No Mundial 2014 a vitória de um time pode até ser mais certa que a do outro, coisa que não acontece na Copa NOIZE. Hoje entram em campo duas seleções com raízes bem fortes na sonoridade de seus países, mas que também sabem transitar por outros estilo e ser originais: Argentina e Nigéria.
Aqui o que conta é a habilidade, seja com os batuques africanos ou com o tango latino, e criatividade para surpreender os ouvidos mais apurados. As escalações já foram feitas, baseadas nos esquemas táticos de verdade dessas seleções, e os times já estão em campo esperando o seu play.
Argentina
Esse time é uma avalanche sonora. Os hermanos chegam com força nessa Copa, cheios de maldade e com grandes astros em campo. Seu esquema defensivo focado nas raízes do tango é a arma secreta da Argentina, mas não pense que seus atacantes são mansos: seu rock n’ roll com sabor latino é uma máquina de fazer gols.
Gol
Mercedes Sosa
Essa goleira é um colosso. Mercedes Sosa defende a Argentina de qualquer ataque à liberdade do seu povo, luta por um sonho de integração latino-americana e ainda toca o jogo pra frente cantando a alegria e a dor dos seus semelhantes. Sua descendência indígena lhe dá fibra para ser a “voz dos que não têm voz”, por isso ela é tão amada pela torcida, que a chama carinhosamente de “La Negra”.
Defesa
Gotan Project + Bajofondo + Federico Aubele + Tanghetto
A zaga desta seleção é formada por um grupo de astros formados na malandragem do tango que mantém um pé no fincado na música contemporânea. Jogadores versáteis, gostam de roubar a bola dos atacantes com entradas fortes de bandoneón e sair jogando no ritmo da batidas eletrônicas. São atletas que jogam bonito, defendem a área com bailando com elegância. Gotan Project, Bajofonfo e Tanghetto são grandes parceiros de eletrotango, apenas Federico Aubele avança pela lateral trabalhando com outros ritmos.
Meio-campo
Charly García + Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota + Babasónicos
Os meio-campistas são um espetáculo à parte. É aqui que está o capitão do time, Charly García, nome experiente que se destacou ainda em 1969, quando jogava no Sui Generis. Nem sempre seus colegas entendem as suas jogadas, mas, na tentativa e erro, Charly acaba criando um lance genial. Ao seu lado, Patricio Rey Y Sus Redonditos de Ricota e Babasónicos estão sempre a postos para fazer lançamentos inesperados. Eles saber jogar com velocidade, mas sem afobação. Suas bases de guitarra são ótimas em preparar o terreno para as investidas furiosas dos atacantes roqueiros da Argentina.
Ataque
Bersuit Vergarabat + Él Mató A Un Policía Motorizado + Los Fabulosos Cadillacs
Esse trio de atacantes promete derrubar qualquer zagueiro. Bersuit Vergarabat é um jogador que destila veneno a cada acorde: primeiro, dribla o adversário dançando no ritmo quente da cumbia, depois dá uma porrada pro gol com uma guitarra pesada. Los Fabulosos Cadillacs é um artilheiro de vanguarda que joga no estilo fusion, misturando salsa com rock, ska com candombe, e sempre confunde a zaga com tanta mistura. Tomando a dianteira do time, Él Mato A Un Policía Motorizado joga forte. Ele é o jogador indie da seleção e está sempre em busca da vanguarda, sem medo de ser agressivo pra marcar aquele golaço que entra com guitarra e tudo na goleira.
Nigéria
Jogando no tradicional modelo africano de força e velocidade nos batuques, a seleção nigeriana joga no esquema tático 4-3-3. É um time disciplinado e fiel à sonoridade de seu país, mas que também sabe ser criativo e original. Os adversários precisaram de um bom preparo físico pra acompanhar a seleção da Nigéria da Copa NOIZE.
Gol
Majek Fashek
Calma e serenidade fazem do Bob Marley da Nigéria um grande defensor. Mas não pense que ele e tranquilo demais para perder bolas rápidas. Majek Fashek tem a marca de sua guitarra e da Nigéria na sua música e vai defender seu país como um bom soldado de Jah.
Defesa
Fela Kuti + Femi Kuti + Tony Allen + Sunny Adé
Essa é uma das retaguardas mais entrosadas da Copa NOIZE. Jogando ao lado do filho e do ex-parceiro de Africa 70, Fela Kuti troca passes com Femi Kuti e Tony Allen como ninguém. O triângulo pesado carregado de afrobeat. Vai ser difícil passar por esses três, já que não há drible que engane o gingado desses caras. Fela Kuti também é inspiração para vários jogadores nigerianos, e por isso ele é o capitão do time, porque ele o inspira. Seu filho e aprendiz Femi Kuti seguiu os conselhos do pai e hoje ganha lugar de destaque na seleção nigeriana por atualizar e modernizar as jogadas do pai. Na mesma linha fica Tony Allen, experiente jogador que conhece Fela Kuti há anos e já vai provado que os dois podem fazer grandes jogadas juntos. Quem incentiva as jogadas individuais do trio é Sunny Adé. Com um estilo diferenciado dos colegas, ele incorpora elementos de outros gêneros à música jùjú e cria possibilidades sonoras que os outros jogadores podem explorar.
Meio-campo
Jay-U Experience + Dan Maraya + Salawa Abeni
Velocidade e ritmo é o que não falta ao meio-campo nigeriano. A imponente música da rainha do waka Salawa Abeni é intimidante para os adversários. Mesmo com toda a rapidez de seus batuques, ela não costuma errar com sua voz mantrica que dá força ao time. Dan Maraya é outro jogador experiente. Esse faz vinho com água. Especialista na técnica do Kontigi, é incrível o que ele consegue fazer com um instrumento com apenas duas cordas. Por isso, na hora do aperto é ele quem salva o time. Como uma injeção de jovialidade é sempre bom em um grupo, o Jay-U Experience entra com seu dance africano em campo para dar mais (ainda) agilidade e energia ao meio-campo. Mais um artista que utiliza o estilo afrobeat pra sair da marcação e driblar o adversário antes mesmo que ele perceba.
Ataque
Joni Haastrup + BLO + Ofege
Cada um com sua individualidade, os jogadores do ataque nigeriano têm muita originalidade. Joni Haastrup é o goleador do time: ninguém consegue parar esse funkeiro cheio de ginga. Carregado no baixo, seu som ganha em ritmo e qualidade técnica dos adversários, e ainda levanta a torcida da Nigéria. Ofege é o malandro, sempre querendo fazer alguma firula psicodélica. Mas esse jeito sem frescura da banda é o que confere ao ataque do time gana para ir pra cima sem medo e marcar o gol. Completando a linha de frente elétrica da Nigéria está o rock do BLO, o reforço clássico que traz equilíbrio ao ataque cheio de distorções e psicodelia.