Entrevista | Bala Desejo revela o ‘Lado B’ do seu álbum “SIM SIM SIM”

16/02/2022

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Lucas Vaz/Divulgação

16/02/2022

O supergrupo carioca Bala Desejo, formado por quatro integrantes, desembarcou com coragem nas composições em uma vivência rítmica no bairro de Copacabana, durante a pandemia. Formado por Dora Morelanbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra, o quarteto lançou hoje o ‘Lado B’, nos remetendo aos LPs, do álbum “SIM SIM SIM” (2022), apresentados pelo selo paulistano Coala Records, ligado ao Festival Coala.

O grupo se conheceu ainda nos tempos de escola, porém se uniram através da música, assume Morelanbaum: “Sem querer, a gente se incentivava a praticar, ouvir e cantar mais. Desde então, todos nós sempre participamos e trocamos nos projetos de cada um – desde os primeiros shows e gravações – e isso foi fortalecendo essa nossa parceria, que sempre foi e continua sendo o grande aprendizado.”

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Na estreia do ‘Lado B’, construído em seis faixas, a banda amplifica sua vibração em nova face, agora mais remansada, subjetiva, ainda assim com o mesmo fervor. No ritmo de folia, o disco inicia com a faixa “Chupeta”, nos remetendo à “kombi do Bala Desejo”, citada nas letras do ‘Lado A’ lançado em 27 de janeiro. Entre as várias falas dos integrantes e convidados, que incluem Ney Matogrosso e Teresa Cristina, as que mais se destacam são as de Regina Casé e Caetano Veloso.

Dora comprova que neste momento já consegue avistar o que cada um dos integrantes agregou na criação das faixas: “Agora já podemos olhar mais de fora do que antes, e conseguimos ver claramente que o álbum carrega a cara de cada uma das pessoas que participou, de cada um de nós quatro, nas composições e produção, e principalmente desse quinto elemento, o Bala Desejo, que já é um bicho solto com pernas próprias, um híbrido de todes nós.”, afirma.

Ecoando efervescência, as faixas “Lambe Lambe” e “Passarinha” carregam lados românticos, vivos e latinos. Na faixa-título, de 35 segundos, os artistas murmurejam a palavra sim, nos movendo a calmaria, desejos e inquietações das músicas seguintes “Muito Só” e “Cronofagia (O Peixe)”. O repertório original e único, com exceção da faixa “Nana del Caballo Grande”, poema do espanhol Federico García Lorca, mostra conceitos e ideias de cada um dos quatro amigos.

O quarteto despontou quando começou a realizar aparições nas lives de 2020, da cantora Teresa Cristina, ainda sem estar oficialmente como grupo. Na vivência diária no apartamento de Mestre, os amigos se uniram com intuito de passar o tempo junto e inevitavelmente fazer música, o que foi uma ótima ideia para a dupla Nunes e Ibarra, que são integrantes da banda Dônica, ao lado de MiguimaAndré AlmeidaTom Veloso. Ansiosos por reencontros, eles começaram a sentir uma chance unidos na música, diz Dora: “A partir disso, tanto da Teresa quanto de quem nos assistia, começamos a sentir uma expectativa de que algo saísse dali. Então veio o convite do Coala, durante uma transmissão ao vivo, primeiro para participarmos do festival e, mais tarde, para montarmos um projeto de um álbum coletivo.”

Com o convite do Coala e prazo determinado para composição e elaboração das faixas, o quarteto partiu para a criação das obras. Entre viagens imersivas para um sítio em Barbacena (MG), no tempo de cinco meses, eles compuseram todo o repertório do disco. “Por volta da nossa quarta imersão, a gente percebeu que estávamos sempre nos encontrando em época de lua cheia, lua fértil, e saíamos iluminados à noite em Barbacena pra passear nos trilhos do trem. As primeiras ideias das músicas já pipocavam nas nossas cabeças, uma delas era o refrão de “Lua Comanche”, que o Zé começou repetindo essa palavra que ouvia o Jorge Ben cantar em uma ou outra música. Aí que fomos pesquisar a história dos Comanche, e descobrimos que suas expedições eram sempre feitas à luz da lua cheia. Fomos arrebatados por mais essa coincidência.”, revela Dora.

O álbum completo conta com coprodução de Ana Frango Elétrico e participação de Alberto Continentino (baixo), Daniel Conceição (percussão) e Thomas Harres (bateria), além de Tim Bernardes, Gabriel Quinto e João Felippe com atuações instrumentais. Na concepção de oito mãos, muitas ideias entraram nas discussões, trazendo uma expressão da MPB setentista, com ritmo libertário, vivo e brasileiro. Em entrevista, Dora reitera: “O que tem de similar veio em parte com muita naturalidade pela forma como absorvemos a obra dos caras que admiramos. Os paralelos com outros tempos podem ser vistos como uma reciclagem das ideias artísticas com as quais nos identificamos, trazendo e atualizando elas pro nosso universo”.

Com shows confirmados para março no Rio de Janeiro, espaço Teatro Claro, e São Paulo, no Studio SP, o supergrupo já consegue mirar os espaços quase cheios, com ingressos que estão prestes a esgotar. Os bilhetes podem ser comprados de forma on-line no site da Sympla e Eventim.

A presença também está certa no Festival Coala, programado para os dias 17 e 18 de setembro de 2022, no Memorial da América Latina. Os amigos, que já são reconhecidos na cena musical, ficam animados com a realização de mais uma etapa do disco: “Esse é o momento pelo qual a gente mais esperou. Poder ver as músicas sendo ouvidas, dançadas e cantadas pelo público, e a gente podendo assistir ali do palco, vibrando junto nesse calor. Afinal, o SIM SIM SIM é sobre esses corpos em reencontro, essa alegria e principalmente, essa flecha de vontade de estar vivo! No show é quando conseguimos sentir isso para além da gente, o que sempre foi nossa vontade inicial: que essas ideias transbordassem pra quem quisesse entrar na sopa do Bala.”, finaliza Dora.

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16/02/2022

Gabriela Amorim

Gabriela Amorim