Nossos 6 favoritos do 6º El Mapa de Todos

15/11/2015

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Ingrid Flores

Por: Ingrid Flores

Fotos: Ariel Fagundes

15/11/2015

Acompanhar a programação completa do El Mapa de Todos foi uma experiência mega interessante. Assistindo a todas as atrações, fica mais fácil entender o “todos” no nome do festival, já que ele não limita o gênero musical, muito menos o tipo de público que aparece por lá.

Aliás, observando as plateias das três noites de shows, deu pra ver que Porto Alegre precisava mesmo de um evento desse tipo, que integrasse toda a sorte de gente com uma característica em comum: sede de música feita na região más loca y caliente das américas.

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Não teve nenhuma atração que não valesse a pena conferir, mas a gente selecionou seis favoritos dessa 6ª edição de El Mapa. Assim, todo mundo, até quem não foi, pode virar fã também.

Vieja Skina

Não consigo pensar num começo melhor pro festival do que esse que rolou. Os peruanos do Vieja Skina mostraram de cara que o El Mapa de Todos vinha pra levantar o astral de Porto Alegre com um elemento fortíssimo: música boa.

Donos de uma técnica absurda, tocam o mais clássico ska, acrescentando pegadas de jazz e latinidade – só pra descontrair. Os caras deram uma aula de metais e de sincronia com uma performance impecável sem demonstrar esforço algum.

O público do elegante Theatro São Pedro não quis ficar parado e as cadeiras perderam a vez para os corredores, que ficaram cheios de gente em pé, dançando e esquentando o ambiente. Ao som da banda, só faltou um drink e areia no chão pra gente se sentir curtindo, sei lá, um pico bacana na Jamaica.

Milongas Extremas

Milonga sempre me pareceu um estilo triste, ainda que muito lindo. Porém, ao ver o show dos uruguaios do Milongas Extremas, fui apresentada a uma nova face desse som.

Os meninos de Montevidéu rompem a doçura tradicional com violões explosivos e acelerados, à moda espanhola, e um canto bem-humorado. Essa, inclusive, é uma característica que me chamou atenção sobre o grupo: a atitude despojada, buena onda, dos rapazes deixa esse som dramático com um tom bem divertido. Foi um ótimo começo pra segunda (e agitada) noite de El Mapa.

Onda Vaga

Super aguardada, a banda de uruguaios e argentinos fez a galera enlouquecer, com direito a um monte de gente dançando em cima do palco. Num momento como esse, a gente vê o porquê do festival tomando forma e fica feliz por injetar tanta latinidade na veia de uma só vez.

O show-experiência consolidou a impressão que eu tinha da banda formada em 2007. Pra mim, Onda Vaga soa como se a música do Devendra Banhart e do Manu Chao tivessem um filho, e o bebê nascesse tirando uma onda no trombone, vestindo a camisa 10 da seleção argentina e alpargatas.

Em outras palavras, não é à toa que os caras fazem tanto sucesso e lotam casas em todo canto do globo. A banda não tem nem uma década de estrada, mas sabe desde o início como despertar os genes sul-americanos que fazem a gente invadir o palco e botar o quadril pra se mexer.

ONDA VAGA

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Los Pirañas

Eu queria que a semana do El Mapa de Todos tivesse três sábados seguidos, pra poder passá-los do jeito delicioso que foi o último. Vi uma sequência de shows ótimos, no meio de uma plateia só de gente bacana – incluindo Jorge Drexler, que se apresenta na cidade hoje à noite e foi no do Centro Histórico-Cultural da Santa Casa ontem conferir um show do festival.

Drexler, que teve um álbum produzido por um dos integrantes da Los Pirañas, já sabia o que eu descobri lá: se você tiver a chance de ver os colombianos tocando, não perca. O trio chegou eletrizando o público sem pedir licença, e todo mundo entrou na pira daquela psicodelia.

Os caras pegam elementos de gêneros latinos e reorganizam toda a sua lógica, criando uma lisergia de batucadas, distorções de guitarra e um baixo brutal. O “ruidismo tropical”, como eles mesmos definem, fez a plateia dançar sem pudores. Teve até a performance genial de uma senhorinha que subiu no palco e deu um banho de juventude na galera. A vovó ilustrou como todo mundo sentiu: contagiado por aquele ritmo (não, não o Ragatanga).

Sem dúvidas, foi o show que mais me impressionou. Saí de lá com um vinil deles, feliz da vida.

François Peglau

Sabe quando você simplesmente gosta de tudo em um show? François, líder da banda, com seu balançar de cabeça tipo Zé Bonitinho e seu terno xadrez. O baixista super sério e cabeludo, com um bigode marcante. E, principalmente, o quanto eles estavam à vontade no palco. Essa combinação já agradou de cara.

O som tem a alegria do pop, os metais do ska, a malandragem de guitarras solando e mais umas surpresas, tipo as gravações de pessoas discursando que eles tocam no começo das músicas.

Com uma latinidade bem mais contida que as demais atrações do festival, a banda inclusive trouxe músicas em inglês, um diferencial. O peruano com nome francês e visual mod fez um show divertido, espontâneo, e saiu de lá com uma turma de novos fãs.

Ana Muniz

Uma menina doce, uma voz estrondosa e composições lindas. Acrescente umas dancinhas intuitivas despretensiosas, uma postura super próxima à plateia e temos uma breve descrição do que Ana Muniz mostrou no último dia de El Mapa.

A moça delicada, que fala o maravilhoso dialeto “paz e amor” entre uma música e outra, fez o chão tremer com a força do seu cantar. A performance da gaúcha, repleta de arranjos experimentais, tem uma poesia tão própria que o público não assistiu, e sim contemplou.

Energia, amor, universo e toda essa vibe natureza estão nas músicas da Ana, um talento pra ficar de olho.

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15/11/2015

Jornalista por formação, questionadora e overthinker por não conseguir evitar.
Ingrid Flores

Ingrid Flores