Quando discos são obras de arte

30/05/2015

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Lidy Araujo

Por: Lidy Araujo

Fotos: Reprodução

30/05/2015

Carlos Dias e Alexandre Sesper são músicos e artistas plásticos, e acabam de unir as duas funções num único projeto. Através do selo artístico Rolo Seco, eles estão lançando seus primeiros discos solo em formato físico.

Até soa estranho chamar as bolachas apenas de “discos”, pois elas vão além. São verdadeiras obras de arte e, como tais, vêm com tiragem limitada e numerada de 110 (Carlos Dias) e 130 (Sesper) cópias.

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Prensados na Europa, os discos são compactos de 7 polegadas e têm formato quadrado e transparente. De um lado, estão as faixas, do outro, uma arte original, que é diferente em cada exemplar. Isso porque elas foram todas feitas à mão, uma a uma. Não é fascinante?

O lançamento oficial rola neste sábado (30/05), na Matilha Cultural, em São Paulo (veja o serviço completo no fim deste post). No evento, vão rolar shows dos dois artistas, além da exposição de todos os discos que foram produzidos. A venda já começa no próprio local.

Entrevistamos Carlos Dias e Sesper que, aliás, já são velhos conhecidos nossos – ambos já tiveram seu talento estampado na capa da NOIZE. Confere aí.

Carlos Dias

Com mais de 20 anos dedicados à música, projetos não faltaram na vida de Carlos Dias. O artista já passou por várias bandas e segue na ativa com a Againe e a Polara. Além disso, mantém um projeto solo, no qual usa o pseudônimo de Albertinho dos Reys. Neste novo trabalho, ele apresenta três faixas: “Superstição”, produzida por Adriano Cintra, “Calça a Bota e Bota a Calça”, produzida por Henrique Hez, e “Que Não Dá Tempo”.

Como foi o processo de produção do disco?
Entre algumas pizzas e fernetcomcoca, houve o convite pra lançar esse compacto. Na verdade, depois que fizemos o zine Loki e o clipe do Rakta, começamos a fazer algumas coisas juntos. Escolhemos as músicas através de mensagens de texto, MP3 demos de YouTube… Inclusive, o Againe gravou “Superstição” também, que anteriormente era de um outro projeto que não saiu da demo, chamado Dual. Uma música foi com base e batida eletrônica, uma acústica e outra com banda, meio no atropelo mesmo, mostrando algumas formas que componho, gravando com uma qualidade melhor que a das gravações caseiras.

Este é o zine Loki:

Fale sobre as parcerias com Adriano Cintra e Henrique Hez na produção.
Pedi ao Adriano pra produzir uma música minha do jeito dele, pois já temos parceria no projeto Caxabaxa. “Calça a Bota e Bota a Calça” foi o Henrique Hez que produziu no estúdio Torto, no esquema banda, e teve participação do Iran Costa no baixo. A outra, “Que Não Dá Tempo”, era acústica, um mantra pra atualidade “não sei se vale a pena inventar tanto problema” tentei tirar um pouco a cara da Sebadoh, tentei dar uma cara mais psicotécnica, tipo love, e uns vocais fazendo harmonia só.

Ouça o disco:

Você ainda tem outros projetos na área da música. Novidades sobre eles?
Tenho um projeto chamado Desenho Cego. No que se refere à música experimental e com projeção, vou tocar no Festival Perturbe, de Curitiba, em breve. Sempre procuro meus amigos das bandas Caxabaxa, Polara e Againe pra tocar, sempre rola. Gosto bastante de gravar! Fora isso, vou gravar com as bandas AMADoR e PENUMBrA.

Veja mais artes criadas para o disco de Carlos Dias:

capa do disco CarlosDias4 (1)

Capa do Disco de CarlosDias1 (2)

Capa do Disco de CarlosDias2

Lembra que falamos, lá no início, que Carlos Dias já fez uma capa pra NOIZE? É esta aí: 

A gente é tão fã do cara, que ele também assina a arte da nossa parede:

Expressivo, pop e barulhento. Esses são alguns dos adjetivos que mais se aplicam às obras de Carlos Dias, que já deixou…

Posted by Noize Comunicação on Sexta, 7 de novembro de 2014

Sesper

Alexandre Cruz, o Sesper, também já contabiliza mais de 20 anos na música e integra o Garage Fuzz, com quem já lançou 12 discos. Agora chegou a vez de lançar o seu primeiro solo, que foi gravado e produzido apenas por ele. São duas faixas, “It’s Bargain Time” e “Art Gallery Modern Affair”, nas quais o artista canta, toca violão e baixo e bate palmas em vez de tocar bateria.

Vamos começar falando sobre a concepção do disco…
Foi tudo muito rápido mesmo, gravado e mixado em 8 horas, no estúdio RED I Station, do Gustah (Echo Sound System), que fica próximo à minha casa e mais próximo ainda ao atelier. Eu tinha essas duas músicas prontas no instrumental, mal-gravadas aqui em casa mesmo. Aí o pessoal do Rolo Seco veio com o projeto de fazer esse lance do compacto. Foi uma boa gravar essas músicas direito no estúdio. Já participei de outros projetos com eles, como o Vallejo Sunset (instrumental com Sergio Lopes) e o The Pessimists (punk rock com a Camila, do Futuro, e a Nathalia, do Rakta).

Por que fazer um disco todo sozinho?
Há algum tempo eu pensava em fazer umas músicas e gravar em um formato mais minimalista, sem ter obrigação de tocar ao vivo ou seguir a cartilha que uma banda tem que seguir. Nem estava nos meus planos fazer essa apresentação ao vivo na Matilha, e provavelmente vai ser a única vez que o público terá a oportunidade de assistir. O lance de gravar todos os instrumentos, acho que foi mais uma ideia minha mesmo, de saber “beleza, eu consigo fazer uma arte sozinho, agora, depois de 25 anos tocando com bandas, me deixa ver o que realmente sai musicalmente sozinho”. Tudo foi gravado meio que no primeiro take, e os detalhes de guitarra foram criados na hora que estava gravando mesmo, o vocal tem aquele tom mais baixo pra diferenciar de tudo que fiz em bandas de hardcore. Em fevereiro de 2015, eu gravei mais 10 músicas, no mesmo esquema e estilo com o Gustah, que devem sair no meio do ano.

Sesper mostra um pouco da concepção do disco neste vídeo:

Fale um pouquinho sobre as músicas deste disco.
As letras são pequenas tiradas com o cenário das artes em geral, não tem que levar muito a sério. As músicas, eu acredito que são uma espécie de versão leprosa da estrutura e clima de “Rid Of Me”, da PJ Harvey, com o início de “On Warmer Music”, música do segundo disco da banda Chisel, depois de ficar escutando no atelier enquanto trampava o disco do Young Marble Giants, durante os últimos anos. Claro que o resultado ficou diferente disso, mas era o que há alguns anos pensava em fazer.

Ouça o disco:

E o Garage Fuzz está em estúdio, certo?
Estamos muito felizes em gravar esse disco depois de tanto tempo trabalhando nele. Escutando o que já gravamos, conseguimos enxergar uma evolução musical em vários aspectos, além das composições terem vários climas: músicas mais porrada tipo o Relax In Your Favorite Chair (1994), outras mais rock como as do Turn The Page… The Season Is Changing (1999), algumas mais na manha como as do The Morning Walk (2005), mas tudo isso em 12 músicas gravadas no estúdio do Fernando, o Playre, em Santos. É também o primeiro álbum com a nova formação, estamos muito empolgados e tenho certeza que estamos fazendo um disco que não é apenas mais uma continuação do que estávamos fazendo musicalmente nos últimos anos, apesar de todos os elementos da banda terem umas estruturas e climas que vão dar uma diferenciada legal no disco, chegando à mão da galera no segundo semestre.

Veja algumas das artes criadas para o disco de Sesper:

Capa do disco de Sesper2

Capa do disco de Sesper3

Capa do disco de Sesper4

E esta é a capa da NOIZE feita pelo artista:

Rolo Seco Gig3 – Lançamento dos discos solo de Carlos Dias e Sesper
Quando? 30 de maio, das 15h às 19h
Onde? Matilha Cultural (Rua Rego Freitas, 542 – São Paulo)
Quanto?
Entrada livre e gratuita, inclusive para cães.
Preço dos discos: R$ 100 cada.
Mais informações? www.matilhacultural.com.br

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30/05/2015

Lidy Araujo é uma grande mulher. Porém, louca.
Lidy Araujo

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