Nas ondas de Caymmi

27/09/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

27/09/2014

Fotos: Mano a Mano Produções Artísticas/Divulgação

Não é preciso conhecer Dorival Caymmi para já ter se encantado com sua obra. Compositor de diversas canções interpretadas por nomes muito queridos da música brasileira, como Tom Jobim, Maria Bethânia, João Gilberto e Gal Costa, Caymmi está sendo homenageado em palcos por todo o Brasil com o espetáculo musical “Caymmi em Quatro Cantos”. Em Porto Alegre, as mulheres que cantaram o mestre na quarta-feira (24/09) foram as belas Blubell, Céu, Camila Pitanga, Emanuelle Araújo e uma quinta e poderosa voz: Alice Caymmi, neta do músico. No palco, transformaram-se em sereias e sem esforço nos hipnotizaram com seus cantos e danças.

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Caymmi estava presente não só em cada acorde de Bem Gil no violão, ou em cada verso das cantoras, como também nos rostos familiares de Alice e Danilo Caymmi, filho de Dorival e mestre de cerimônias do espetáculo. Eles carregam os mesmo traços fortes e leveza na alma do compositor. Ouvir pai e filha cantarem “Pescaria” ao som da percussão de Zero Telles e Domenico Lancellotti foi como escutar uma reza de trabalho dos pescadores.

A vida dependente do mar e a esperança do retorno à terra firme são temas de muitas composições de Caymmi, um homem de água e sal. Alice também entoou sozinha fortes canções como a ode ao elemento que rege os pescadores “O Vento” e a canção de ninar para a filha Nana Caymmi “Acalanto”, essa última só piano e voz. A festa praiana voltou ao palco com “Maracangalha” e as palmas de um público encantado.

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“Caymmi em Quatro Cantos” reconstrói a trajetória do mestre com uma rica diversidade de vozes. O sambinha bom “Vatapá” na voz da doce Bluebell foi como uma brisa no início do show. A paulistana fechou seu ato com “Saudades de Itapuã” e a inconformada “Marina”. Para cantar uma das tantas mulheres de Caymmi, chamaram a envolvente Céu. “Rosa Morena”, “Só Louco” e a plateia já está apaixonada por esse frescor da MPB de muitas possibilidades chamada Céu. É impossível interpretar Caymmi sem falar da água salgada que traz sustento e da terra natal do compositor. Por isso, “O Mar” e “Saudade da Bahia” também entraram no repertório da cantora.

“Dorival Caymmi iria ficar enlouquecido se a visse”, disse Danilo antes de Camila Pitanga subir em um palco pela segunda vez na vida dela. Nervosíssima, mas tranquilizada pela pequeno erro da banda nas primeiras levadas de “Sábado em Copacabana”, cantou o glamour do bairro nobre do Rio de Janeiro com o filho de Caymmi e levou o público nostálgico de volta aos anos 50. Mudando de clima, a praieira e triste “É Doce Morrer no Mar” foi acompanhada somente pelo violão de Bem Gil. A atriz se soltou, cantou e dançou mesmo foi em “Samba da Minha Terra” e “Rainha do Mar” ao lado das parceiras Alice e Emanuelle Araújo.

Faltava pouco para terminar, mas não sem antes cantar a negritude e a cultura baiana. As cinco sereias de Caymmi e o filho Dorival encerraram o espetáculo com “Canto de Nanã” e “Suíte dos Pescadores”. Em um bis improvisado, eles cantaram “Samba da Minha Terra” novamente, agora com o público em pé, dançando. A vontade era sair dali direto pra um sambinha na beira da praia ou rumar ao cais na Bahia e curtir o mar. Sempre ao som da música brasileira, tão bem definida por Caymmi e representada no espetáculo “Em Quatro Cantos”, que continua em turnê pelo nosso país.

No dia em que Dorival Caymmi completaria 100 anos, publicamos aqui uma série de matérias especiais em homenagem ao compositor essencial da nossa música.

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27/09/2014

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