Érika já fez parte da banda de rock Penélope. Mas, desde 2009, ela mantém um projeto musical solo, com o qual irá lançar o seu segundo disco, que se chama “Modinhas”.
Mesmo sem o álbum nas lojas, a turnê de “Modinhas” foi até a Europa, com shows realizados na Alemanha e em Portugal. Depois de 15 dias fora, Érika está de volta ao Brasil para o lançamento do disco. E foi aí que a NOIZE aproveitou para conversar com ela sobre a viagem e sobre o trabalho que está prestes a sair.
Como surgiu a ideia de fazer um CD inspirado em modinhas portuguesas?
Eu já estava pensando em gravar um disco novo. Aí, conversando com a Constança Scofield, que tocou comigo na Penélope, ela me comentou que tinha lido um livro do Lima Barreto sobre as modinhas portuguesas. Nós ficamos conversando sobre isso e ela disse que achava tudo muito a minha cara, por ter também a ver com moda. Depois, eu comecei a pesquisar sobre o assunto e me apaixonei.
Eu também me engajei em fazer o caminho inverso. Nós temos falado tanto da influência da música brasileira em Portugal, então porque não falar do contrário? Da influência que a gente sofreu, e que até hoje é audível? Pensando nisso, eu trouxe a modinha para os tempos atuais. Nós tiramos um pouco a dramaticidade, o mais rebuscado da melodia, e puxei tudo pro meu universo.
Qual maior desafio você encontrou ao regravar as modinhas?
O mais difícil, no caso das modinhas, foi tirar essa coisa da melodia muito trabalhada, muito rebuscada. A gente queria simplificar, deixar mais pop, deixa mais rock. E para fazer isso eu tive que nivelar mais a melodia, deixar mais reta. No estúdio também surgiu a ideia de trabalhar os tons mais graves da minha voz, que é uma coisa que eu não fazia. Eu amei o resultado, fiquei super feliz de ter topado o desafio. Esse é o meu melhor disco, é o que me deixou mais feliz, mais realizada.
Como foi a tour pela Europa?
A gente começou a turnê do “Modinhas por lá, foi muito legal poder testar o som fora do Brasil. Eu fiquei maravilhada com a receptividade do público, eles estavam muito curiosos. A gente passou só pela Alemanha e por Portugal.
Na Alemanha foi incrível. A crise ainda não chegou lá, eles estão felizes. E eu adoro a Alemanha, é um povo bem-humorado, que tem curiosidade, que presta atenção mesmo. Não tem aquela coisa de “espera aí, que eu vou ali tomar uma cerveja”.
Em Portugal foi sensacional. O público estava muito curioso com a história das modinhas, de falar sobre a influência deles no Brasil. Eu acho que ainda rola bastante preconceito com a música portuguesa aqui, o pessoal acha que Portugal é só fado. Poxa, eles têm uma cena rock incrível, de anos, e eu sempre curti várias bandas de lá.
Qual música o público mais curtiu?
Na Alemanha, a música que eles mais gostaram foi a do Pedro Verissimo, “Rolo Compressor”. Eles amaram, ela tem vários efeitos, base de guitarra. Também foi interessante estar lá cantando em português e mesmo assim não ter a barreira da língua.
Turnês costumam gerar muita história para contar. Qual vocês trazem dessa?
Um show em Hamburgo, em que rolou um lance muito especial, porque quando terminou. O público começou a me dar dinheiro, falando que o show foi muito bom e que pagariam muito mais. Daí eu adorei e pensei: “bem que essa moda podia pegar”. Eles são muito civilizados, gostaram tanto que acreditaram que valesse mais. Eu já senti isso em vários shows também, vontade de beijar os pés do artista, dar mais um dinheiro.
A gravação deste CD foi feita de forma independente e com a ajuda de um crowdfuning. Qual o lado positivo e negativo disso?
Do jeito que está o mercado hoje em dia, só existem facilidades em fazer um trabalho dessa forma, porque você fica livre e ainda pode aproximar o seu público, através do crowdfunding. No nosso caso, teve gente do Piauí, gente do Rio Grande de Sul, todos juntos em prol da mesma história. Não existem barreiras, você está aproximando todo mundo e não deve nada a nenhum esquema, a nenhuma gravadora.
As pessoas que colaboram estão acreditando em você como artista, no seu trabalho, então não tem aquilo de chegar na gravadora e mesmo depois de terminar o disco, ficar na mão de alguém, como aconteceu com a gente na Penélope. Nós gravamos um disco em três meses, mas depois, quando chegou na gravadora, ficamos um ano na geladeira.
Da forma que fizemos, só depende do nosso trabalho e do público. E para ter uma ideia, há muito tempo eu não fazia tantos shows como tenho feito agora. Para mim, é só vantagem.
Quais os próximos passos da banda?
Já gravei um clipe para a música “Rolo Compressor”. O pessoal está finalizando. A ideia é ter vários clipes de várias músicas do disco.
- Show em Hamburgo
- Bastidores das gravações
- Sabores de Lisboa
- Show em Bonn
- Groovie Records, Lisboa
- Otto e Érika
- No estúdio com Perrosky