força da mulher negra, periférica e amazônica. Com um som que passeia pelo rap, mas flerta com o reggae e o pop sem escorregar pra cafonice, Thais fez uma das apresentações mais interessantes de ontem, pena que o público ainda estava chegando ao local do festival quando ela subiu ao palco.

The Baggios (Foto: Ariel Fagundes)

Em seguida, foi a vez do The Baggios despejar uma carga intensa de riffs na plateia. O power trio de Sergipe intercalou faixas do álbum Brutown (2016) com as novidades do recém lançado Vulcão (2018), disco no qual a banda mergulhou mais no estudo rítmico da música brasileira sem perder de vista o universo guitarreiro que lhe é característico.

Menores Atos (Foto: Ariel Fagundes)

Bruno B.O. (Foto: Ariel Fagundes)

A banda carioca Menores Atos foi a atração seguinte e, apesar de ser um nome do underground do Rio de Janeiro, reuniu um núcleo de fãs dedicados, que acompanhou em coro várias das músicas tocadas. Assim que eles terminaram o show, não demorou para o MC Bruno B.O. entrar no palco e metralhar suas rimas precisas. Acompanhado de uma banda impressionante, B.O. fez uma grande homenagem ao rap paraense convidando artistas como Ícaro Suzuki e Bruna BG. A cantora Nanna Reis também participou do show, que, de certa forma, estava comemorando a recente gravação do DVD Afroamazônico. Infelizmente, houve uma falha técnica durante o show de B.O. e a apresentação precisou ser interrompida por alguns minutos. Quando voltou, a banda fez uma versão hardcore do clássico carimbó “Pescador Pescador”, que rendeu uma bonita e suada roda punk no público.

Getúlio Abelha (Foto: Ariel Fagundes)

A pausa anterior acabou atrasando os shows seguintes, mas ninguém pareceu se importar com isso. Quando Getúlio Abelha começou seu show, uma atmosfera de puro delírio tomou conta do espaço. Sua apresentação é um espetáculo cênico, ora irônico, ora provocante, mas sempre poderoso. O show contou com biciletas em cima do palco, strip-tease e terminou com Getúlio se jogando na plateia em uma verdadeira apoteose.

Strobo e Leona Vingativa (Foto: Ariel Fagundes)

Depois, foi a vez da banda Plutão Já Foi Planeta, do Rio Grande do Norte, mostrar ao vivo faixas do seu disco mais recente, A Última Palavra Feche a Porta (2017), que foram recebidas com muito carinho. Eis que começa um dos shows mais aguardados da noite, a instrumental Strobo dividindo o palco com Leona Vingativa. Entre a quebração eletrônica da dupla e as melodias pop chiclete de Leona, com certeza todo mundo que viu saiu satisfeito.

Linn da Quebrada (Foto: Ariel Fagundes)

Linn da Quebrada (Foto: Ariel Fagundes)

Linn da Quebrada (Foto: Ariel Fagundes)

A noite encerrou com uma apresentação bombástica da Linn da Quebrada. Seria possível discorrer sobre a mistura de funk com eletrônico pesado que ela traz, mas a verdade é que palavras não são suficientes para transmitir o que acontece em seu show, quem já viu sabe do que estou falando. Basta dizer que, se arte é transgressão, Linn é uma das maiores artistas do país hoje. Além de rebolativo, seu show foi extremamente político, combativo, um manifesto em defesa da diversidade.

Quando acabou, deu aquela sensação de que poderia ter mais. Que bom que ainda teremos mais dois dias de evento!

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02/11/2018

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