Como a crise da dívida da Argentina pode afetar shows internacionais no Brasil em 2015

12/10/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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12/10/2014

Na semana passada, a publicação El Cronista afirmou que o “calote da dívida [argentina] fez sua primeira vítima de peso no mercado dos shows”. A apresentação de Paul McCartney no país estava sendo negociada há três meses e faltava pouco para o anúncio do show que aconteceria na segunda semana de novembro em Buenos Aires. Nos últimos dias, algumas complicações na hora do pagamento fizeram a Argentina desistir do artista em 2014.

Macca parece que também confirmou um show no dia 10 de novembro em Cariacica, região metropolitana de Vitória/ES, e está cotado para inaugurar o novo estádio do Palmeiras, em São Paulo. Não sabemos ainda se o adiamento do show no estádio do River Plate irá afetar as apresentações no Brasil, mas é bem possível. Argentina e Brasil são dois países que, ao lado do Chile, formam um eixo economicamente forte e atrativo para trazer artistas internacionais como McCartney, que cobra cerca de U$ 4 milhões por show. As próximas negociações para trazer Paul McCartney à Argentina serão feitas daqui alguns meses e as apresentações devem rolar só no primeiro semestre de 2015.

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Segundo o jornalista Lúcio Ribeiro (Popload), nas conversas de backstages argentinos os comentários são que a culpada de tudo isso é a atual crise econômica do país. Com a Argentina em dívida, a vinda não só de McCartney, como também dos Rolling Stones e Pearl Jam ao nosso país podem estar comprometidas. Os Stones acabaram de adiar o show que fariam por aqui no início do ano que vem. A informação de Lúcio Ribeiro é de que a passagem pelo Brasil ficou para o final de 2015, entre setembro e novembro.

Resumindo esse bicho de sete cabeças que é a economia, a Argentina lá em 2001, quando chegava na casa dos 20% na taxa de desemprego e o peso estava muito desvalorizado, anunciou que não poderia mais pagar nenhuma dívida e reestruturou seu débito. Ela disse então que poderia pagar apenas àqueles que aceitassem trocar U$ 0,35 por cada U$ 1 dos títulos originais. 93% dos credores aceitaram essa troca. Os 7% que não aceitaram são, na maioria, fundos de cobertura (investimentos de altíssimo risco). Quando a Argentina estava prestes a quitar sua dívida com aqueles 93%, os 7% alegaram que o país não poderia pagar os que renegociaram os títulos se também não quitasse a dívida com os que não aceitaram o acordo.

Mas o problema agora é mais do que econômico, mas judicial. A Argentina havia feito o depósito dos títulos trocados, mas por uma decisão de um juiz nova-iorquino esses recursos foram bloqueados até que o país cumprisse a decisão judicial que ordena o pagamento da dívida dos 7% que não aceitaram renegociar. Em julho desse ano, o governo de Cristina Kirchner, sem fundos suficientes para quitar tudo, declarou calote novamente.

A Argentina já não tinha dinheiro, e agora tem menos ainda. Os U$ 4 milhões (se fosse apenas um show) necessários para o show do Paul McCartney, que antes poderiam não ser nada demais, soam como uma fortuna para um país que está em crise. Mas sem a Argentina, uma das grandes potências latino-americanas, vai ficar complicado os artistas marcarem shows por aqui. Esperamos que os hermanos se ajeitem (sem uma grande crise política) para que 2015 seja um ano de grandes shows internacionais, como estava previsto para ser.

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12/10/2014

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