Johnny Araujo e os videoclipes

28/04/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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28/04/2014

Já se foi a época em que o principal meio de divulgação de clipes era a televisão através de canais como a MTV. Johnny Araujo é um dos diretores de clipes – além de filmes e campanhas publicitárias – mais conhecidos do Brasil, e nós conversamos com ele sobre a importância desses meios no desenvolvimento do mercado de videoclipes nacional.

Johnny Araujo é parceiro de Marcelo D2 desde “Qual É”, clipe que dirigiu e com o qual foi duplamente premiado no MTV Video Music Brasil de 2003 com Melhor Direção em Videoclipe e Videoclipe do Ano. Na mesma premiação, ele também concorria com o clipe de “Só por Uma Noite”, dirigido em conjunto com o vocalista Chorão. Aliás, a estreia no cinema de Johnny Araujo foi com “O Magnata”, longa lançado em 2007 que foi escrito pelo próprio Chorão.

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Confira abaixo a entrevista completa com Johnny Araujo sobre a transição que os videoclipes tiveram que acompanhar da MTV para o YouTube.

Quais são as dificuldades que um diretor tem que enfrentar na hora de fazer um videoclipe? São as mesmas dificuldades que o profissional tinha nos anos 90?

Bom, eu comecei a dirigir clipes em 1995, na época da película, do 16mm. A grande diferença é que o acesso ao equipamento, as câmeras, a revelação do material filmado, o telecine (o processo de digitalizar o negativo pra poder jogar dentro do computador e editar), tudo isso dependia de muitos contatos pessoais do diretor ou de você trabalhar dentro de uma produtora de publicidade com um mínimo de estrutura pra poder viabilizar todos esses custos. Isso não tinha relação nenhuma com os canais, eram produções completamente independentes. A gente entregava o clipe finalizado na data combinada com o canal. No caso da MTV, se fosse próximo do prazo estipulado pelo VMB, era uma correria enorme.

As gravadoras participavam muito de perto, o clipe era tratado como um produto de venda do artista, era item de contrato previsto com a banda.

As dificuldades criativas do diretor são as mesmas de hoje, eu imagino. Elaborar um roteiro bacana, imprimir uma linguagem diferente, uma estética, experimentar muito… O HD, o vídeo, democratizou a produção, hoje você consegue realizar qualquer produção audiovisual com mais facilidade que antes, mas o resultado depende do talento de quem está fazendo.

Você é da época que não existiam sites como o YouTube e o Vimeo. O surgimento desses canais teve alguma influência no modo de fazer clipes?

100%. Os canais tinham um padrão de qualidade muito mais elevado, o negativo não perdoava erros, se você filmasse “errado”, era assim que ficava. No YouTube, existe o fator compressão de imagem, o material final não sofre nenhum tipo de censura estética, o acesso é 1 milhão de vezes maior, se produz em muita quantidade, a cada semana aparece algum artista novo com um clipe feito muitas vezes de uma maneira bem caseira e rola muito bem, a quantidade de acessos é impressionante.

Como você vê a participação de canais como Multishow e MTV no desenvolvimento dos clipes no Brasil?

A MTV é a grande responsável pelo mercado de clipes no Brasil, foi uma evolução no mercado, grandes diretores fizeram escola nos anos 90 através dos clipes. Andrucha, Breno Silveira, Oscar Rodrigues, Hugo Prata, Alex Miranda, e outros. As bandas eram ótimas, e o VMB era a grande vitrine dos atristas, gravadoras e diretores. Era um acontecimento muito aguardado e trouxe muita gente boa pro mercado. O Multishow chegou um pouco depois e com uma proposta diferente, não tinha a mesma força na época, mas nos últimos anos, como evento, cresceu bastante.

Qual é a receita de um bom videoclipe?

Boa música, interação entre artista e realizador, e principalmente uma ideia que pode ser simples ou não. A vaidade é inimiga de um bom clipe.

O clipe de “Qual É”, do Marcelo D2, que você dirigiu, ganhou o prêmio de melhor videoclipe no VMB 2003. Como foi a gravação do videoclipe e o que esse prêmio representou pra você?

Foi o começo de uma amizade com o Marcelo que dura até hoje, independente de trabalho. Acho que “Qual É” é um exemplo de uma receita de um bom clipe, foi uma conjunção de fatores que deram muito certo, tanto pra mim quanto pra ele. É o clipe que eu mais gosto até hoje.

Existe algum diretor dessa nova geração que você destacaria?

O melhor diretor de clipe dessa nova geração é o Fred Ouro Preto, ele tem imprimido uma qualidade estética e uma dramaturgia que misturam muito bem o hoje, e o que se fazia nos anos 90. O último clipe dele com o Emicida, “Crisântemo”. É fantástico.

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28/04/2014

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