Quando se fala em A Red So Deep, o comentário é quase sempre o mesmo:
“É daqui? Tem certeza?”.
Nada mais compreensível. A banda, assim como a co-irmã Superphones, destoa do padrão vigente na cena gaúcha. Ou “não se aproveita das facilidades dos maneirismos gaúchos”, nas palavras do release escrito por João Perassolo.
Sem entrar nesse mérito, a verdade é que está muito mais afinada com o que é produzido lá fora. Para começar, as letras são em inglês. Definida pelos próprios integrantes como uma banda de indie rock, numa comparação grosseira diria que soa mais Melissa Auf Der Maur (uma das influências) que Superguidis.
As Black Furniture Makes Cat Hair Appear é o primeiro EP. Apesar de só ter sido lançado oficialmente no último dia 20, no Clube Praga (SP), desde fevereiro está disponível para download no site da banda. Composto por quatro faixas, Bells, Answer, Pieces e Heart Full of Snow, dá uma prévia do que está por vir.
Os vocais evocam Cranberries. As letras falam de amores mal resolvidos. As melodias são suaves e pesadas, por mais contraditório que isso possa parecer. Pieces, a primeira musica de trabalho, foi acertadamente escolhida. É uma balada melancólica que começa devagar, explode e fica na cabeça por semanas.
Em suma, trata-se de uma banda “tipo exportação”. Todo o conteúdo do site tem tradução para o inglês, inclusive. Não é nada impensável. Depois do contrato da CSS com a Subpop, a possibilidade de uma banda brasileira sair daqui tornou-se real. E falamos de CSS, não um trabalho sério como se vê na A Red So Deep.
Apenas uma ressalva, a clássica do brasileiro cantando em inglês. Nada contra a língua, apesar de muitos insistirem no eterno clichê que banda brasileira deve compor em português. O problema mesmo é o sotaque da vocalista Fergs, que não chega a incomodar mas chama a atenção.
Lovefoxxx não é exemplo para ninguém, muito pelo contrario. Mas seu inglês tem tudo a ver com a proposta da banda.