As facetas de Projota em seu disco de estreia

03/12/2014

The specified slider id does not exist.

Powered by WP Bannerize

Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

03/12/2014

“Eu pulei do precipício e ainda não bati no chão”.

Quem conhece Projota pelo single “Mulher” mal sabe que ele também tem alguns raps de peso no repertório. Depois de quatro mixtapes gravadas em casa, o músico fechou contrato com a gravadora Universal Music e lançou no mês passado Foco, Força e Fé, seu primeiro registro de estúdio.

*

Se a mixtape Muita Luz (2013) foi um divisor de águas na vida de Projota, o disco de estreia é sua maturação como compositor e produtor, também. Marcelo D2 e Negra Li são algumas das participações especiais e certeiras. Em um papo solto, Projota nos contou sobre suas referências que vão além do rap e a produção do novo álbum.

Onde você busca seu foco, sua força e sua fé?

Eu não sei da onde eu tiro. Eu tenho uma determinação muito grande dentro de mim, sabe? Quando eu vejo meus amigos com problemas, eu sou muito conselheiro também. Eu consigo revitalizar a força das pessoas. Eu acho que até daí que sai a minha música. Quando eu vou fazer uma música com uma mensagem, eu procuro passar esse astral pra cima. Então, meu foco sai da minha vontade de algo maior na Terra e na vida do que simplesmente viver. Acho que a gente tem que caminhar pelas ruas, mas deixar uma marca. Minha força eu tiro de todas as coisas que eu já passei na minha vida, porque não foi fácil chegar onde eu cheguei. Cada dificuldade que eu passei me deu mais força pra chegar aqui. E a fé vem totalmente de Deus e da minha família, isso me faz acreditar que tudo é possível.

Em alguns trechos do disco você cita outros artistas e já na primeira música tem o Kurt Cobain. Você cresceu ouvindo bastante grunge e rock?

Eu tô com uma camisa do Led Zeppelin agora! Eu cresci ouvindo rock, fui conhecer rap lá na adolescência, com 15 anos. Desde criança eu ouvia Legião Urbana, Guns, Raimundos,… Ouvi de tudo, de Pink Floyd a Pearl Jam. Depois, na minha adolescência, eu ouvi muito Linkin Park, tá ligado? Mesmo depois de eu começar a ouvir e cantar rap, eu continuei ouvindo rock.

O disco tem a produção também do Pedro Dash, do Cine. Como ele contribuiu para o álbum?

É um moleque que a cada dia que passa ele me mostra o quanto ele é foda. Ele é muito bom no que ele faz. Eu conheci ele foi quando fui fazer um som com a Anitta e eu precisava de uma base. Eu sabia que ele tinha feito a música “Pais do Futebol”, do MC Guimê e Emicida, entre outras coisas que eu sabia que ele tinha feito e falei “meu, esse é o cara que vai fazer esse som pra mim”. Apresentei minha proposta pra ele da música e ele me devolveu no mesmo dia a base. Tocou pra caramba nas rádios essa música. Dai pensei “puts, esse moleque é zica”. Quando eu fui fazer esse disco, pensamos no Marcelinho Ferraz pra produzir, a gravadora me apresentou o trabalho dele, e fomos conversar com ele. Quando a gente conversou, ele disse que queria chamar um amigo pra participar também, e a gente “quem é?”, “o Pedro Dash”. (risos) Aí já era! Os dois trabalharam muito bem no disco e fizeram ficar do jeito que eu sonhava. Eles trouxeram as propostas deles, mas respeitaram muito mesmo a forma como eu imaginava que deveria ser.

Como gravar suas mixtapes em casa ajudou na hora de entrar no estúdio?

Isso é muito doido, até nesse sentido mesmo dos produtores, eles respeitavam muito as minhas convicções e dicas porque eles sabem que eu já fiz isso também. Eu também fui produtor durante muito tempo e cheguei onde cheguei com o meu trabalho porque eu produzi todo esse tempo. Eu não sou um músico que simplesmente vai lá e canta, ou só escrevo e chego lá peço pro cara fazer a batida e gravo. Eu sei muito bem o que o produtor tá fazendo e quais são as ferramentas que ele usa pra fazer.

O disco tem até reggaeton na faixa “Tranquila“. Como surgiu essa mistura?

Cara, todo mundo comenta sobre essa música, e isso é muito legal, porque foi uma aposta da gente. Porque da forma que está sendo bem visto, poderia muito bem estar sendo mal visto. É uma música que já existe do J. Balvin e quando eu conheci falei que queria fazer um remix dela. Ele é da mesma gravadora que eu, eles liberaram a base e a gente fez. A gente tem planos de fazer mais coisas com ele, de trazer o trabalho dele pra cá e levar o meu trabalho pra lá.

Foco, Força e Fé é um disco bem equilibrado em termos de peso. Você acredita que isso ajuda a você a atingir um público ainda maior?

Acredito, sim. Eu busquei mesmo esse equilíbrio, pra não ficar nem muito leve, nem muito pesado. Esse equilíbrio vem da minha versatilidade. Eu gosto de fazer música pesada, gosto de fazer música romântica, gosto de fazer aquele som tranquilo que você bota ali na hora que você vai deitar ou acordar. Essa versatilidade que eu tenho fez com que eu quisesse fazer um disco com todas as minhas facetas, então tem músicas de todos os estilos que eu gosto de cantar e cada estilo agrada uma pessoa. Às vezes, a pessoa só gosta de rap romântico, aí ela ouve as minhas românticas, tem quatro no disco, e ela já tá bem satisfeita com isso. Daqui a pouco, ela tá ouvindo tanto aquelas românticas que ela acaba ouvindo as outras músicas também e depois de dois meses ela é fã de rap, e não só de rap romântico.

Você já comentou que Mano Brown, MV Bill e Helião são suas três grandes inspirações. Como eles te influenciaram?

Eles são muito originais. São de uma época em que aparecia muito grupo que vinha copiando, mas esses aí são exemplos de MCs que têm um estilo muito próprio, e que você consegue diferenciar muito um do outro. Eu gosto de citar meus ídolos e de divulgar o nome deles. Eu tenho uma gratidão enorme pelas mensagens que eles me passaram e fizeram ser quem eu sou hoje, sabe? Sou rapper hoje devido a esses caras.

Qual é a sensação de se redescobrir a cada nova música escrita?

Isso é muito louco. É por isso que não acaba, sabe? Mas às vezes bate um medo, você fala assim “nossa, será que eu ainda tenho alguma coisa pra falar ou será que secou minha fonte?”, mas não seca, ela se renova. Você precisa viver, não pode ficar lá preso dentro de casa, e essas experiências vão te dar novas coisas pra falar. Eu acabei o disco e já devo ter feito umas quinze músicas depois! (risos)

O disco acabou não sendo lançado livremente na internet como suas outras mixtapes. Por quê?

Porque a gente tá em uma gravadora agora, tem centenas de pessoas trabalhando pra isso. Antes era eu, minha ex-mulher e o DJ Caique, só. Agora, não. Nós temos centenas de pessoas trabalhando pra isso, e isso é uma forma totalmente comum que é assim há décadas. É até esperado pelo próprio público. Aqueles que são mais antenados e conscientes entendem muito bem isso e me fortalecem.

Tags:, , , ,

03/12/2014

Revista NOIZE

Revista NOIZE