Entrevista: Quarto Negro

05/07/2010

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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05/07/2010

Formada há três anos por Eduardo Praça, a banda Quarto Negro está prestes a gravar seu primeiro álbum – depois de dois clipes e dois EPs -, em Barcelona. Os caras, que já gravaram com Chuck Hipolitho e Kevin Nix (produtor da Big Star), saem hoje de São Paulo, rumo a Espanha.

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Em conversa com a NOIZE, falaram sobre sua história, o disco novo, os parceiros que os ajudaram durante a carreira e a influência de John Lennon e seu “fim-de-semana perdido”.

NOIZE: Manhanttan, Espanha, São Paulo. De que forma essas metrópoles influenciaram o som da banda?

A graça toda parte do princípio de que respirar novos ares pode sempre acrescentar algo bonito. São Paulo nos criou juntos, Manhattan clareou as coisas e espero que nossa estadia em Barcelona nos leve para um novo patamar artístico. É sempre bom trabalhar com tranquilidade e o fato de ficarmos juntos em Barcelona, que assim como Nova Iorque e São Paulo, é tão rica culturamente, só pode trazer uma ótima influência.

Falem sobre a importância do trabalho com o Ludovic na existência do Quarto Negro.

A importância é enorme. Entrei (Eduardo Praça, ex-vocalista da banda) para o Ludovic com 16 anos e permaneci na banda por 6 anos. Aprendi muito com todos aqueles anos. Cada palco, cada quilômetro, cada discussão, cada ensaio. É bom estar agora com um certo know-how das coisas e não entrar nessa como primeira viagem, isso encurta muito os caminhos e torna as coisas menos dolorosas. Sem contar o fato de que tive a oportunidade de estar com músicos tão talentosos em uma banda tão autêntica, e isso vale muito.

Como foi trabalhar com Chuck Hipolitho e Kevin Nix?

Conhecemos o Chuck em 2003 em um domingo melancólico na grande São Paulo quando tinhamos 15 ou 16 anos. E desde que o Chuck montou o Costella vínhamos ensaiando essa gravação mas não conseguiamos conciliar agenda. Felizmente, em dezembro de 2009, nos juntamos e gravamos “Bom Dia, Lua”. O que posso dizer foi que a experiência foi incrível, o Chuck é uma grande pessoa, muito fácil de trabalhar e muito talentosa. Temos muito orgulho do trabalho feito e pela oportunidade de poder trabalhar com uma pessoa como ele.

Quanto ao Kevin, foi um contato menos intenso. O Fabio quando morou nos Estados Unidos, tinha um amigo músico que costumava gravar no estúdio da família Nix, e quando soube que precisávamos de um estúdio para a masterização, nos colocou em contato com o pessoal e a coisa foi feita de forma muito rápida. Ter o engenheiro de som do Big star colocando o toque final no nosso EP foi muito gratificante.

O que vocês querem dizer com “influenciados pelo fim de semana perdido de Lennon”? Quem foi a May Pang do Quarto Negro?

Acho que não existe exatamente uma May Pang. Tudo começou quando eu estava de férias em São Paulo e o Jair Naves estava em Londres, então sem ter muitos compromissos com o Ludovic, peguei os recursos mais escassos e comecei a esboçar umas canções, que no futuro se tornaram o Quarto Negro. O lance todo do fim de semana perdido é muito mais pelo home-recorder do que por qualquer crise existencial ou exílio espiritual como o do Lennon.

Como o convite do cineasta Daniel Barosa, para gravar a trilha de um de seus filmes, ajudou na formação do Quarto Negro? O período em NY já trazia pensamentos sobre a formação de uma banda?

Quando voltei de Nova Iorque, estava muito determinado em começar algo novo, e não mais sozinho. Passei por alguns projetos que não eram o Quarto Negro e poucos meses depois fui pra Argentina.

Nos juntamos em Buenos Aires para férias despretenciosas na casa do Daniel, e no fim das contas estávamos em estúdio pra gravar a trilha de “Hemea” para ele. Acho que estarmos lá sem nenhum motivo profissional, nos mostrou que poderíamos nos dar bem como banda e passar mais bons momentos juntos. Um dia depois de voltarmos de Buenos Aires eu convidei todos pra fazermos um lançamento (“Zoroastro“) e alguns shows. Foi quando tudo começou.

Vocês serão lançados na Europa, Estados Unidos e Japão, além do Brasil. Como é a recepção da música de vocês no exterior? Existe uma diferença grande entre o Brasil e o resto do mundo?

Creio existir uma vertente cultural um pouco distante do que estamos acustumados, pelo menos em São Paulo. As poucas experiências que pude ter com o Quarto Negro em NY foram muito positivas, uma vez que doar sua arte à outra cultura implica em uma série de raciocínios distintos. Embora o idioma nos coloque uma barreira um pouco arrebatadora, lembro de arrancar muitos sorrisos por prestar um papel autêntico e realista.

Há a intenção de seguir uma carreira mais voltada para o exterior ou a vontade de vocês é de ficar no Brasil?

Não existe um planejamento minucioso com relação a isso. Atualmente, posso dizer que gostaríamos de crescer no Brasil, poder viajar mais, criar uma estrutura legal e continuar gravando e lançando discos aqui. Mas isso também não limita nada internacional. Caso as coisas funcionem bem por lá também, estaremos lá também.

Vocês já citaram a evolução do primeiro para o segundo EP, com uma maior utilização do piano. O que se pode esperar para os próximos trabalhos?

Talvez ainda seja cedo pra colocar em limpo as evoluções no nosso próximo álbum, uma vez que ainda não decidimos o conceito estético do disco e o repertório oficial. De toda maneira, posso adiantar que serão 10 músicas inéditas e que vamos continuar usando muito piano, wurlitzer, sopros e tudo mais. Não é nada muito ambiocioso, mas a idéia inicial é criar uma atmosfera completa para as canções.

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05/07/2010

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