O encanto de Jesuton

17/10/2013

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

17/10/2013

Das ruas do Rio de Janeiro para o palco do Rock in Rio. Essa é a história da Jesuton, uma britânica de pai nigeriano e mãe jamaicana que está conquistando o Brasil com a sua voz.

Jesuton decidiu viver da música no Brasil. Quando chegou aqui, a opção mais rápida que ela achou para ganhar visibilidade como artista foi cantar nas ruas do Rio. Não demorou muito pra alguém filmar ela interpretando “Wild Horses”, do The Rolling Stones, e jogar o vídeo no Youtube. Foi o primeiro passo pra carreira de Jesuton decolar.

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Depois de milhares de visualizações, Jesuton foi convidada para participar de um programa de TV brasileiro e desde então não parou mais. No final de 2012, ela lançou seu primeiro disco: “Encontros”. Neste ano, ela teve três singles nas trilhas sonoras de novelas da Globo. Jesuton ainda cantou ao lado do Vintage Trouble para milhares de pessoas no palco do Rock in Rio.

Seu forte sempre foi fazer regravações de outras músicas. Em um português muito claro, Jesuton nos contou em entrevista que está trabalhando em seu primeiro disco de músicas próprias, além de falar sobre sua escolha de vir morar no Brasil.

O que a experiência de cantar nas ruas do Rio de Janeiro trouxe para sua carreira?

Realmente, essa experiência me trouxe muitas, muitas coisas. Mais do que eu esperava. Na verdade, eu comecei a tocar nas ruas parte por necessidade, porque eu queria começar a cantar e não conhecia o pessoal, então achei que ia ser o jeito mais rápido pra eu começar a cantar aqui. Minhas expectativas eram ganhar um pouco de dinheiro e também começar a conhecer músicos, porque as pessoas que iriam parar algumas delas seguramente seriam músicos e eu poderia montar uma banda a partir dos contatos que iria fazer na rua. Eu consegui isso, mas de um jeito inesperado. Acho que esse começo me deu uma visibilidade que eu nunca poderia esperar. Cantar na rua me deu uma maturidade em como eu vejo meu papel como artista. Em várias situações na rua, eu tinha que estar confortável com as pessoas. Algumas pessoas prestavam atenção, algumas pessoas passavam… então eu acho que me desenvolvi como artista. Eu tenho um jeito melhor no palco agora por conta das coisas que eu aprendi cantando nas ruas.

Por que você escolheu o Brasil para viver da música?

Desde muito cedo eu tinha uma curiosidade muito grande pela América Latina em geral. Quando eu estava estudando na universidade, na Inglaterra, meu primeiro interesse foi pelo Peru e Equador e eu viajei pra esses lugares. Depois eu voltei e passei dois anos no Peru. Durante esse tempo, eu ouvi muita coisa legal sobre o Brasil. Eu sempre ouvi coisas muito produtivas sobre o Brasil. E eu fiquei super curiosa, porque eu pensei ‘é um país tão grande, como é que eu estou ouvindo só coisas super legais sobre esse lugar que tem de tudo?’ Então eu decidi que precisava conhecer o Brasil, precisava passar um tempo grande aqui no Brasil, pra conhecer, pra começar a falar português. E foi assim.

Por que você acha que as pessoas gostam tanto das suas versões? Até a própria Dione Warick elogiou a sua versão de “I’ll Never Love This Way Again”.

Essa é uma pergunta que eu tento não fazer (risos). Porque desde muito cedo eu cantei pra mim, é uma coisa muito pessoal. Eu acho que o ato de cantar me dá a possibilidade de expressar muita coisa que não posso expressar com palavras somente faladas. Cada vez que eu canto, eu estou cantando pra mim. E com essa experiência eu estou vendo que tem uma coisa no jeito que eu canto que as pessoas conseguem se conectar comigo. E essa coisa é muito linda, mas também sagrada, por isso que eu não quero falar demais, porque eu acho que tenho medo de talvez perder isso por aí. Não é uma coisa que eu estou tentando fazer, se você me entende. Eu tento ser o mais verdadeira possível, expressando as sensações que eu tenho dentro de mim e expressando a música que eu estou cantando. Acho que as pessoas conseguem ver essa verdade, porque eu não tenho outro jeito de cantar, isso não existe pra mim. Então essa é a única resposta que eu possa te dar: não sei como, mas as pessoas conseguem ver que eu estou cantando realmente com a alma e de coração.

Tanto na música como na vida pessoal, você está cercada da mistura de culturas. O que há na diversidade que te atrai tanto?

Acho que tem a ver com o jeito que eu cresci. Eu nasci em Londres com um pai nigeriano e uma mãe jamaicana. Acho que eu sempre vi o conjunto das coisas, nunca vi só uma realidade. Eu vi que na vida tem uma interminável quantidade de opções e muitas dessas opções são melhores quando você coloca uma coisa com a outra coisa. Quando você mistura as coisas, você consegue ter as melhores coisas de cada coisa e também consegue abrir outras possibilidades que fazem você enxergar outras realidades. Então eu estou sempre muito a fim de misturar. Em Londres tem muita diversidade, então a diversidade, a mistura, sempre foi normal pra mim. E também por isso eu estou adorando o Brasil, você tem muita diversidade aqui de culturas, de comida, de música. Eu sempre quis manter isso no meu jeito de ver o mundo e de ver a música. Eu sempre gosto de experimentar e acho que diversidade é vida, na verdade.

Você pretende lançar um disco com músicas próprias?

Na verdade, eu agora estou em um momento muito emocionante, porque estou começando a fazer músicas inéditas. Pra uma pessoa que passou a vida interpretando músicas, e eu gostava muito de fazer isso, é um passo bastante diferente. Eu canto e essa é a melhor coisa que eu faço na vida. Escrever músicas é outro dom que algumas pessoas tem e outras não. Agora eu estou nesse processo pra ver se tenho coisas pra falar, se as pessoas vão gostar das coisas que eu tenho pra falar. Agora eu estou falando minha verdade sobre coisas que outras pessoas escreverem, vai ser outro trabalho ver se as coisas que eu quero falar com a minha própria voz vão ser também interessantes pras pessoas. Eu pretendo no próximo disco ter músicas inéditas, mas eu também não posso esquecer das minhas raízes que é realmente cantar covers e fazer versões novas de músicas que eu adoro.

entrevista jesuton 2

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17/10/2013

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