Entrevista de quinta | Malika, dubstep e trip-hop em um corpo pintado de rosa

21/06/2012

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

21/06/2012

Em cima do palco, uma mulher toda pintada de rosa. Ela canta, dança, toca trompete e ecoa dubstep, drum’n’bass e trip-hop. Seu nome? Malika. Quer dizer, Claudia Dorei.

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One é o segundo álbum da carioca Claudia, criado em parceria com o bass-maker Cavalaska. Malika, a personagem criada para personificar um disco que vai além da música. “Um espetáculo de diversas artes em comunhão”, define a cantora.

“Eu comecei a vida no teatro, depois fui pra música. Então resolvi resgatar isso na Malika”, justifica, citando James Blake, Massive Attack e Björk como pontos de partida para o projeto.

No dia 28 de junho, Claudia – ou melhor, Malika – se apresenta no SESC Pompéia, em São Paulo. É o lançamento oficial de seu novo trabalho.

Enquanto a data não chega, aproveite o bate-papo que tivemos com ela. Em sua faceta não cor-de-rosa.

NOIZE: Claudia, você é brasileira mas tem se aproximado de um som que ainda não tem muito peso aqui no Brasil. Como você chegou ao dubstep?
Claudia Dorei: O dubstep entrou na minha vida depois de um show. Fui tocar no Tapas, em São Paulo, e a galera do Assault colocou um som depois. Não consegui parar de dançar e, quando abri os olhos, só tinha eu na pista.

O dia clareou e o som teve que parar. Na mesma hora fui até os DJs, que até então não conhecia, e perguntei pra eles que tipo de som era aquele. Eles disseram que era dubstep.

Naquele momento senti que queria fazer um disco assim. Acho que o dubstep tem uma raiz no trip-hop, que já era a minha praia. Então não foi como mudar do jazz pro reggae! (risos)

NOIZE: Mas significa que você bebeu em novas referências para compor o One. Que tipo de coisa entrou ali?
Claudia: Adoro o The Bug. Aliás, “Catch a Fire” é uma das minhas músicas favoritas da vida! James Blake, que dizem que é pós-dubstep, muito me interessa. Amo, amo. Fui no show e babei do começo ao fim.
Mas não me sinto especialista em dubstep e nem pretendo ser. Adoro música eletrônica, gosto de música que me faz viajar – Bonobo, Massive Attack, Tricky, Björk, Radiohead, Hanne Hukkelberg, tUnE-yArDs…

NOIZE: Você também viaja (fisicamente) por aí pra pesquisar música?
Claudia: Muito. Uma vez fiquei um mês e meio em Bali estudando a música de lá. Assim como a música urbana me interessa, a música mais ancestral também. Ainda não consegui ir pra Índia, mas quero muito ir em breve.

Índia e Berlim são minhas próximas metas. Mas já fui pra Londres, NY, Paris e sempre consegui achar coisas novas que fizeram ou ainda fazem parte dos meus ouvidos.

NOIZE: Qual o papel do Cavalaska no novo disco? Ele é conhecido por ser um cara bastante antenado nesse cenário do dubstep…
Claudia: O Cavalaska é o grande responsável pela cara que o One tem. Logo depois do show lá do Tapas, dei um Google de dubstep no Brasil e caí numa matéria do RRAURL sobre ele.

Coincidentemente, minha amiga Elza Cohen o conhecia e fez o link. Fui até a casa dele, conversamos, até fizemos uma música na época, mas só um pouco depois é que resolvemos fazer um disco juntos. O cara é muito foda. Sou muito fã.

Mas acho que One não é um disco de dubstep, apenas. Lá tem várias outras referências também.

NOIZE: Pois é, o Brasil não cansa de falar da tal onda da nova MPB, da cena paulistana e até mesmo do Pará e o seu tecnobrega. Você não é parte de nada disso. Onde você se enxerga?
Claudia: Não sei. Não cabe a mim dizer isso. Não faço música pra cenário.

NOIZE: Você faz música que se mistura ao teatro…
Claudia: Eu comecei a vida no teatro, depois fui pra música. Então resolvi resgatar isso na Malika.

Convidei um diretor italiano chamado Alvise Camozzi para dirigir, ele chamou o Willian Zarella, um artista plástico que está trabalhando com a Marina Abramovich pra fazer o cenário. Eu chamei o Paulinho Fluxus para fazer a luz, que é um cara bem louco e experimental que eu adoro. A Anna Turra é a nossa querida VJ e tem o Paulo Bueno e o Uibirá Barelli, que cuidam da direção de arte das imagens – tanto do CD quanto do show.

NOIZE: E como nasceu a personagem?
Claudia: Ela nasceu em 2011. Chamei o Cavalaska pra fazer um disco em inglês, onde a banda fosse só nós dois pra que pudéssemos viajar. A princípio não chamaria Malika, mas quando compus One em cima da base que ele mandou, vi que, sem pensar, minha voz saiu bem diferente do meu trampo em português. Então resolvi criar esse heterônimo.

Mas uma coisa não anula a outra. Então temos dois shows – um que é esse espetáculo de diversas artes em comunhão e outro com o foco mais musical que pode ser feito em qualquer lugar com menos estrutura, tipo baladas e espaços alternativos.

NOIZE: A Claudia mudou com isso?
Claudia: A Claudia se libertou dela mesma. Que delícia que é isso. Poder entrar no palco como um personagem é uma grande liberdade.

Adoro meu lado Claudia e meu lado Malika. E, enquanto estou trabalhando no One, sei que até o ano que vem lanço o segundo Respire [seu álbum de estreia, de 2009].

Mas a Malika deu férias pra Claudia por enquanto.

O SHOW
SESC Pompeia apresenta Malika no lançamento do álbum One, no Projeto Plataforma
Dia 28 de junho de 2012, quinta, às 21h, no Teatro
Ingressos: R$ 5,00 a R$ 20,00

SESC Pompeia – Rua Clélia, 93
Telefone para informações: (11) 3871-7700

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21/06/2012

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