Dia do Rock | 10 vezes em que o rock salvou o mundo

13/07/2015

Powered by WP Bannerize

Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Reprodução

13/07/2015

No Dia do Rock, aproveitamos para lembrar porque o rock é como se fosse um super-heroi que não se cansa de salvar o mundo dia após dia. Veja:

1) Liberou a dança
Quando surgiu, nos Estados Unidos dos anos 50, o rock e suas danças eram considerados símbolos da imoralidade. Em 1953, Elvis Presley fez suas primeiras gravações e, em pouco tempo, seus movimentos pélvicos conquistaram a juventude da América ávida por uma forma de se diferenciar do moralismo conservador que assolava o país no contexto do pós-guerra. Em 1957, quando tocou no Ed Sullivan Show, o mais importante programa musical de então, Elvis só foi filmado da cintura pra cima, evitando que sua dança “corrompesse” mais jovens. Não demorou até que a censura caísse no ridículo e as danças se tornassem cada vez mais sensuais (e sexuais).

*

2) Revolucionou a moda
Antes do rock, mulher vestia saia e homem vestia calça. Mulher tinha cabelo comprido e homem, cabelo curto. Tudo mudou depois da Invasão Britânica, na metade dos anos 60, quando se popularizou nos Estados Unidos o som dos “cabeludos” ingleses dos Beatles, Rolling Stones, The Who e The Kinks. Bastaram uns anos para explodir o movimento hippie com toda sua nudez e chapação. E, na década seguinte, veio o punk para demolir o conservadorismo que resistiu aos hippies.
.



3) Fez uma ponte com o Oriente
Em 1967, George Harrison passou seis semanas em Bombaim, na Índia, a convite do músico Ravi Shankar. Lá, aprendeu a tocar cítara e entrou em contato com a espiritualidade hindu, fato que marcou sua vida (e sua obra) para sempre. Naquele mesmo ano, os Beatles se aproximaram de Maharishi Mahesh Yogi – inclusive, quando Brian Epstein (empresário que lançou a banda) morreu vítima de overdose, os Beatles estavam em um encontro com o guru. Tudo isso aconteceu ao mesmo tempo em que florescia o movimento hippie e os Beatles foram fundamentais para popularizar no Ocidente a filosofia pacifista e transcendente da Índia. Se hoje você pode fazer aulas de yoga em cada esquina, agradeça aos Beatles.



4) Arrecadou fundos pro 3º mundo
Hoje só é o Dia do Rock por causa do Live Aid, um festival gigante que aconteceu em 13 de julho de 1985 com o objetivo de arrecadar verbas para ajudar a combater a fome na Etiópia. Organizado pelo músico e ator Bob Geldof (que protagonizou o filme The Wall, do Pink Floyd), o evento reuniu dezenas de grupos para tocarem no Wembley Stadium, em Londres, e no John F. Kennedy Stadium, na Filadélfia. Paul McCartney, Queen, The Who, David Bowie, U2 e Eric Clapton foram alguns dos nomes que tocaram, mas os maiores destaques do Live Aid foram os encontros memoráveis que aconteceram lá. Houve uma reunião do Led Zeppelin, com Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e Phil Collins, Tony Thompson e Paul Martinez dividindo a bateria. Também rolou uma união entre Bob Dylan, Keith Richards e Ronnie Wood, assim como uma reunião do Black Sabbath com o Ozzy Osbourne, que havia sido expulso da banda 5 anos antes. 20 anos depois do Live Aid, Geldof organizou o Live 8, outro festival beneficente cuja grande atração foi a reunião da formação clássica do Pink Floyd (Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason), que não tocava desde 1981.




5) Foi arma contra a Ditadura Militar
O regime militar que assolou o Brasil de 1964 a 1985 sofreu com a inteligência dos músicos brasileiros. Foram muitas as canções que se tornaram hinos de subversão contra o autoritarismo sanguinário dos militares no poder, muitas ligadas à MPB, mas também a outros gêneros, como o samba e o rock. Em 1974, Chico Buarque, um grande inimigo da regime, lançou (com o pseudônimo de Julinho de Adelaide) a irônica “Jorge Maravilha”, provavelmente a música mais rock n’ roll de sua carreira. Em 1975, Rita Lee (com o Tutti Frutti) fez uma música chamada “Luz Del Fuego” homenageando a bailarina de mesmo nome que trouxe o naturismo para o Brasil e foi assassinada em 1967, em um crime nunca esclarecido pela polícia militar. Outro ícone do rock que se levantou contra a Ditadura foi Raul Seixas, que chegou a ser preso e exilado em 1974, junto com Paulo Coelho. Seu primeiro disco solo, Krig-Ha Bandolo (1973) trazia um folk político chamado “Cachorro Urubu”, com uma letra que citava a Primavera de Praga e os movimentos estudantis de 1968. Em 1980, quando a abertura política do Brasil já nascia no horizonte, Raulzito lançou o álbum Abre-te Sésamo, como se estivesse implorando para que o regime abrisse de uma vez permitindo a volta da democracia. Já na Argentina, onde a Ditadura Militar fez “sumir” 30.000 pessoas, o perigo era maior ainda e os músicos não podiam se arriscar. Charly Garcia, um dos maiores nomes do rock lá, só pôde lançar a faixa “Cerca de la Revolución” em 1984, quando acabou o regime, ainda que a faixa tenha sido composta em plena ditadura.




6) Trouxe a literatura ao pop
Até 1965, as músicas que tocavam nas rádios dificilmente tinham letras com mais de meia dúzia de estrofes. Porém, quando Bob Dylan resolveu tocar com guitarras e sair dos limites do folk, o rock ganhou o maior letrista de sua história. “Bringing It All Back Home” (1965) e “Highway 61 Revisited” (1965) são os discos que marcam essa ruptura, trazendo faixas curtas e agressivas, como “Maggie’s Farm”, mas também baladas com longas narrativas, como “Like a Rolling Stone”. Dylan trouxe para a música pop um lirismo e uma densidade poética que não existiam até então e, como se não bastasse, foi ele quem apresentou a maconha aos Beatles – fato que sem dúvidas ajudou-os abrir a percepção para outras realidades musicais e filosóficas (como descrito nos itens anteriores).



7) Salvou Hollywood
Na virada dos anos 50 pros 60, a indústria do cinema de Hollywood estava decadente, atraindo cada vez menos público e dinheiro para seus filmes. Foi a partir do movimento que ficou conhecido como Nova Hollywood que o cinema dos Estados Unidos voltou a crescer, em meados dos anos 60. Capitaneada por uma geração de novos diretores (Francis Ford Coppola, Brian De Palma, Steven Spielberg, Martin Scorsese, Roman Polanski, dentre muitos outros), veio uma onda de filmes que retratava as mudanças sociais que eclodiram com a expansão da contracultura do hippies e da ameaça da Guerra do Vietnã. A chamada Nova Hollywood nunca foi um movimento estruturado, mas sim o nome dado a uma transformação na ênfase da indústria cinematográfica, que trocou seus grandes épicos e musicais por filmes que falavam da vida real dos cidadãos americanos. A partir de então, passou a ser comum usar bandas de rock nas trilhas dos longas hollywoodianos, o que não acontecia antes. Um grande marco desse momento é Easy Rider (1969) – se você não viu esse filme, por favor, veja.


8) Espalhou a guitarra pelo mundo
Se não fosse pela disseminação do rock, a guitarra elétrica não teria se tornado o símbolo que é hoje. Esse instrumento criado a partir do violão surgiu em 1931. Porém, levaria mais uns 20 anos até que ele fosse aperfeiçoado pelas suas principais fábricas: Gibson, Fender, Rickenbacker, Epiphone, etc. A criação desse instrumento amplificado eletricamente possibilitou que o rock se tornasse a música mais barulhenta do mundo. O advento da guitarra mexeu tanto com as pessoas que, em 1967, um grupo de músicos organizou em São Paulo a Passeata da Música Popular Brasileira, que entrou pra história como a Passeata Contra a Guitarra Elétrica. Elis Regina (principal líder do ato), Jair Rodrigues, Geraldo Vandré e (ironicamente) Gilberto Gil participaram desse evento que propunha a defesa da música nacional contra a influência estrangeira. Felizmente, a guitarra foi mais forte que o conservadorismo e, no fim das contas, até a Elis usou guitarras em seus discos.



09) Flertou com todos os outros gêneros
O melhor do rock é que ele não tem limites – quem têm limites são os músicos que o executam. Assim, desde que nasceu como uma versão mais rápida e agressiva do blues, ele já flertou com o jazz (Frank Zappa), o reggae (Rolling Stones), o rap (Beastie Boys), a música clássica (Yngwie Malmsteen), o samba (Mundo Livre S/A), a música folclórica nordestina (Alceu Valença)… Isso só para ficar em alguns exemplos.






10) Tornou-se global incorporando regionalismos
O rock nasceu nos Estados Unidos, mas não demorou até que se espalhasse pelo mundo inteiro. Essa conquista dos continentes através da guitarra só foi possível porque o gênero possui brechas para que os músicos incorporem características dos seus locais de origem. Assim, com o passar do tempo, foram se cristalizando subgêneros locais, que tem muito pouco em comum entre si, mas que estão todos sob o grande guarda-chuva do termo rock. Além do uso de guitarras, baixos e baterias, há pouca semelhança entre o rock japonês, o rock argentino, o rock árabe, o rock russo, o rock norueguês, etc, etc, etc…





Tags:, , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

13/07/2015

Editor - Revista NOIZE // NOIZE Record Club // noize.com.br
Ariel Fagundes

Ariel Fagundes