10 anos sem Sabotage

24/01/2013

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

24/01/2013

A sexta-feira mal tinha amanhecido, quando Mauro Mateus dos Santos deixou a mulher no trabalho. Dali, voltaria para casa, prepararia a bagagem e tomaria um voo para o Rio Grande do Sul, onde subiria ao palco sob a alcunha Sabotage, num show no litoral. Era 24 de janeiro de 2003, e o sucesso já havia entrado pela porta da frente de sua vida.

*

Quis o destino, porém, que o caminho de volta até em casa fosse interrompido por cinco tiros. Quatro deles acertaram em cheio o rapaz de apenas 29 anos – dois ao lado da traqueia, um próximo ao ouvido e outro na mandíbula. Encerrava ali uma vida dedicada ao rap e nascia um mito.

No ano em que sua morte completa uma década, Sabotage é lembrando através de projetos que estão prestes a ser lançados.

O disco
Sabotage gravou seu segundo álbum de segunda a quinta. Morreu na sexta. As faixas serão lançadas agora, em “Canão Foi Tão Bom”. Quem assina a produção são os parceiros Daniel Ganjaman, Tejo Damasceno e Rica Amabis, do Instituto – junto com Quincas Moreira, Zé Gonzales, Rappin Hood, Mano Brown e Ice Blue (Racionais) e Helião e Sandrão (RZO), foram eles que colaboraram com Sabotage em seu primeiro e clássico disco, “Rap é Compromisso”, lançado em 2000.

Além das faixas gravadas pelo rapper na fatídica semana, o novo trabalho traz ainda três músicas feitas com o Instituto, uma com participação de Wanderson “Sabotinha”, filho do rapper, ao lado do Sepultura, e “Sai da Frente”, que ficou de fora da trilha do “Carandiru”, do qual Sabotage participou. Hector Babenco, diretor do filme, assina a letra em parceria com o cara.

Segundo Sabotinha, filho do artista, há material para o lançamento de um terceiro disco.

“Canão Foi Tão Bom”, a propósito, é o título da faixa inédita que foi lançada no ano passado. Teria sido a última música gravada pelo rapper. Ouça:

O livro
Prevista para abril, a biografia de Sabotage foi escrita por Toni C., mesmo autor de “O Hip-Hop Está Morto”. O título ainda não foi definido, mas a obra promete esclarecer a ligação do rapper com o tráfico de drogas, que supostamente teria sido a causa de sua morte.

Segundo Toni, a história de Sabotage sem foi mal contada, “com equívocos do início ao fim”. “Se fosse ficção, faltaria criatividade a um romancista para criar todas as tramas de sua vida”, afirma.

O documentário
“O Maestro do Canão”, dirigido por Ivan Vale Ferreira, está em fase de finalização e promete mostrar um outro ponto de vista sobre Sabotage. Entre as histórias presentes, estão sua infância no Canão, o assassinato do irmão, o período de envolvimento com o crime (que, segundo o artista, tinha acabado 10 anos antes de sua morte), seu casamento e sua intensa, porém breve, carreira.

Imagens inéditas de arquivo e uma entrevista feita seis meses antes de sua morte compõem o filme. Há ainda depoimentos de nomes como Mano Brown, Rappin’ Hood, Thaíde, Paulo Miklos, Hector Babenco e Beto Brant, diretor de “O Invasor”, outro filme do qual Sabotage participou.

Em meio a imagens reais, animações assinadas pelo desenhista Alexandre de Maio surgem. O recurso foi utilizado para “cobrir buracos”, como a falta de imagens da infância do rapper.

Ferreira trabalhou de forma independente na concepção do filme. Ao buscar recursos por meio de crowdfunding, conquistou a parceria da produtora Elixir, de Denis Feijão, responsável pelo filme “Raul Seixas – O Início, o Fim e o Meio”). “O Maestro do Canhão” será lançado no segundo semestre e já tem exibição garantida no Canal Brasil.

Assista ao teaser:

Um outro filme
Ao que tudo indica, existe também a possibilidade do lançamento de um segundo filme, este misturando ficção e realidade. A direção seria assinada por Walter Carvalho, que conheceu Sabotage nas filmagens de “Carandiru”.

O mito

Depoimentos comprovam:

“Depois do meu pai, o rap virou outra coisa.”
Sabotinha, filho de Sabotage, na Rádio UOL

“O rap perdeu, pra mim, o seu principal ícone. Tem o Mano Brown que é um puta ícone, não tem como negar, mas o Sabota pro rap era a diferença.”
Ivan Vale Ferreira, diretor do documentário “O Maestro do Canão”, no Outras Palavras

“Ele foi o Che Guevara do rap. Revolucionou a vida dele, do movimento e entrou para a história.”
Alexandre de Maio, desenhista do documentário “O Maestro do Canão”, no site Rap Nacional

“Quantos artistas você conhece que irão lançar tantos produtos neste ano?”
Toni C., autor da biografia, no site Rap Nacional

“O Sabotage trouxe um outro nível para o rap nacional, o cara era muito acima da média. Hoje em dia até é possível encontrar letras tão boas quanto as dele, mas não a musicalidade dele.” Tejo Damasceno, produtor do álbum “Canão Foi Tão Bom”, no Terra

“Ele era o artista do momento, que estava abrindo as portas para todo mundo?. (…) A cultura inteira se retraiu. O nosso maior artista caiu. Ele virou uma lenda, mas a gente precisava dele aqui.”
Emicida, no Jornal da Tarde

“O que eu faço, ele já fazia há 15, 20 anos atrás. É um grande mestre para todos nós.”
Criolo, no Terra

“É isso que eu quero guardar dele. Aquela alegria, aquela vivacidade, aquela malandragem e aquela inteligência. O neguinho era da hora, cara. Eu quero lembrar dele assim.”
Rappin Hood, no site Brasil de Fato

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24/01/2013

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