5 coisas que você não sabe sobre Luiz Melodia

07/01/2021

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Daryan Dornelles/Reprodução

07/01/2021

Em 7 de janeiro de 1951, Luiz Carlos dos Santos nascia na capital do Rio de Janeiro. Anos mais tarde, ele entraria para eternidade ao marcar seu nome entre os mais importantes artistas da MPB, mas com um outro sobrenome: Melodia.

Sua obra é alento para lidar com a saudade. O carioca nos deixou em 2017, mas permanece ecoando em suas canções, algumas delas clássicos como “Pérola Negra”, “Negro Gato” e “Estácio, Holly Estácio”. Seu álbum de estreia, Pérola Negra (1973), inclusive, ganhou uma reedição exclusiva em vinil preto de 180g em nossa edição #043 do NOIZE Record Club. O kit fica completo com a revista NOIZE #107, que reuniu um conteúdo exclusivo sobre os bastidores e o legado do artista, sua obra e seus afetos. A edição já está esgotada, mas, para não perder os próximos títulos, faça sua assinatura aqui!

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Para homenagear o cantor e compositor, preparamos uma lista com cinco fatos sobre ele. Das referências ocultas na contracapa do disco de estreia, passando pelos seus artistas contemporâneos favoritos, chegando ao inustitado cômodo em que Melodia compunha – tem de tudo! Desça e confira:

1. Melodia de raiz 
A música, ou melhor, a melodia, estava no ar que Luiz respirava. O cantor, compositor, músico e ícone nasceu, cresceu e foi criado no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, uma região periferizada capaz de se tornar um polo cultural. Foi lá, por exemplo, que o sambista Ismael Silva fundou a primeira escola de samba da história: a Deixa Falar. Como se não bastasse rodeá-lo pelas ruas, a música também se instalou na casa de Luiz. Oswaldo dos Santos, seu pai, era tocador de viola, compositor, e quem recebeu o apelido de Melodia, que seria herdado e eternizado pelo filho Luiz. 

2. Poética Censurada
Dando seus grandes passos artísticos em plenos anos de chumbo, no início da década de 70, Luiz também sofreu com a experiência da censura em músicas como “Pra Aquietar” e “Presente Cotidiano”. Sobre “Farrapo Humano”, que integra o disco Pérola Negra, o jornalista Toninho Vaz, biógrafo de Melodia, contou o seguinte à revista NOIZE #107: “Essa música tem um histórico conturbado porque ela foi inicialmente vetada pela censura. Depois, com mudança na letra e recursos jurídicos, a música acabou sendo liberada”. Ainda de acordo com Vaz, os versos originais eram os seguintes: “Tocando seu corpo /  Castigo, não vivo contigo / Sou sano, sou franco / Enquanto eu não calo eu não brigo / Eu choro tanto / Escondo e não digo / Viro farrapo, tento suicídio  / Com caco de telha / Com caco de vidro”. 

3. Ele gostava de compor dentro do closet 
Isso mesmo! Conhecido por compor com amigos e parceiros de longa data, como Ricardo Augusto e Papa Kid, Luiz Melodia também buscava inspiração em espaços íntimos e silenciosos. Em um papo com Mahal Reis, filho de Melodia, para a revista NOIZE # 107, ele fala mais sobre a escolha inusitada. “Minha mãe falava que ele gostava de compor no closet, olha só! Ele se fechava no closet e compunha… acho que era mais silencioso, ele ficava lá com os pensamentos dele”, recupera. 

4. Rolêzinhos nas dunas da Gal
A praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, é um dos principais cartões-postais da capital carioca. Mas, o Pier de Ipanema pode ser um lugar ainda mais especial para os fãs de Melodia e de outros grandes nomes da MPB. Isso porque o lugar ficou eternizado na contracapa do álbum Pérola Negra, através de uma foto de Luiz ao lado do poeta Waly Salomão. As fotos que integram o encarte do disco formam uma espécie de colagem com fragmentos do cotidiano de Melodia. Essa estrutura, originalmente instalada para levar dejetos para o mar, acabou alterando o fluxo das ondas e transformou o local em uma região perfeita para os amantes do surf. Pela formação de grandes dunas que impediam uma visão nítida de longe, o espaço virou um ponto estratégico, movido por surf, ácido e música. O apelido “dunas da Gal” é uma alusão à Gal Costa e todo o rolê artístico que era figurinha carimbada no pier, incluindo nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jards Macalé e Jorge Mautner

5. Liniker e Tássia Reis, só no radinho de Melodia 
Na faixa “No Seu Radinho”, do EP homônimo de Tássia Reis, lançado em 2014, a rapper canta o seguinte: “Se eu tocar no seu radinho/ Vai ser tão bom, confia em mim”. Luiz Melodia parece não só ter confiado, como também não ter parado por aí quando o assunto era os artistas contemporâneos que ele apreciava. Jane Melodia, esposa, produtora e empresária de Melodia, nos revelou em entrevista para a revista NOIZE #107 que Tássia e Liniker eram algumas das novidades musicais brasileiras que ele mais gostava: “(…) ele ouvia muita música, ouvia muita gente desconhecida, ouvia muitos CDs que ganhava na estrada, dava muita atenção aos artistas que não tinham voz. Todos os CDs que ele ganhou durante esse tempo inteiro, ele trouxe pra casa e guardou. E ele escutava”, rememora. Ela prossegue: “Quem me apresentou Liniker foi ele: ‘Você precisa ver essa pessoa, vem ver’. Com Tássia Reis, também foi muito engraçado, ele escutou e ligou pra ela: ‘Oi, é o Melodia, tô ouvindo você aqui, que maravilha’. E ela: ‘Ah… Tá…’ [risos] Acho que ela não acreditou que era ele, não!”.

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07/01/2021

Brenda Vidal

Brenda Vidal