Camarim Morrostock 2019 | Pt.2 | Pingue-pongue com Nação Zumbi e Mulamba

22/11/2019

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Divulgação

22/11/2019

O Morrostock 2019 foi um momento inesquecível não só para a plateia, mas também para quem fica em cima do palco. A NOIZE esteve nos quatro dias do festival e já contou tudo o que aconteceu em uma resenha divida em parte um e parte dois. Mas, não perdemos a chance de bater um papo com algumas das atrações do palco principal do Morro e, abaixo, compartilhamos a segunda parte do “Camarim Morrostock 2019” (a primeira parte, com Céu, MC Tha e Jaloo, você lê aqui). Desça a página e leia as entrevistas no pique pingue-pongue com Nação Zumbi e Érica Silva, baixista e guitarrista da Mulamba.

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Nação Zumbi bateu um papo com a NOIZE minutos antes de subir ao Palco (Thales Renato Ferreira/Divulgação)

Nação, falando sobre o contexto atual e a longa trajetória de vocês em festivais, como vocês avaliam os festivais que estão acontecendo pelo Brasil hoje? Qual a importância deles? 
A gente está vivendo um momento muito difícil no país. Ter festivais de pé, hoje em dia, é sinal de resistência. Tocar em festivais no sul, para a gente, é uma coisa muito boa. Apesar de já termos feito vários, ainda é muito pontual. Em todo o tempo que o Psicodália existe, por exemplo, nós tocamos uma vez só. Aqui [Morrostock], existe até uma coisa muito próxima também dele, essa coisa do camping, as pessoas se estabelecendo e permanecendo aqui durante o festival todo, e é legal para caralho isso. Enfim, festival para a gente é muito importante, traz muitas coisas novas, encontramos todo mundo que não encontrávamos há muito tempo, e ainda transitamos por lugares que nunca havíamos ido até então. 

Jorge dü Peixe em ação no Morro 2019 (Vitória Proença/Divulgação)

Com essa trajetória tão consolidada, como vocês estruturam o setlist e com que energia vocês chegam ao palco?
Repertório é um negócio bem complicado. Há cada lançamento de disco você tenta adequar novas músicas a um repertório que já existia, e vamos aprendendo com o tempo, você vai percebendo o feedback do público, além de algumas músicas serem mais pedidas que outras, a gente vai sempre ajustando e isso fica perceptível a cada show. A gente costuma mexer muito também levando em conta o lugar, se estamos indo para lugares nos quais já não vamos há algum tempo, a gente procura trazer músicas mais antigas. Existe muito isso ainda; antes, o artista moldava o disco pelo show, hoje é ao contrário, o disco é que faz com o que o show seja o que tem que ser. E energia para o show, bom, a gente tem que estar pronto antes de subir ao palco, unir forças – ocultas, ninguém sabe de onde [risos] – para a gente ter o gás necessário para o palco. 

E vocês acompanharam muitas transições, desde a época em que o disco estava muito consolidado, até agora, aonde estamos na época do streaming, na vibe dos singles… 
Numa vibe muito estranha, né? Ainda é muito novo para falar. 

Nação no Pachamama (Vinicius Angeli/Divulgação)

Como é se colocar nesse lugar? E como vocês enxergam momentos como esse, o Morrostock, em que a dinâmica de tempos atrás não muda tanto, já que não tem internet então, provavelmente, não vai ter uma galera fazendo stories durante o show?
Pois é, ninguém vai publicar nada. Mas achamos legal, isso é mais perto da vida real. Vidas virtuais são importantes também, mas aqui é o agora e não tem o que publicar. É importante deixar esse universo digital um pouquinho de lado para curtir o show sem filmar. É sempre o celular em uma mão e o copo na outra, ninguém aplaude mais. Mas também é de cada um, é uma geração nova, millennials e pós-millennials, enfim. E faz parte, já nascem com o dedo ali na tela. 

Da esquerda para direita: Érica Silva, Cacau de Sá, Amanda Pacífico, Caro Pisco, Fer Koppe, e Naíra Debértolis, da Mulamba (Elizabeth Thiel/Divulgação)

Érica, os shows da Mulamba são sempre um acontecimento, até porque se criou uma tradição sobre os shows de vocês aqui no festival, mesmo em quem já assistiu e quer assistir de novo. Gostaria que você comentasse um pouco sobre a relação de vocês com o Morrostock?
Tá sendo novo para mim porque eu entrei na banda um pouco depois, então, na primeira vez que elas tocaram, eu não estava. Esse show que acabamos de fazer aqui está sendo o meu primeiro laço como esse festival e eu fico estupefata toda a vez com quanto festival massa o interior do Brasil produz. Era uma coisa que eu não fazia muito ideia na época que eu ainda não estava em uma banda que percorresse esse jeito de circulação pelo país. Quando eu entrei na banda e começaram a vir os primeiros festivais, você viaja para cá e para lá, e eu fiquei pensando “caramba, olha quanta coisa massa tem e as oportunidades que nós temos de conhecer novos lugares”, para levar o nosso som, para expandir, para acontecer nesses espaços. Nossa, eu achei que esse festival aqui tem aqui… nossa, eu nem sei explicar, é uma grandiosidade mesmo, em cada significado que essa palavra tem. A grandiosidade dentro das pessoas que estão aqui trabalhando, produzindo, desde a faxineira e a cozinheira, até quem está no palco, na parte técnica, e o público, né?! Nossa senhora, um público muito caloroso, eu ouvi dizer que nesse ano deu bom na parte do tempo, que o clima ajudou – apesar do frio! Mas nem parece! Tá todo mundo solto, o pessoal tava numa energia lá em cima, então nem teve frio. Eu não senti frio, estou aqui dando essa entrevista sem blusa porque eu não estou com frio, foi muito caloroso mesmo. Então, no próximo Morrostock, nossa, por favor, nos contratem! [risos]. Foi a minha primeira experiência, mas eu posso dizer pelas meninas que elas ficaram ainda mais felizes e animadas em saber que, né, mesmo sendo o mesmo show, não perdeu qualidade, não se perderam os adjetivos que o primeiro show teve. A gente conseguiu até superá-los.  

Amanda Pacífico é uma das vocais e compositoras da banda (Vitória Proença/Divulgação)

Por mais que você tenha entrado na banda depois da sua construção, você consegue avaliar qual a importância dos festivais na trajetória da Mulamba? 
Sim! Como eu estava comentando contigo, realmente, tá sendo praticamente o nosso principal instrumento de circulação, de estar em lugares como, por exemplo, Belém, no Pará, que inclusive é a terra da Amanda [Pacífico], uma das meninas do vocal e da composição. Então, imagina a alegria dessa mulher de voltar para a terra dela com a banda – que é como se fosse uma família que ela construiu quando ela foi para Curitiba  -, e, caramba, você se reúne com essas pessoas, você faz disso praticamente uma morada, e de repente você tem a oportunidade de voltar para a sua terra para cantar. Então, essa mulher tava saltando metros e a gente extremamente feliz de estar ali com ela dividindo aquele espaço. Só nesse exemplo, olha a importância e a grandiosidade dos festivais! O que eles proporcionam para os artistas, para a cultura! Na próxima semana a gente vai pro Do Sol também, que é no Rio Grande do Norte. 

Do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte? 
Exatamente! Em uma semana! É a terceira vez que a gente vai para o nordeste, fomos ao festival de Garanhuns, em Pernambuco, também já fomos à Bahia. Então, a gente tá amando demais isso, essa oportunidade de conhecer essas pessoas também porque, quando a gente chega lá e pensa “será que as pessoas nos conhecem, nos ouvem?”, sempre é uma resposta excitante. As pessoas cantam e conhecem Mulamba, é muito legal ver isso de perto, sentir esse calor vindo delas, e o quanto aquilo é importante para elas. Esse é outro lado que os festivais fazem tão bem, que é o público experienciar estar perto desse artista que muitas vezes marcou sua vida, principalmente das mulheres, no nosso caso. É tudo muito importante, meu deus, festival é muito importante! 

Banda ao final do show no Morrostock 2019 (Elizabeth Thiel/ Divulgação)

Pra gente fechar: A trajetória da Mulamba está muito ligada aos seus shows, a banda foi cativando muito do seu público através das performance ao vivo até o lançamento do disco de estreia [Mulamba (2019)]. Com um terreno tão fértil preparado, quais estão sendo os frutos desse disco e quais são os próximos passos? 
Isso é uma coisa de planejamento, mas, isso que você comentou, é muito curioso. Hoje em dia a gente trabalha um pouco das músicas e quando vê que aquilo se consolida, faz um disco, e daí continua trabalhando isso. E como a gente tá falando de festivais, com certeza uma das coisas que esse disco proporciona para a gente é ser esse cartão de visitas para festivais e espaços que exijam um disco como portfólio. Talvez, no ano que vem, além de explorar um novo disco e novas músicas, um dos nossos passos é, quem sabe, expandir mais nossa circulação pro exterior, mas, com certeza. O maior fruto do disco é proporcionar que as pessoas nos conheçam.

22/11/2019

Brenda Vidal

Brenda Vidal