60 anos sem Carmen Miranda | A irreverência da musa tropical

05/08/2015

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Paula Moizes

Por: Paula Moizes

Fotos: Divulgação

05/08/2015

Carmen Miranda poderia ter sido apenas Maria do Carmo Miranda da Cunha, filha de portugueses que migraram para o Rio de Janeiro em 1909. Mas desde jovem ela não se enquadrava nos padrões da época – ainda bem. 60 anos depois de sua morte, homenageamos a mulher precursora que foi além da música e mostrou seu poder comunicativo para o mundo.

Morou por muito tempo na Lapa, até então reduto de artistas, malandros e putas. Por volta dos 15 anos, ela largou a escola para ajudar a família trabalhando em uma chapelaria. Carmen era a distração da loja, sempre cantando. Também já demonstrava seu gosto por adereços na cabeça, que mais tarde vão ganhar algumas várias bananas.

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Com o cinema virando febre no país nos anos 20, a carreira como atriz torna-se um sonho para Carmen também. Em 1926, ela atua como coadjuvante em seu primeiro filme, A Esposa do Solteiro. A partir de então, a intérprete protagoniza uma série de produções nacionais – inclusive Banana da Terra (1938) que lançou o clássico “O Que É Que A Baiana Tem?” – antes de chegar em Hollywood. Escondida dos pais, ela começa a se apresentar nos bares e clubes cariocas. Em um desses shows, é descoberta pelo violinista Josué de Barros.

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Brenno Ferreira, Carmem Miranda e Josué de Barros

Com o rádio também em ascensão, ela é uma das primeiras cantoras a assinar em 1932 contrato com uma emissora de ondas AM, a Mayrink Veiga. Na biografia Carmen (2005), escrita pelo apaixonado Ruy Castro, o autor descreve como, praticamente, a cantora criou a música popular brasileira. De fato, como ninguém ela sabia ressoar nossa língua e se comunicar com os brasileiros e o mundo. Uma característica que tropicalistas como Caetano Veloso invejavam. Em seu livro Verdade Tropical (1997), Caetano a lembra como “um emblema tropicalista, um signo sobrecarregado de afetos contraditórios que eu brandira na letra de ‘Tropicália‘, a canção-manifesto”. Carmen era adepta do maiô e não tinha medo de mostrar a barriga e as pernas. Foi desse jeito espevitado e irreverente que ela conquistou o coração e as letras de nomes como Pixinguinha e Dorival Caymmi.

Assim como todo mundo, sua vida não foi apenas flores. Aproximando culturalmente o Brasil dos Estados Unidos, ela acaba sendo usada pela “política de boa vizinhança” norte-americana. A rotina frenética como cantora também a leva a consumir remédios, drogas e álcool, um vício que se intensifica ainda mais nos Estados Unidos. Em 5 de agosto de 1955, por volta das duas da manhã, um colapso cardíaco fulminante a leva à morte aos 46 anos, sozinha, no chão de seu quarto, enquanto os convidados de uma festa se divertiam na sala de sua casa.

Com uma dicção invejável, riso largo e a beleza de uma mulher independente, Carmen Miranda será pra sempre nossa musa tropical, a primeira a ser reconhecida no mundo inteiro. Pra matar a saudade, ouça a playlist abaixo com as 15 músicas mais ouvidas de Carmen nos últimos cinco anos no Brasil, segundo uma pesquisa devolvida pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad).

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05/08/2015

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Paula Moizes

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