3 músicas para refletir sobre os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki

06/08/2020

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: The Asahi Shimbun/Getty Images/Reprodução

06/08/2020

Há 75 anos, duas cidades japonesas se tornaram palco de um dos episódios mais indefensáveis da História da humanidade: os bombardeios atômico e nuclear por parte dos Estados Unidos durante o final da Segunda Guerra Mundial, no conflito chamado de Guerra do Pacífico.

No dia 6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima, a segunda mais populosa do país na época, foi alvo de um ataque com uma bomba atômica de urânio – apelidada de Little Boy. No dia 9 de agosto, outro ataque; dessa vez, a explosão de uma bomba nuclear de plutônio, a Fat Man, seria provocada na cidade de Nagasaki.

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O trágico acontecimento resultou na morte imediata de cerca de 140 mil pessoas em Hiroshima e de 70 mil em Nagasaki, além de falecimentos subsequentes originados da exposição à radiação. Gerações marcadas pelo trauma, pela perda e pelo preconceito.

Criança soltando lanternas de papel em homenagem às vítimas da bomba atômica de Hiroshima, em 2018 (Foto: Reuters/Reprodução)

Setenta e cinco anos são um tempo relativamente grande, mas não deixar que esse fato caia no esquecimento continua sendo um dever. Passado, presente e futuro se entrelaçam na missão de preservar a memória do que se passou em Hiroshima e Nagasaki justamente para que a história não se repita, para que fiquemos sempre atentas e atentos à defesa da humanidade. A arte, em especial a música, também nos auxilia nessa reflexão. Por isso, listamos três canções que nos ajudam a seguir em frente sem esquecer de Hirsohima e Nagasaki. Confira:

“Peace on Earth”, de John Coltrane

Em 1966, John Coltrane aterrissou no Japão para realizar uma turnê por 17 cidades, e, entre elas, estava Nagasaki. Em depoimento ao documentário Chasing Trane (2016), disponível na Netflix, o sobrevivente do ataque e acompanhante da equipe de Coltrane na cidade Osaharu Fukushima relembra ter encontrado todos os músicos na estação de trem, menos John. Ao entrar no vagão, deparou-se com o músico sentado sozinho e tocando uma flauta. Ao perguntar por que ele estava fazendo isso, recebeu a seguinte resposta: “Eu estava buscando o som de Nagasaki”.
Já de pronto, Coltrane quis visitar o hipocentro da bomba atômica, lugar no qual ofereceu uma oração. Relatos de testemunhas do show de Coltrane em Nagasaki o definem como um momento especial: o artista fez questão tocar “Peace on Earth” justamente naquele local, em uma época na qual a cidade ainda se recuperava dos efeitos da bomba. Fukushima define: “[Ele] compôs “Peace on Earth” quase que como um réquiem para as vítimas da bomba atômica, e também como desejo de parar todas as guerras”.

“Rosa de Hiroshima”, de Secos & Molhados

Canção emblemática apresentada no disco homônimo da banda, em 1973, “Rosa de Hiroshima” nasce a partir do poema de mesmo nome escrito por Vinicius de Moraes. O poeta, capaz de enxergar na explosão o formato de uma rosa – mesmo que inválida -, faz de seus versos plataforma para a denúncia social do ataque. Gerson Conrad, membro do Secos & Molhados, é o responsável por transformar o texto em canção, ecoando o grito pacifista e dando novos significados ao lançá-la em plena ditadura militar no Brasil.

“Radioactivity”, de Kraftwerk

A canção que batiza o quinto álbum de estúdio do Kraftwerk, lançado originalmente em 1975, não apresentava de forma nítida nenhum posicionamento da banda a respeito de armas nucleares. Porém, a faixa aparece em uma versão bem diferente para o álbum de remixes The Mix (1991). Nessa nova roupagem, a banda se declara contra a exploração de energia nuclear, citando uma série de episódios trágicos envolvendo radioatividade, entre eles o acidente de Chernobyl e Hiroshima, além da mensagem “stop radioactivity”, em bom português, “pare a radioatividade”.

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06/08/2020

Brenda Vidal

Brenda Vidal