Faixa a Faixa | “Acabou Chorare”

09/05/2013

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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09/05/2013

“Acabou Chorare” não é apenas o segundo trabalho de estúdio dos Novos Baianos. O disco, lançado em 1972, é considerado, por um time expressivo de estudiosos e produtores, a obra mais expressiva da música brasileira de todos os tempos. O álbum é fruto também de uma experiência coletiva e livre, que tem no samba e no rock as suas mais fortes raízes.

Para comemorar o 40º aniversário do álbum, Moraes Moreira, um dos principais compositores dos Novos Baianos, está excursionando pelo Brasil com um show especial, em que “Acabou Chorare” é executado na íntegra. O espetáculo, que já passou por todas as principais capitais do país, deve virar um DVD em breve.

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E foi por conta disso que conversamos com Davi Moraes, guitarrista da banda e filho do ex-Novos Baianos. Ele, que nasceu no mesmo ano em que o álbum foi lançado, conversou com a NOIZE, numa tentativa de reinterpretar as músicas de “Acabou Chorare”, que até hoje é tema de trabalhos acadêmicos e histórias de bastidores.

“Brasil Pandeiro”: Essa música tem a cara dos Novos Baianos. Ela começa só com voz e violão e tem aquela característica deles de vir com a surpresa aos poucos. Os arranjos do meu pai, a craviola e o baixo dobrado ficaram gravados na cabeça dos músicos e dos não músicos até hoje. Acho que eles deram uma cara muito forte à música, de ir crescendo e de se transformar numa festa no final.

“Preta Pretinha”: Às vezes a gente diz que “Preta Pretinha” é a música sertaneja dos Novos Baianos. Eu acho que ela tem uma veia disso, mas tem também uma personalidade muito forte. É uma canção muito peculiar, muito simples, mas muito bonita. Quando chega a hora do show, ela é aquela coisa boa de cantar. As pessoas soltam o gogó mesmo. Para mim, uma das composições mais fortes do meu pai com o Galvão. Todas as gerações, de todos os lugares do Brasil, sabem cantar “Preta Pretinha”.

“Tinindo Trincando”: Essa música, diferente das outras, vem uma outra marca muito forte da banda, que é o riff de guitarra matador do Pepeu. Ela é assim, meio que um rock com sotaque nordestino. E lá na metade dela entra um baião, mas depois volta para o rock de novo. Eles tinham muita facilidade em fazer isso, sem nunca perder a brasilidade.

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“Swing de Campo Grande”: É a música que eu canto nos shows. Para mim, é o lado regional dos Novos Baianos. Ela tem aquele coro característico da banda e um sotaque bem samba rock.

“Acabou Chorare”: A música que mais marca a influência de João Gilberto. Eles se conheceram antes da gravação disco, numa visita que o João fez ao apartamento em que os Novos Baianos moravam. Foi um encontro meio que para apresentar a música brasileira à banda, que na época era muito mais rock. A partir daí, principalmente nesse disco, eles começam a misturar bossa nova, samba e outros ritmos.

“Mistério do Planeta”: Essa é um rock/blues meio quebrado, difícil de ser tocado. Quem não conhece, que nunca escutou, dificilmente vai acertar de primeira. Sei de uma galera que até hoje não conseguiu entender como a música é tocada. Talvez seja por essa coisa muito peculiar dos Novos Baianos de quebrar compasso. Para mim, essa é a música com a letra mais forte para cantar ao vivo. É quando o público canta com mais força. Tenho uma identificação muito forte com essa letra também.

“Menina Dança”: Tem a cara da Baby. Como meu próprio pai fala, é a Baby narrando ela mesma. Uma das músicas mais fortes dos Novos Baianos até hoje, que todo mundo canta nos shows.

“Besta É Tu”: É o lado sambista dos Novos Baianos, com coros e um refrão muito forte. Tem também aquela irreverência deles. Eu diria que é o samba ao estilo Novos Baianos. Você não pode dizer que é um samba mais tradicional, que é mais isso, que é mais aquilo. É um samba com a assinatura e a criatividade dos Novos Baianos.

“Bilhete para Didi”: Essa tem uma história muito boa. Ela foi composta com o cavaquinho que o Jorginho ganhou do Paulinho da Viola, que estava com uma corda só. Ele compôs a música praticamente com uma corda só. A gente até diz que é um “Brasileirinho” nordestino, porque tem toda uma influência dos sanfoneiros, da música instrumental do nordeste. E ela foi feita num cavaquinho, que é um instrumento de samba. Uma composição desse gênio é o Jorginho Gomes, um dos maiores bateristas do Brasil. Há anos tocando com o Gilberto Gil e sendo um dos maestros dele, o cara toca bateria, cavaquinho e bandolim. Tudo absurdamente bem. Eu considero essa uma das grandes músicas instrumentais do Brasil, uma tacada de gênio mesmo.

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09/05/2013

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