Se Deus Vier Que Venha Armado: Um ciclo de inspirações!

30/10/2015

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Por: Fabiano Post

Fotos: Divulgação

30/10/2015

Na arte como na natureza nada se perde tudo se transforma; se reaproveita; se reencaixa; se ressignifica; se fizer sentido ou não. Cada dia me convenço mais disso.
O nome do quarto álbum da banda de rapcore mais fodaça do país, em minha opinião e de muitos fãs “enlutados”, Pavilhão 9, cujo hiato insiste e persiste, entre idas e vindas, Se Deus Vier Que Venha Armado, de 1998, foi inspirado na obra do genial Guimarães Rosa, “Grande Sertão Veredas”. Após anos, a fila do ciclo de inspirações andou, seguiu a diante, e o diretor Luis Dantas, por sua vez, foi buscar a sua musa inspiradora justamente no nome do álbum do P9, para nomear, homonimamente, o seu primeiro longa-metragem. E isso faz todo sentido. Já que o cerne tanto do álbum como do filme são a violência, tiro e morte; dentro de um contexto social opressor. A citação profética do jagunço Riobaldo é vangard!

Na época do lançamento do álbum, a polêmica capa vermelha, trazendo um Jesus Cristo em PB, agonizantemente ferido, causou uma treta braba com a Igreja Católica, que proibiu os caras de usarem cartazes com a imagem para divulgação.
“Se Deus Vier Que Venha Armado” é uma ficção baseada em fatos reais. Mais precisamente, em uma série de ataques, brabíssimos, ocorridos em São Paulo, no ano de 2012, envolvendo policias militares e o crime organizado. Tudo ao mesmo tempo, todo mundo atirando em todo mundo, alvos que se tornaram vítimas, vítimas que não eram tão vítimas, e vítimas de revanche que se tornaram alvos, causando uma porrada de baixas de ambos os lados. Na violência todos são vítimas, no frigir dos ovos.

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A pré-estreia do longa aconteceu no dia 1 de novembro, em São Paulo, mas o lançamento oficial nos cinemas será no dia 12 de novembro.

O filme já está fazendo uma carreira bacana. Levou os prêmios de Melhor Direção, Direção de Fotografia e Melhor Ator, no festival Ibero-americano Cineceará e no Festaruanda, em João Pessoa; além do Prêmio Fomento ao cinema Paulista, pela Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo; e o Prêmio de Desenvolvimento de Roteiro, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

A película retrata a vida de Damião, personagem, vivido por Vinicius de Oliveira (Central do Brasil, Linha de Passe e Abril Despedaçado); o protagonista recebe o direito a saída temporária do xilindró, em meio aos ataques que ocorriam em SP, naquele ano, porém tem que fazer um servicinho básico para o crime organizado, mas tudo muda ao reencontrar Palito, vivido pelo ator Ariclenes Barroso, um amigo de infância, que lhe apresenta Cléo, personagem vivido pela atriz Sara Antunes. Em 72 horas, esse encontro coloca a vida dos personagens em xeque.

No soundtrack da obra não faltou, logicamente, a faixa homônima, “Se Deus Vier Que Venha Armado” do P9. Aproveita e ouve o álbum todo, que é muito foda. Produzido pelo paulistano BiD e mixado pelo falecido Bill Kennedy, produtor e engenheiro de som, canadense, conhecido por seus trabalhos com bandas como Nine Inch Nails e U2, no lendário Scream Studios, em LA, na Califórnia. Pessoalmente creio que seja o trampo mais pesado e lapidado do Pavilhão. Isso é rapcore neném, então, coloca o som no talo que o bagulho é cabuloso!

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30/10/2015

Gaúcho, de Porto Alegre, vivendo a 15 anos no Rio de Janeiro. Colaborador da Vice Brasil e autor lusófono do portal de mídia cidadã Global Voices.

Fabiano Post