Tulipa Ruiz, Karol Conka e Mano Brown transformam a última noite do Bananada num baile inesquecível

15/05/2017

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Marta Karrer

Por: Marta Karrer

Fotos: Bruno dos Anjos

15/05/2017

É humanamente impossível tentar eleger qual foi a melhor apresentação entre os headliners da última noite do Festival Bananada. Depois de seis dias seguidos assistindo a um número enorme artistas (na sua grande maioria independentes), já tinha virado rotina ter as expectativas superadas. Seja pela estrutura do evento, que não deve nada para os festivais internacionais, ou pela energia das performances que mostraram o que há de melhor na música daqui.

Logo no começo da noite, Tulipa Ruiz subiu no palco já esperneando, gritando, gemendo e dançando da maneira como só ela sabe fazer, abrindo o setlist com “Jogo do Contente”. E quando a voz potente da cantora já estava causando estragos e o palco já era todo dela, os primeiros acordes de “Do amor” trouxeram uma beleza e uma simplicidade difíceis de descrever. Até que assim, de surpresa, Liniker Barros entra no palco na segunda estrofe levando o Centro Cultural Oscar Niemeyer ao delírio. A música terminou com elas (que podem ser chamadas de duas das maiores vozes da geração sem exagero) literalmente jogadas no chão, abraçadas e com os vocais explosivos.

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Liniker e Tulipa Ruiz, por Bruno dos Anjos

Na edição anterior do Bananada, o show de Tulipa teve que ser cancelado por causa da chuva – e a energia se acumulou desde o ano passado pra invadir a noite de domingo. O que torna a apresentação da cantora tão impressionante é vê-la transitar desses momentos românticos e calmos para a loucura bem-humorada e dançante de “Prumo”, “Físico” e “Proporcional” num piscar de olhos. Mesmo sem a banda completa (os metais foram sampleados durante o show), a cantora conseguiu proporcionar um dos momentos mais marcantes do festival pura e simplesmente pelo próprio talento.

Tulipa Ruiz, por Bruno dos Anjos

O set terminou com “É”, do disco Tudo Tanto (2012), com um pequeno ajuste na letra. Uma caravana foi até o palco Skol, onde Karol Conka já se preparava para atirar para todos os lados, cantando em uníssono: “Pelo nosso amor do movimento/ Pode ser, e é”, e essa atmosfera contagiante se manteve durante o show da rapper, que recebeu uma multidão de fãs com um sorriso mais brilhante do que qualquer holofote.

Karol Conka, por Bruno dos Anjos

Mamacita fez uma apresentação com alguns dos seus maiores hits (“Tombei”, “Gandaia”, “Bate a Poeira”), o feat. com o Boss In Drama “Lista Vip” e ainda presenteou todo mundo com uma prévia de uma música nova, prevista para ser lançada ainda nesta semana. Com clipe já gravado, “Lalá” fala sobre sexo oral em mulheres – mais especificamente, sobre a necessidade que existe de uma reeducação sexual, como a própria rapper explicou durante o show. Karol cantou só um trecho da letra a capella e foi reverenciada por todas as mulheres ali presentes.

Karol Konka, por Bruno dos Anjos

Assim que a rapper saiu do palco, era hora de correr de volta para o espaço Chilli Beans e ver o show que encerrava o lineup pesadíssimo do festival. Foi a segunda vez que Mano Brown tocou seu Boogie Naipe ao vivo (a primeira foi no show de lançamento do disco em São Paulo).

Mano Brown, por Bruno dos Anjos

O rapper trouxe um show pensado especialmente para dar destaque a cada elemento do álbum, transformando o Bananada num baile do melhor que há. Doses de uísque, cigarros, mesa de bar e uma participação inesperada de Seu Jorge nos vocais e, acredite se quiser, na flauta conseguiram fazer todo mundo ali considerar seriamente a possibilidade de ser tudo um sonho.

Seu Jorge e Mano Brown, por Bruno dos Anjos

Com um groove tão eletrizante que seria capaz de colocar os 3000 volts de “Mulher Elétrica” no chinelo, a banda formada por nada menos do que treze músicos conseguiu chegar em cada uma das milhares de pessoas do CCON. Na saideira, Mano Brown chamou cinco casais “de gatas e gatos” pra subir no palco – e durante toda a apresentação, o vocalista parecia mais aproveitar o clima na volta dele do que qualquer outra coisa. Talvez isso seja “sentir-se bem com Boogie Naipe”- afinal, o disco só é o que é pelo esforço do time absurdo de talentos que participou da produção. Deu pra ver que ele queria fazer uma festa no meio do Bananada. E que graça tem fazer uma festa sozinho?

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15/05/2017

Marta Karrer

Marta Karrer