Desde o começo, os lançamentos de 2014 surpreenderam com sonoridades que poderiam ser estranhas a certos ouvidos, mas mesmo assim tornaram-se universais. Em nossa lista dos melhores discos internacionais de 2014, não há espaço para bons arranjos apenas. Reunimos aqui registros relevantes para 2014 também por seu conceito, atitude e composição.
Caso você esteja sentindo falta de outro grande lançamento de 2014, pode ser que ele tenha entrado na nossa lista dos melhores discos de estreia de 2014.
1. Mac DeMarco – Salad Days
Mac DeMarco amadureceu e junto com ele suas composições. Um disco autorreflexivo e romântico nas letras, experimental e lo-fi no instrumental. São faixas inesperadas com guitarras desafinadas que no final das contas soam geniais. Algo como um soft rock com referências nos anos 70 misturado ao dream pop oitentista. Parece confuso, mas tudo se encaixa em Salad Days. DeMarco conseguiu fazer um som que ganhou destaque em 2014 sem o apelo visual de Jack White e St. Vincent, por exemplo.
Nossa resenha completa de Salad Days está aqui.
2. Jack White – Lazaretto
Toda a classe do Sr. White esconde um músico espontâneo e criativo. A jovialidade do White Stripes permanece, mas agora ela aparece rebuscada de violinos e uma bateria mais groovada. Disco com faixas poderosas, uma instrumental frenética e outras canções em que Jack White se afunda no whisky e no amor ao som de corais femininos. Sem falar que White e a Third Man Records incentivaram a cultura do vinil em 2014 com lançamentos incríveis.
Veja nossa resenha completa de Lazaretto.
3. Beck – Morning Phase
Beck está acabado, novamente, como em Sea Change (2002). Mas é quando está no buraco que o músico escreve suas melhores, mais emotivas e esperançosas canções. O arranjo de cordas feito por seu pai e o piano melancólico amarram as composições, por vezes épicas e solares.
4. St. Vincent – St. Vincent
Annie Clark bebeu do vanguardismo de David Byrne e tornou-se St. Vincent, uma musicista com uma bela voz e bons truques na guitarra. O que poderíamos chamar de disco de estreia dessa nova artista está aqui porque é obra completa, futurista e abrangente. O cabelo, a postura na capa do disco, a pegada eletrônica e as letras mais densas. Tudo constrói um registro coeso que transita entre o sujo e o limpo.
Veja nossa análise de St. Vincent aqui.
5. Sharon Van Etten – Are We There
Apesar do lançamento de Lana del Rey chamar-se Ultraviolence, é o quarto disco produzido pela própria Sharon Van Etten que machuca com paixão. A compositora expressa a força destrutiva do amor que já sentiu – Sharon mudou-se para Nova Iorque em 2005 fugindo de um relacionamento abusivo. Desde então, ela abre seu coração em cada registro, e Are We There é a expressão pura de sua alma, das letras ao instrumental. É na capacidade de trazer à tona certos sentimentos que o álbum torna-se brutal em sua simplicidade.
6. Black Keys – Turn Blue
Se Brothers (2010) foi um disco para falar de amor, Turn Blue é o luto da separação. Dan Auerbach expurga sua dor nas faixas que, se você não prestar atenção nas letras, são bem animadas e dançantes. Nada muito inovador, mas é aquele feijão com arroz bem feito.
Veja nossa resenha completa de Turn Blue aqui.
7. White Lung – Deep Fantasy
Um disco punk dificilmente chega ao mainstream, ainda mais se feminista, mas Deep Fantasy está quase lá. Lançado pelo mesmo selo que trabalha com o Arctic Monkeys, o disco tem pouco mais de 20 minutos perfeitos para a velocidade incansável das faixas. E ainda tem os vocais melódicos de Mish Way que faz o registro ganhar ares pop.
8. Ty Segall – The Manipulator
O sétimo disco de Ty Segall é sua obra-prima de dezessete faixas que levaram mais de um ano para ficarem prontas. Nele, o músico traz, mais trabalhados, seus elementos característicos que aparecem nos outros discos também, como solos glam-rock e vocais que lembram o Oasis. Há espaço para Segall mostrar seu lado introspectivo, romântico e experimental com muito fuzz.
9. Mr Twin Sister – Mr Twin Sister
O indie pop da banda está ainda melhor. Agora Twin Sister é Mr Twin Sister e lança em 2014 um dos melhores álbuns eletrônicos do ano que permeia o suave e o estranho (pelo lado bom). Um registro dramático com altos e baixos – vai do dançante ao introspectivo – e muita influência disco.
10. Cloud Nothings – Here and Nowhere Else
Existe algo como o grunge no século 21. Mais um disco, relativamente, curto, com meia-hora, mas intenso sem ser nostálgico. Dylan Baldi gasta sua garganta para falar de problemas rotineiros e auto-conhecimento em meio a riffs energéticos.
Na playlist abaixo, reunimos algumas faixas dos melhores lançamentos gringos de 2014 (Ty Segall não está disponível no Rdio):