Francisco, El Hombre e Cuatro Pesos de Propina unem a América Latina no palco

31/07/2017

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Marta Karrer

Por: Marta Karrer

Fotos: Mell Helade

31/07/2017

As fronteiras que Cuatro Pesos de Propina e Francisco, El Hombre rompem vão muito além do giro conjunto das duas bandas que passa por nove cidades brasileiras, três uruguaias e quatro argentinas. Em plena noite de domingo, Porto Alegre encheu mais uma vez uma das suas casas de shows mais tradicionais com muito calor, bumbo e uma garra que só existe em quem vem do lado sul do mundo.

Tudo começou com a mistura ritualística entre ska, reggae, rock, cumbia e jazz da Cuatro Pesos, que entrou em transe junto com a plateia numa bagunça hipnótica que fazia total sentido. No show da clássica banda uruguaia, o público é tão importante quanto os sopros, a bateria ou as guitarras. O vocalista e guitarrista Gaston Puéntes pula, sua, grita e entoa com orgulho as canções do grupo acompanhado de Rodrigo Calzada no baixo, Andres Tato Bolognini na bateria, Gastón Pepe na voz e na percussão, Rodrigo Baleato no sax e no clarinete, Miguel Leal no trompete, Joaquín Baranzano no teclado e Joaquín Carriquiry na guitarra. Com oito pessoas no palco, não sobra um centímetro que não seja ocupado pela energia incontrolável do grupo.

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Na noite de ontem, os uruguaios aproveitaram alguns momentos do show para dividir o palco com os hermanos da Francisco, El Hombre: Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte e de Juliana Strassacapa aumentaram ainda mais o grito que dói em coro em “Mi Revolución” – que virou “Minha Revolução” no recém lançado EP conjunto Rompe Frontera. Ao vivo, a faixa ganha em intensidade e reforça ainda mais seu poder de curar as feridas do tempo mencionadas na letra. Na confluência de duas bandas que reforçam a importância da cultura latina, a revolução é feita com peito estufado, grito solto e reunindo o maior número de pessoas.

E foi exatamente isso que aconteceu quando a meio brasileira, meio mexicana Francisco, El Hombre subiu ao palco para apresentar as faixas do disco Soltasbruxa(2016). Com um caos muito bem colocado, o quinteto leva qualquer um que presencie suas apresentações ao delírio, transformando as quase mil pessoas que foram até o Opinião em uma coisa só. Quando os pés já não aguentavam mais pular, a catarse de “Triste, Louca Ou Má” trouxe um momento emocionante de reflexão e protagonismo feminino. Juliana Strassacapa aproveitou o respiro que a música (mais calma do que a grande maioria do repertório) traz para enaltecer a união feminina e projetos como o We Are Not With The Band, que cataloga as mulheres da música com entrevistas e fotos: “Essa aqui é para todas as mulheres que são a banda, e não estão com a banda”, disse.

O show deveria terminar com “Calor da Rua”, faixa já clássica que ganhou uma versão repaginada pela Cuatro Pesos de Propina com uma verdadeira injeção sopros e guitarras. Mas o público quis mais, e “Tá Com Dólar, Tá Com Deus” (feita em parceria com a Apanhador Só) chegou transformando tudo aquilo num verdadeiro carnaval. Como já é tradição nos shows da Francisco, El Hombre, o público tomou conta do palco, derrubando pedestais e tornando quase impossível distinguir quem era quem. Ali, essa era apenas mais uma fronteira a ser cruzada.

A noite era uma iniciativa do Morrostock, que já anunciou Mutantes como atração principal da próxima edição do festival, que ocorre em dezembro em Santa Maria (RS). O Morrostock criou um grupo no Facebook reunindo as pessoas que compraram o primeiro lote dos ingressos para uma curadoria coletiva – e a Francisco, El Hombre já é uma opção bem provável para o lineup. A turnê Rompe Frontera ainda passa por Caxias do Sul no dia 3 de agosto e por Goiânia no dia 4, partindo para o Uruguai no dia 10. Lá, as duas bandas tocam em Montevideo, Florida e Maldonado antes de seguir viagem para a Argentina para shows nas cidades de Buenos Aires, Cordoba, Rosário e Panamá.

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31/07/2017

Marta Karrer

Marta Karrer