Entrevista | Foals, o disco novo e uns bons vinhos

28/08/2015

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Marília Feix

Por: Marília Feix

Fotos: Divulgação

28/08/2015

Sempre é bonito ver uma banda se recriar a cada disco. É comum que o primeiro álbum seja épico e os seguintes caiam na mesmice. Afinal, com o que alguém que já rodou o mundo e ganhou tantos méritos pode sonhar? A motivação do Foals é claramente sair da zona de conforto, evoluir, correr um pouco de risco, experimentar.

What Went Down foi produzido por James Ford, ex-Simian Mobile Disco e o cara por trás de AM do Artic Monkeys e Myths of the Near Future do Klaxons. Gravado no sul da França, este álbum é considerado o mais “pesado” e “barulhento” da banda, mas nem é tanto assim. Talvez para os parâmetros do Foals possa ser, mas se você não gosta de estridências, não se assuste, o disco é cheio de momentos que permitem a boa e velha sacudida no esqueleto que eles sempre nos proporcionaram. Recentemente Yannis, Jack, Edwin, Walter e Jimmy anunciaram sua primeira turnê solo no Brasil, começando em São Paulo, dia 7 de outubro, e depois no Rio, dia 8.

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O quarto disco de estúdio do Foals já rodou o mundo em fita cassete e nós também já ouvimos em primeira mão, há cerca de uma semana. Agora What Went Down chegou de vez e está disponível no formato que você preferir. Enquanto você escuta, aproveite para ler a entrevista que fizemos com o simpático baterista da banda, Jack Bevan.

Philippakis disse que a música “What Went Down” foi inspirada por temas como identidade cultural, ansiedade geracional, cinismo, pessimismo e dor de cotovelo. Foi difícil mostrar este lado mais negativo de vocês?
Eu não sei… Eu acho que em um disco você deve buscar a expressão das suas emoções. Por que obviamente, a gente faz um álbum mais ou menos a cada dois anos e este caminho entre um e o outro é um pouco tortuoso. Acho que com o passar do tempo você soma mais experiências emotivas. As turnês nos trazem sentimentos bem importantes, como a sensação de estar longe de casa e ao mesmo tempo muito próximos uns dos outros. Acho que é importante demonstrar uma boa quantidade de tipos de emoções nas suas músicas. Um álbum deve ser uma coleção de influências e diversidade. O nosso lado mais negativo também aparece sim, isso faz parte, é sincero.

Já em “Mountain on My Gates” entra um groove, e mesmo a letra sendo um pouco dramática, há mais alegria. Como baterista, você prefere tocar este tipo de música?
Eu acho que como baterista eu só tento transmitir o que a música está tentando dizer. Não há momentos mais alegres ou mais difíceis. Eu acho que ser baterista tem um papel totalmente diferente em uma banda, por que a gente traz o ritmo e a base da música. Eu fico feliz quando eu consigo expressar o que aquela melodia quer passar, independente se isso é funk, rock, etc.

“Birch Tree” soa como um convite para dançar. Vocês pretendem fazer algum remix dessa ou de outras faixas do álbum, como fizeram com “Late Night”?
Sim, definitivamente. Remixes são sempre uma possibilidade legal, por que a gente ama dance music. Mas neste momento o mais importante é valorizar as músicas como foram gravadas para o álbum. Antes de pensar em remixes, a gente está mais preocupado com a execução das nossas faixas novas no palco.

Para o Holy Fire vocês samplearam sons de abelhas e de outros insetos. “Albartross” é como se fosse a trilha sonora de um pássaro em fuga e segue mostrando a afeição de vocês pelos elementos e pelo tema da natureza. Rolou algum sample diferente desta vez?
Eu não tenho certeza se a gente sampleou algum som de natureza. Rolaram muitos sintetizadores, isso sim. Com certeza a gente buscou sonoridades da natureza para esse disco, tanto no som, quanto nas letras. A gente não quer contar a mesma história do jeito que as outras bandas bandas contam, sobre a rotina, ou falar sobre a ida a um pub com os amigos. Eu acredito que é importante criar um senso de essencialidade, mais selvagem mesmo. Falar de temas como a natureza e sua abstração, é mais interessante, humano.

Como foi trabalhar com James Ford para este disco?
Eu acho que James teve uma influencia enorme, ele definitivamente nos ajudou muito a chegar na sonoridade que a gente queria. A experiência dele com o Simian Mobile Disco também ajudou bastante em todo o processo. E ele é muito bom em cortar partes desnecessárias das músicas, deixando as faixas mais coesas e satisfatórias pra todos, direto ao ponto.

Vocês consumiram mais de 130 garrafas de vinho durante a gravação do disco, no sul da França. O quanto isso ajuda e o quanto atrapalha?
O vinho da França é incrível e isso nos ajudou bastante sim (risos). Não sei dizer muito bem por que, já que não entendo muito sobre o assunto e acho que ninguém na banda entende. A ressaca não nos atrapalhou. Até por que a gente está acostumado a lidar com isso, nossas turnês são cheias de ressacas (risos), faz parte da nossa vida.

No primeiro disco de vocês, “Antidotes” tem uma música chamada “Brazil is Here”. Por que o Brasil e como se sentem vindo pra cá pela primeira vez em sua turnê oficial?
Hum. Faz muito tempo! Eu nem me lembro mais por que fizemos essa música… (risos). Quando a gente compôs, a gente nem conhecia o Brasil, mas acho que tem a ver com como a gente achava que o país seria. A gente vai para o Rio pela primeira vez e estamos muito felizes por isso! A gente amou São Paulo e gosta muito dos brasileiros de maneira geral. Mal posso esperar pra voltar!

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28/08/2015

Marília Feix

Marília Feix