Entrevista | Jovem Dionísio expõe fervor versátil com anseios de jovens adultos

07/04/2022

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Breno Galtier/Divulgação

07/04/2022

Projetos pessoais sempre podem ir para um caminho bom ou ruim, assim como tudo na vida, mas imagine cinco amigos de infância, se divertindo na realização de um projeto musical, e além de tudo sendo capazes de produzir faixas versáteis com as próprias vivências na fase de jovens adultos, essa é a banda curitibana Jovem Dionísio.

O quinteto, formado por Bernardo Hey, 26, Bernardo Pasquali, 26, Gabriel Mendes, 23, Gustavo Karam, 25, e Rafael Duna, 26, começou fazendo covers, mas já bombou logo de cara, com a faixa “Pontos de Exclamação”, que está com quase 13 milhões de visualizações no videoclipe do Youtube. No fim do mês passado, o grupo, ainda independente, lançou seu álbum de estreia Acorda, Pedrinho (2022), de 13 faixas, que conta com produção da dupla Lucas Suckow e Gustavo Schirmer, em conjunto com a banda.

Quinteto se conheceu ainda na infância, na cidade de Curitiba. (Foto: Breno Galtier/Divulgação)

Quem se descreve, se limita

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Isolados em um sítio, o grupo viveu algumas imersões para produção do disco, assim como já aconteceu com a banda Bala Desejo, usando as referências que já tinham, para chegar em uma estrutura que fosse a cara versátil do Jovem Dionísio.

Videoclipe de “Pontos de Exclamação” tem quase 13 milhões de visualizações no Youtube. (Vídeo: Youtube/Reprodução)

Em papo com a NOIZE, Duna (ou Fufa, como é chamado), afirmou: “A gente tenta não se limitar em um estilo específico e queremos trazer referência de nós cinco, que agrade o estilo de todos no final das contas. A gente se preocupa em fazer música boa e trazer referências que vão desde Zeca Pagodinho a Tupac“. Com sorriso no rosto, Karam diz: “Nós ficamos juntos tipo, até às 2 da manhã, porque não dá vontade de parar, não dá vontade de sair. Do nada a gente pode se empolgar e soltar um pagodão.”, exibindo que o divertimento é um dos motores que move o quinteto.

“O que a gente está falando tem que caber na boca de todo mundo da banda.”, aponta Pasquali. (Foto: Breno Galtier/Divulgação)

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O cruzamento certo de composições

Diálogos longos, troca de ideias, e atenção constante nas letras fizeram com que os amigos se unissem na criação da faixa-título “Acorda, Pedrinho”, que demorou quase um ano para ser finalizada. “O que a gente está falando tem que caber na boca de todo mundo da banda. Essa faixa, em específico, surgiu de um bate papo nosso, onde cada um foi falando coisas, escrevendo e dando sugestões. Foi a primeira vez que fizemos e no final gostamos”, diz apressado o vocalista Pasquali.

“Tem músicas que são bem íntimas, de sentimentos muito específicos, e isso tem que sair de uma pessoa só. É difícil de ficar, em toda composição, os cinco colocando as mãos. A gente vai respeitando os espaços e se divertindo”, ressalta o vocalista, que dividiu composições com o baterista Mendes. 

Fufa, irmão de Mendes, admite que não existe definição para o Jovem Dionísio. (Foto: Breno Galtier/Divulgação)

Faixas que misturam histórias verdadeiras de romances jovens, às vezes não tão maduros, com experiências de quem está iniciando diversas etapas da vida adulta, é a fórmula que fez o público ter tanta identificação pelas canções.

https://open.spotify.com/track/5lPAUdjZVsTjunq5WT6MlT?si=48dbb931ee0348b9

O baterista Mendes, irmão de Fufa, assinou todas as composições do álbum, e assume que o processo de criação também foi um modo de explorar novos modos de compor: “Eu estava numa descoberta de novos processos, sempre comecei fazendo o clássico de pegar umas notas de violão, tendo ideias de melodia e voz, unindo com sentimentos intensos, mas hoje já comecei a produzir antes de compor, puxando algum beat, usava guitarra, bateria ou baixo, e a partir disso pensar na letra”.

“Eu estava numa descoberta de novos processos”, diz Gabriel Mendes. (Foto: Breno Galtier/Divulgação)

Fugindo também de fatos verídicos, Mendes diz que as ideias também vão para rotinas e fantasias: “São várias abordagens, a faixa ‘Mas de Preferência Não’, por exemplo, era meu desejo de ter um plano e ir para uma festa que não tivesse ninguém que eu conhecia”, comenta o baterista que já experienciou o anseio da canção.

Combo completo

Entregando mais que músicas, a banda exibe um interesse pelos videoclipes, sendo o último publicado na manhã desta quinta-feira (7). A história, que se passa no bar favorito do grupo, a Lanchonete Aquarius, mostra que a zoação dos amigos, na madrugada de um boteco, pode render boas memórias. De maneira cômica, o vídeo exibe o passado e o futuro, interligado pelo, talvez dorminhoco, Fufa.

Clipe estreou nesta quinta-feira (7) e tem direção por Bernardo Pasquali e Guilherme Biglia. (Vídeo: Youtube/Reprodução)

Concebido junto com a produtora Asteroide, o clipe tem direção de Pasquali e Guilherme Biglia. Em clima de risadas, Hey assumiu que estava ansioso, enquanto o vocalista afirma: “A nossa preocupação com o audiovisual vem porque a gente sempre se divertiu muito, sempre temos muitas ideias, desde uma coisa pequena para o Instagram até fazer um clipe”.

“A gente não quer se largar”, diz Karam. (Foto: Breno Galtier/Divulgação)

Impulso de mesa de bar

O encontro casual, na Lanchonete Aquarius, fez com que os amigos tomassem a atitude decisiva de mudar o nome da banda, que era conhecida como Huf, até janeiro de 2019. Ber Hey, que apresentou o local para os amigos, diz que logo o espaço virou o ponto de encontros: “Eu fazia estágio próximo ao bar, e chamei a piazada para colar, depois as nossas ideias de banda começaram a acontecer todas lá”.

Em homenagem ao dono do boteco, Senhor Dionísio, o grupo admitiu que não foi uma decisão fácil de ser tomada: “Nós sempre mudávamos o nome, a gente fritava em ideias e sempre dava um nome muito ruim, até que surgiu Jovem Dionísio”, diz Hey.

Ber Hey foi o integrante que apresentou o ponto de encontro para os amigos do grupo Jovem Dionísio. (Foto: Breno Galtier/Divulgação)

Acumulando feats com Clara Valverde, Gilsons e o duo AnaVitória, o vocalista aponta que a ideia de parcerias surgiu a partir da admiração e de encontros: “Talvez complementando, a admiração tem que ser mútua e nós admiramos muita gente. Quando acontece de alguém também gostar da gente, a chance do grupo querer fazer algo é muito grande. Sempre estamos conversando com uma galera por aí..”, termina Pasquali em tom de mistério.

Em momento promissor, após longo tempo de isolamento social, a banda contou com uma surpresa, um tanto agradável, quando se deparou com o primeiro show, em dezembro passado, após a vacinação em massa. “Muita coisa acontecia dentro dos nossos celulares e computadores, a gente não sabia como seria ver um público maior na nossa frente, o primeiro contato ao vivo, na Opéra de Arame, foi um tapa na cara”, diz o vocalista.

Com expectativas maiores de shows fora de Curitiba, o grupo já viajou para Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, e agora se prepara para subir no palco do festival Tenho Mais Discos Que Amigos, no sábado (9), em Florianópolis. Para 2022, a banda deixa a divergência da frase clichê de “três é demais” e prova, a cada lançamento, que cinco pode ser também um número ideal.

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