Exclusivo | Beto Mejía, mais solar e pop, apresenta seu primeiro disco pós Móveis

21/10/2016

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Fabiane Pereira

Por: Fabiane Pereira

Fotos: Calu Corazzi

21/10/2016

Beto Mejía está na área. E já chegou fazendo gol. Após a difícil decisão de pausar as atividades da sua banda, a Móveis Coloniais de Acaju, ele lança, com exclusividade aqui na NOIZE, o primeiro single, “Kaningawá“, do seu segundo disco solo batizado de Wahyoob, que chegará aos serviços de streaming no próximo dia 4 de novembro.

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O single de “nome estranho” ganhou forma com uma gama de sons além dos instrumentos mais familiares a Beto, que estudou piano, flauta doce, canto e graduou-se em flauta transversal na Escola de Música de Brasília. Aqui, ele assumiu a produção da faixa ao lado de Kelton Gomes, com quem divide os créditos por baixos e guitarras na música. “‘Kaningawá’ veio em um sonho. Durante o período de gravidez da minha esposa, sonhei com a minha filha me dizendo essa palavra. Estava compondo a música e sabia que aquela palavra tinha sido feita para aquela música. Doidera, né? Ainda, olha que loucura, mostrei essa música para um amigo que irá fazer uns vídeos de divulgação para o lançamento do disco e ele falou que já tinha ouvido esse termo em sonho! Doideira monster!! E mais um outro detalhe, Wahyoob, título do disco, refere-se à energia animal que era incorporada também no sono”, explica.

“Kaningawá” é a faixa mais contagiante do disco, é uma música de transição que chega carregada de referências de vida, amores e desejos do próprio autor. “Ela representa a minha vontade de uma energia mais colorida e tropical. Essa canção busca trazer o ouvinte para um nível energético que as canções do outro trabalho solo não alcançavam. A instrumentação e temática da letra foram pensadas para isso. Estou encarando essa canção, nesse novo momento da minha carreira, como um passo para o aprendizado do desconhecido. Se ela fosse um livro, seria Capitães de Areia. Se fosse uma novela, Tieta. Se fosse um barulho, o do vento nas ondas do mar”, define Beto.

Engana-se quem pensa que pausar por tempo indeterminado uma das bandas mais bem sucedidas da nova safra da música popular brasileira foi fácil. “Porra, foi muito difícil! Mas, ao mesmo tempo, foi um alívio. A gente tem 18 anos de banda. É uma maioridade. Convivi com o pessoal da banda mais do que com meus pais. Temos uma conexão emocional e energética muito forte. Continuamos nos falando e pensando coisas juntos. Mas só como amigos e não como trabalho “banda”. No fim, essa pausa nos proporciona caminhos interessantes para seguir. Eu posso focar um pouco mais na minha música. Eu posso me dedicar mais a minha filha e esposa. Posso crescer de outras maneiras que a banda não me proporcionava. Vai ser triste, mas será um ótimo aprendizado trabalhar e compor minhas coisas de uma maneira mais individual e também com outros parceiros”, conta Beto.

Se lançar em uma experiência solo foi uma maneira de dar forma a criações mais pessoais, mais íntimas, mais próximas do peito. Foi daí que veio Abraço, trabalho que lançou em 2012. Já o álbum Wahyoob e, em especial, este single , vêm de uma outra perspectiva, de experimentações e descobertas, mas sem abrir mão do formato canção. “Esta renovação sonora foi um processo gradual. A gente vai escutando coisas novas, que sente afinidade, que se identifica e vai modificando a maneira de trabalhar e pensar canções. A vontade na renovação veio naturalmente por sentir que não há necessidade de amarras com estética já pré-determinadas. Meu único direcionamento é sentir que a canção que está surgindo tem o que ela merece e precisa”, explica o compositor. “As experimentações pra mim partiram dos diálogos entre os elementos melódicos das músicas. Ainda, busquei intimidade com synths, algo que não tinha. O pensamento que direcionava o trabalho nesse disco era: “Como juntar grooves de macumba, guitarras indies e melodias tipo Beatles e Beach boys em canções solares?”, revela.

Depois de quase duas décadas no mercado fonográfico, Beto deixou de ser o jovem e inexperiente músico que sonhava viver fazendo música no Brasil para transformar-se num artista músico reconhecido por um trabalho de vanguarda. “Aprendi a ter menos expectativa com tudo. O Móveis foi um sonho que me possibilitou viajar o Brasil e o mundo. A banda me mostrou que a música é uma ferramenta incrível de sensibilização. Não temos controle sobre como nosso trabalho atinge os outros. Aprendi que toda e qualquer canção traz um grau de responsabilidade com o ouvinte que não é despretensioso. A pessoa que ouve a sua música quer sentir algo diferente, sempre. E transformar pessoas dessa maneira é de uma responsabilidade imensa. Ao mesmo tempo, deixo atualmente as coisas fluírem mais sem tanto grilo”, afirma.

A diminuição da ansiedade fica explícita no processo de produção e criação deste primeiro álbum, pós Móveis. “O disco demorou um bocado pra ser feito. Comecei no meio do ano passado. Daí, descobri que estávamos grávidos e tudo foi ficando mais lento no processo. Mas, ao mesmo tempo, isso ajudou a fazer com que as músicas saíssem com mais maturidade e com a sonoridade que buscava. Foi bem cansativo que grande parte das coisas foram gravadas de madrugada após minha filha e esposa terem ido dormir. Gravei a cozinha (batera, baixos e guitarras e percussões) em Brasília. As vozes em São Paulo. E o que sentia necessidade de colocar, fazia em casa mesmo. Após as músicas estarem prontas, pedi pra 5 amigos mixarem. Não queria um disco com a mesma sonoridade pra todas as músicas. E isso foi muito bom. Além do que, ia de acordo com o conceito do nome. Cada um incorpora um animal de poder diferente e sai um mix diferente. Por fim, o disco foi masterizado em L.A por Xande Bursztyn. O Kelton gomes, músico e produtor de Brasília, me ajudou também na produção do disco. Tô felizão com o resultado”, detalha.

A escolha do título veio da vontade de trazer um conceito que pudesse resumir algumas coisas. Wahyoob é acima de tudo uma energia animal intrínseca desconhecida que transforma por si só. “Melodias bonitas me atraem. Quando encontro alguma, gravo imediatamente. E digo encontrar porque, às vezes, estou fazendo outra coisa sem ter nenhuma relação com música e ela aparece. Tava aí jogada no ar e de alguma maneira captei”, conta.

No início de novembro o trabalho ganha as redes e o mundo. “Quero lançar o disco logo, ver como será a reação e chegar com um show lindão no começo do ano que vem”, conta Beto Mejía empolgado. Por aqui, já estamos com os ouvidos atentos.

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21/10/2016

Fabiane Pereira é jornalista, pós graduada em "Formação do Escritor", mestranda em "Comunicação, Cultura e Tecnologia da Informação" na Universidade Nova Lisboa. Curadora do projeto literário "Som & Pausa" e ainda toca vários outros projetos pela sua empresa, a Valentina Comunicação. Foi apresentadora do programa Faro MPB na MPB FM por quatro anos e atualmente comanda o boletim "Faro Pelo Mundo" na emissora de rádio carioca.
Fabiane Pereira

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