“Nós pensamos muito antes de concordar com isso”, escreveu Flea, no site oficial do Red Hot Chili Peppers, sobre os instrumentos estarem desplugados durante o show que rolou no intervalo do Super Bowl no último domingo.
O baixista contou que desde o início eles sabiam que o baixo, a bateria e a guitarra de “Give It Away” seriam gravados para a apresentação. Apenas os vocais de Anthony Kiedis seriam ao vivo. “Eu entendo a postura do NFL [Liga Nacional de Futebol] sobre isso, visto que nos poucos minutos que eles têm para arrumar o palco, tem um zilhão de coisas que podem dar errado e arruinar o som para o pessoal assistindo no estádio e na TV”, completou Flea.
Até o início dos anos 90, o RHCP participou de alguns programas da TV americana em que foram obrigados a tocar playback. Em todas as vezes, eles faziam questão de mostrar que aquilo não era uma apresentação ao vivo. Segundo Flea, durante um ensaio para a premiação Top Of the Pops, eles foram expulsos por fazer uma verdadeira “paródia da ideia de uma verdadeira performance ao vivo”.
Flea fez questão de ressaltar o quanto tocar música é importante e sagrado para o RHCP e que qualquer um que tenha assistido a um show da banda sabe que eles gostam de improvisar e “suar sangue em cada show”. A escolha de tocar no Super Bowl sob a restrição de gravar os instrumentos anteriormente não foi fácil, já que eles não costumam mais aceitar esse tipo de proposta. “Mas nós acabamos decidindo, isso [o show] era algo surreal, uma coisa louca pra se fazer uma vez na vida e nós iríamos aceitar e nos divertir. […] Todo o RHCP ama futebol e isso ajudou em grande parte na nossa decisão. Nós decidimos que, com Anthony cantando ao vivo, nós ainda poderíamos trazer o espírito e a liberdade das nossas performances, e é claro que nós tocamos cada nota na gravação especialmente para o show”, escreveu Flea.
Em seu Twitter oficial, Flea escreveu ontem: “Sem truques. Sem escolha, mas sem truques”, referindo-se à escolha deles de não usarem seus instrumentos plugados.
No trickery. No choice, but no trickery
— Flea (@flea333) February 4, 2014
Sobre os instrumentos visivelmente desplugados, Flea escreveu: “Nós podíamos ter plugado eles e evitado as pessoas que não tem o que fazer de ficarem frustradas porque a parte instrumental foi pré-gravada? Claro, facilmente nós poderíamos ter feito isso e não seria um problema. Nós pensamos que seria melhor não fingir. […] Foi como se estivéssemos fazendo um clipe na frente de um zilhão de pessoas, tirando os vocais ao vivo, e apenas uma chance de fazer bem. Nosso único pensamento era trazer para as pessoas o espírito de quem nós somos”.
No pré-show, que aconteceu no Barclays Center (Brooklyn), no dia anterior à final do Super Bowl, o RHCP tocou plugado:
O que o baixista do RHCP explicou no site oficial da banda é que a (curta) participação deles no show de intervalo do Super Bowl foi pensada para ser um espetáculo completo montado em segundos, e para isso acontecer os instrumentos deveriam ser gravados para uma melhor qualidade de som. O que mais o RHCP sabe fazer é improvisar e se arriscar musicalmente, mas no domingo não era o momento de fazer isso.
Reunimos abaixo cinco performances do RHCP, entre os anos de 1987 e 1990, em que a banda não podia tocar ao vivo e, por isso, decidiram nem sequer fingir que estavam tocando. No final, você assiste ao show completo no Slane Castle, uma das melhores performances ao vivo deles.
Estados Unidos, 1987 (com o guitarrista Hillel Slovak)
Estados Unidos, 1988 (com o baterista D.H. Peligro)
Programa de TV Club MTV (1989)
MTV Spring Break Party (Estados Unidos, 1990)
Slane Castle (Irlanda, 2003)