#bqvnc | Chimi Churris

22/08/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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22/08/2014

Pessoas sentadas em roda, duas delas com seus violões ficam juntas. Entre elas, uma outra maneja três campainhas. Sons ressoam dos instrumentos, acordes dissonantes conversam com a voz de um dos violonistas. Depois de alguns versos, o barulho agudo das campainhas entra de forma ritmada. Não há como imaginar o que se passa na cabeça de cada um dos homens e mulheres que presenciam o momento, mas o Chimi Churris traz uma proposta bem clara: levar os mais atentos para uma viagem psicodélica. A base das canções é a repetição, lembrando grandes mantras, criando atmosferas. Os cantos buscam um outro lugar espiritual que está onde você imaginar, desde que não seja o nosso mundo material. Conversando com os integrantes que fundaram o grupo, Mario Arruda, Maurício Pflug e Ricardo Giacomoni, é perceptível que a expressão artística da banda está estritamente ligada à existência deles, e isso fortalece ainda mais os sons do Chimi Churis.

Cenas semelhantes à descrita acima aconteceram muitas vezes em Porto Alegre desde o meio de 2012. O Chimi Churris surgiu a partir do coletivo Ovos e Llamas, idealizado por Mario, Maurício e Ricardo. Do começo na fotografia, os três amigos expandiram seus projetos para a arte visual, o vídeo e qualquer outro meio que busque estados alterados de consciência provocados pela arte. Entre vários experimentos, eles chegaram naturalmente ao Chimi e seu som shoegaze, psicodélico e semi-acústico, e o espaço para a banda veio nos eventos ao ar livre gratuitos realizados pelo próprio coletivo, os Geramores. No começo, o lo-fi era involuntário, já que os músicos tinham poucos recursos para gravação e apresentação, mas não demorou muito para que percebessem o valor estético dos sons de baixa qualidade. Procurando referências, chegaram a nomes lendários em fazer arte com pouco. Mario cita Slowdive e Daniel Johnston como influências do trabalho.

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Apesar de existir há poucos mais de dois anos, a banda já sofreu grandes mutações. Paulo Henrique Lange assumiu a bateria, trazendo suas influências de pós-punk para a sonoridade do Chimi. Pflug trocou as campainhas por samples e sintetizadores, ampliando as possibilidades de experimentação e deixando o som da banda mais elétrico. Em 2013, os músicos lançaram um crowdfunding para a produção do primeiro EP, É Pisco Férias. O lançamento chegou em janeiro de 2014, e mostrou uma banda em evolução, mesclando composições e arranjos já conhecidos por quem os acompanhava com sons novos, pouco ouvidos pelas bandas de Porto Alegre. A proposta lo-fi foi levada ao extremo quando os integrantes usaram microfones de computador, daqueles que vinham com um Pentium 166, para gravar boa parte das faixas.

Oito meses depois da chegada de É Pisco Férias, o Chimi Churris ganhou mais dois integrantes e está buscando um som diferente, mas que se baseia na mesma atmosfera expansiva, caracterizada por Mario Arruda como “música de roda”. Daniel Eizirik e Alexandre Moreno se dividem em vários tipos de percussão na nova formação da banda, indo de atabaques a bongôs e zabumbas. Os sons tribais e nativos destoam das guitarras cada vez mais distorcidas, dando um clima ainda mais shoegaze do que no início da banda, até por que a entrada dos pedais obrigou os integrantes a praticar o shoegazing. Tudo o que é feito pelo Chimi Churris é composto por todos os músicos, às vezes com algumas parcerias, como o guitarrista Ernesto Scheffer, da também porto-alegrense Garage Monsters.

Sempre em mutação, o som do Chimi Churris ganha ainda mais camadas em “Jahnaína”, faixa nova que acabou de ganhar uma versão em vídeo, numa experiência audiovisual psicodélica, assista abaixo. A música faz parte de uma nova fase da banda, descrita pelos músicos como mais elétrica, e que deve render um disco de estreia nos próximos meses.

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22/08/2014

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