Lollapalooza: o amor à música moveu uma multidão no primeiro dia da sexta edição do festival

26/03/2017

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Tássia Costa

Por: Tássia Costa

Fotos: MRossi

26/03/2017

Dava para perceber um ritmo diferente em São Paulo desde o embarque na estação de metrô Consolação: em pleno sábado filas imensas na bilheteria, sendo ali a grande maioria jovens vestindo camisetas de bandas. O destino? Autódromo de Interlagos, para assistir aos shows do primeiro dia de Lollapalooza.

Se aquelas pistas já foram palco de momentos gloriosos da Fórmula 1 por causa de carros em alta velocidade, elas agora viram os palcos de fato tomarem conta do lugar, mas desta vez a música foi o único combustível necessário para fazer com que multidão de devotos da primeira arte viessem dos mais variados cantos do Brasil para se emocionar com seus artistas preferidos.

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A disposição das bandas foi dada a partir da divisão entre quatro palcos, separados por uma distância considerável que tornou a movimentação do público entre eles algo parecido com uma corrida.

Nosso primeiro pit stop após dada a largada foi no palco Axe para ver o Baiana System fazer todo mundo dançar um ritmo que é quase impossível de descrever. Além dos fãs que compareceram em peso (alguns usando até mesmo máscaras combinadas) o som dos caras contagiou até quem não tinha intenção de depositar muito de suas energias nos primeiros shows do festival. A energia dos integrantes fez o público esquecer do calor pra se envolver na proposta da banda, que mistura batida envolvente com letras marcantes.

O cansaço físico já começou a apertar no primeiro grande deslocamento após o show do Baiana até o palco Onix para acompanhar a estreia do Glass Animals no Brasil. E se o sol esquentou nossa pele na tarde ensolarada da capital paulista, o hit “Life Itself” foi responsável por esquentar os ânimos logo no comecinho do set dos ingleses liderados por Dave Bayley.

Na sequência, quem deu uma corridinha até o palco Skol viu Cage the Elephant assumir com maestria o papel de veteranos. Matt Shultz e cia demonstraram uma maturidade admirável em sua terceira participação na edição brasileira do festival, desta vez para um público ainda maior que as suas duas apresentações anteriores – mas sem abandonar a sua tradicional atitude rebelde e inconsequente.

“Vocês são insanos e eu amo isso”, declarou Matt pouco antes de tirar a camisa e moshar várias vezes, para no último momento tentar subir na grade dos equipamentos de iluminação.

Embora o show tenha dado mais destaque às músicas mais recentes da banda – o vencedor do Grammy de melhor álbum de rock Tell Me I’m Pretty -, foram os sucessos mais antigos como “No Rest For The Wicked” e “In One Ear” que fizeram com que as cabeças se inclinassem um pouco mais para o alto procurando ar fresco para sobreviver ao frisson todo.​

Criolo reuniu uma galera no início da noite, pra encontrar com ele e toda a representatividade depositada nas canções. Incrível presenciar um show de rap nacional com um público tão fiel e interativo. Todas as canções formavam um coro na plateia quase que inacreditável. O discurso de protesto foi mais discreto e subjetivo por estar em um festival com grandes patrocinadores e televisionado. O coro mais emocionante foi contra a violência do estupro, que envolveu mais diretamente as mulheres presentes, entoando a favor dessa desconstrução social.

De volta ao Onix, The XX proporcionou danças, causou arrepios e realizou o sonho de um público devoto e completamente hipnotizado pela dupla. O mar de gente que cobria toda a grama, fosse em pé ou sentado, viu diante dos olhos músicas como “VCR”, “Cristalyzed” e “Say Something Loving” ganharem vida própria de um modo que jamais vão conseguir ter enquanto tocadas em mp3, CD ou vinil.

Jamie XX agradeceu, declarou seu amor ao público brasileiro, que se derreteu ainda mais, e se a lei da reciprocidade é real ela ganhou seu melhor exemplo naquele exato momento.

Para terminar a primeira noite de maratona de shows com o sentimento de dever cumprido, Metallica promoveu a união entre os fãs antigos e fãs mais recentes da banda chamando todos de “uma família” completa.

Metallica finalizou a noite encontrando o público realmente fã empolgadíssimo, e os que viveram a maratona de shows toda, já indo embora. Mesmo assim, plateia lotada e mais de duas horas de grandes sucessos, com solos conhecidos e improvisos espetaculares. Eles não vieram pra brincar, e a energia da plateia parece que empolgou muito mais os caras, que receberam todo o carinho do famoso fã brasileiro e tocaram meia hora a mais que o esperado. As lendas vivas finalizaram o show com fogos, completamente justificáveis, estamos falando de Metallica.

O segundo dia chega tão ensolarado quanto o anterior, e com atrações igualmente esperadas.

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26/03/2017

Lou Reed é minha bússola.
Tássia Costa

Tássia Costa