Você já se imaginou estudando algo por mais de 50 anos? Não importa o que seja, o ponto básico é vislumbrar um processo de pesquisa acontecendo de maneira ininterrupta por tanto tempo. Pense só no nível de domínio de linguagem que pode ser conquistado com tantas décadas de prática… É até desafiador conseguir conduzir esse trabalho de maneira tão longeva.
A quantidade de tempo é tão grande que chega a ser complicado até mesmo projetar, mas pela essência do raciocínio que virá a seguir, já fica claro que o maior desafio é se manter ativo, desafiado e preparado para praticar com o objetivo de ver a expansão de um conceito.
Fazendo um paralelo mais tangível, essa é a realidade das grandes lendas da música, principalmente do jazz. Nomes como o do saxofonista norte americano Gary Bartz, por exemplo, podem ser canonizados a qualquer momento, tamanha a contribuição de seu som, não só para o gênero, mas para a música de maneira geral.
Quando o texto começou, a ideia de propor os 50 anos de estudo foi para mostrar o tamanho desse desafio. É necessário não só amar, mas respeitar muito a música para se entregar a ela dessa forma, com a absoluta e irrefutável certeza de que esse é o trabalho de uma vida e que você, como músico, será o instrumento de todo esse processo de aprendizado.
É uma mentalidade, um modus operandi que, mesmo após décadas de carreira, consegue se manter são e que vê na passagem do tempo um aliado no processo de compreensão quanto à grandeza dos sons do universo.
Essa é a realidade de Roscoe Mitchell e do legado do Art Ensemble Of Chicago. Ele é a personificação do Avant-Garde e um dos maiores improvisadores e compositores da história da música. Ao lado do Art Ensemble Of Chicago, ele desafia os limites do som há 50 anos e, desde 1969 – com a formação do grupo -, Roscoe, junto do baterista e percussionista Famoudou Don Moye, são os responsáveis por manter esse legado sem precedentes para a história da música negra não só vivo, mas também relevante.
Vale ressaltar que o Art Ensemble Of Chicago nasceu à partir da AACM (Association For The Advancement Of Creative Musicians). A organização sem fins lucrativos foi fundada em Chicago em maio de 1965 e foi das mãos do pianista Muhal Richard Abrams, do baterista Steve McCall, do também pianista Jodie Christian e do compositor Phil Cochran que os objetivos da organização foram traçados.
Com metas claras quanto à produção de material autoral e original tanto em termos de proposta, forma e conteúdo, a iniciativa que nasceu nas sombras do Rock – que estava se popularizando no começo da década de 60 – não demorou muito para se tornar referência no meio musical, com o apoio de nomes consagrados como, por exemplo, Anthony Braxton (saxofone) e Jack DeJohnette (bateria).
Mas o que faz o trabalho da AACM e da Art Ensemble Of Chicago totalmente atemporal é sua essência de resistência e a força do movimento negro que estimulou e caracterizou as raízes da associação. Uma iniciativa para o desenvolvimento dos maiores músicos da época, onde o protagonismo era dominado pelos instrumentistas negros, como reflexo de diversos movimentos culturais que eles criaram e popularizaram.
Imagine cunhar essa ideia no meio dos anos 60, num dos períodos históricos mais conturbados para a população negra. Durante o apogeu dos flagelos da luta por direito civis, é idealizado um núcleo formado por maioria negra, mostrando a necessidade de se juntar perante seus iguais para pensar em criar algo que caracterize, não só esse momento – historicamente falando – mas que preserve e expanda o DNA negro em todo o espectro de sua ampla e inexorável musicalidade.
Desde as paletas do blues, até o funk/soul, R&B, jazz, sua ramificação punk-rock (Free Jazz) e a música experimental. Tudo isso já foi abordado em algum momento da carreira do Art Ensemble. A música africana, as referências caribenhas, os sons orientais e eruditos se fundem no vocabulário inclassificável de um coletivo de músicos com uma contribuição sem igual para história da música de vanguarda e da música moderna, tudo ao mesmo tempo.
Do quinteto original, formado por Joseph Jarman (saxofone), Lester Bowie (trompete) e Malachi Favors (baixo), apenas Roscoe e Don Moye estão na ativa. O primeiro com 79 anos, o segundo com 73. Bom, parece até um trocadilho, mas é impressionante a vitalidade que os dois esbanjam sob o palco.
Com a leveza e a paciência que apenas o tempo trazem, Roscoe e Don exibem uma serenidade no semblante que mostra o foco e a seriedade do trabalho que eles fazem há tantos anos, de maneira incansável. Por isso, para comemorar os 50 anos de uma história riquíssima, o Art Ensemble foi escalado nos maiores festivais de jazz e música erudita do mundo, com uma passagem histórica pelo teatro do SESC Pompéia.
Em duas noites com ingressos esgotados, o conjunto mostrou o poder místico de sua música. Dia 26 e 27 de outubro de 2019 são datas que ficarão para a eternidade. Nessas duas noites iluminadas, Roscoe e Don pisaram no palco do SESC com uma bandaça que totalizava 11 peças.
No repertório, todo o plano de fundo histórico que envolveu os estudos do Art Ensemble Of Chicago. Cerca de seis anos após sua última passagem pelo Brasil, Roscoe conduziu um espetáculo de grandeza ímpar. Com um time de músicos formados pela nata da nova geração, cada um dos instrumentistas do grupo tem plena consciência do som que produz.
Antes de tocar em grupo, cada um dos membros sabe exatamente o impacto que sua respectiva reverberação terá no contexto geral do som. Essa é uma das principais características para se compreender o que aconteceu sob o palco pois, acredite se quiser, esse é um trabalho de composição, ofício este que na escolástica de Roscoe e seus infindáveis métodos consegue a proeza de se cruzar, mesmo com filosofias (composição e improvisação) que andam em paralelo.
É um show amplamente denso e complexo, mas que vai ficando cada vez mais tangível uma vez que a filosofia do grupo é compreendida. O Art Ensemble Of Chicago se ramificou em diversas Ensembles e outros projetos – em dezenas de configurações diferentes – que cada um dos cinco integrantes originais conduziu com uma veia criativa fortíssima.
Compondo de maneira extremamente prolífica durante os 50 anos de carreira, o grupo é o cordão umbilical para que diversos movimentos musicais sejam compreendidos. Roscoe & cia não tocam mais jazz. A última vez que o grupo tocou algo próximo disso foi durante a década de 70, no meio dos experimentos com Fusion, Free Jazz e etc.
Vale lembrar que Roscoe, por exemplo, é uma autoridade quando o assunto é música clássica. O rótulo jazzístico não comporta esse vocabulário universal, mas ele veio dessa raiz antes de começar a absorver referências que foram distanciando o grupo de cada estilo convencional, capaz de ser colocado numa caixinha. Como resultado, é possível observar elementos como o canto difônico do excelente vocalista Rodolfo Cordova-Lebron e a soberba percussão de Dudu Kouate – que mostrou uma sensibilidade imensa para extrair sons até da água – tudo no mesmo contexto.
Esse é o Art Ensemble Of Chicago. O domínio da música é tão amplo que é possível colocar esses dois referenciais – pra lá de antagônicos – na mesma página. É uma mentalidade muito avançada e que uma estupefata plateia teve a chance de ver ao vivo para crer em seu orgânico funcionamento, dinâmica, roteirização e maestria, por duas noites seguidas.
Com um set de duas horas que destila música de forma contínua, o show é um relato fidedigno sobre a liberdade de expressão que o extremo domínio teórico e prático possibilita. A música do Art Ensemble é o que existe de mais avançado, pois uma vez que todos os instrumentos estão juntos, o instrumental vira um ecossistema que nutre apenas uma relação com o Jazz e ela diz respeito à dinâmica e a abordagem (improvisação guiada), porque de resto é puro eruditismo.
A vigorosa percussão, as texturas de tuba, de trompete e de trombone. Olha que ainda tem dois baixos com violino, viola e o piano de Brett Carson. É fascinante e por dois dias essa mística foi assimilada, enquanto 2 negros estavam na linha de frente da música mais avançada que já se teve notícia. Quem vê o Don Moye de muleta, mal sabe o estrago que a sua levada causa na bateria… Depois de dois dias e quatro horas exposto a esse som, o SESC Jazz finalizou sua edição de 2019 e foi maravilhoso ver o Roscoe Mitchell e todo sua banda exaltando esse trabalho de resgate que eles fazem.
Apesar de ser erudito, o som só atingiu esse patamar em função de todo o estudo conduzido pelo grupo, mas também pela clara visão que os idealizadores tiveram na época. Algo que apesar de ser nítido hoje em dia, lá atrás teve que ser protegido. Não existe música sem a música negra e, enquanto houver ensaios das 9h às 17h, o senhor Mitchell não vai parar de expandir esse ideal.
É para aplaudir de pé. Das areias da antiguidade para os ecos da modernidade. Esse é o infinito particular da Art Ensemble Of Chicago, sinônimo de resistência cultural há 50 anos. Não podíamos deixar a oportunidade passar e entrevistamos o mago do sopro, Roscoe Mitchell, antes dos shows em São Paulo, justamente pra entender um pouco mais sobre essa odisseia. São décadas de história e música que vão ecoar até o fim dos tempos. Um pouco disso, você pode conferir abaixo:
Eu tive a chance de falar com o percussionista Naná Vasconcelos em 2015 e, uma das frases mais marcantes dessa entrevista, foi quando ele se referiu ao silêncio. Nas palavras do mestre: “O silêncio é a música mais difícil de fazer”. Com isso em mente, gostaria de saber qual é a importância do silêncio e como ele influencia o som que você produz, pensando não só no Avant Garde, mas também na música clássica.
O silêncio é muito importante, sabe? Ele é um elemento muito relevante na música e a grande questão é que o silêncio em si é sagrado. O silêncio é sempre perfeito, então você precisa ter cuidado quando você interrompe esse silêncio. Essa eu acho que é a principal questão, entender como ele impacta o som, mas também perceber o momento certo de interromper ou até mesmo de manter o silêncio.
Você foi um dos precursores de discos e shows no formato de solista tocando saxofone. Como essa experiência contribuiu para sua visão, pensando não só nos trabalhos em carreira solo, mas também com as ensembles que você conduz, além dos arranjos eruditos?
Isso foi muito importante, definitivamente. Quando eu falo com músicos que tem curiosidade em estudar improvisação, eu sempre ressalto a importância dessa experiência que você mencionou. O músico precisa passar pela experiência de ser o único instrumentista sob o palco que está produzindo sons. Essa sensação é muito importante.
Você diz no sentido de entender como funciona o seu som?
Exatamente. Entender o seu som com você sendo a única pessoa responsável por tudo que está acontecendo no palco. Além disso, é claro que é necessário continuar esses estudos pensando também em ensembles maiores, sabe? É importante você ter a experiência de entender o que você precisa fazer em diferentes contextos. Isso facilita o seu próprio autoconhecimento, pois com esse domínio você entende o que precisa fazer pra criar uma composição em tempo real que realmente faça sentido, sabe? Ser capaz de fazer isso é muito útil, com certeza.
Sobre o jazz e o Avant-Garde, gostaria de saber sua opinião sobre a necessidade que as pessoas têm de estabelecer um conceito de ordem quando estão ouvindo música. Existe uma necessidade de entender a música. Isso é o tema, essa é a variação, entende? A estrutura convencional… Como você enxerga isso, pensando em todas as estéticas que você já abordou?
Eu acho que as pessoas têm uma grande curiosidade em termos de ouvir o desenvolvimento da música em tempo real. Eu digo no sentido de ser capaz de fazer isso, entende? Ser capaz de improvisar durante um longo período de tempo. Esse é um elemento que eu estou estudando quando abordo composição e improvisação, sempre trabalhando essas linhas em paralelo, entende? Eu sei como funciona, se eu estiver em casa escrevendo a peça ou caso esteja sob o palco, tocando. Você utiliza os mesmos métodos que você tem como recurso na hora de escrever uma composição, então na verdade, o que você faz quando improvisa, é uma versão acelerada do que você faria se estivesse em casa escrevendo. As alterações, o processo… às vezes você para e pensa: “Gostei dessa ideia. Acho que vou esperar pra ver o que eu acho disso mais tarde”. Pelo outro lado, você precisa ser capaz de fazer decisões em tempo real. Se você se vê numa situação onde você tem apenas uma opção, aí significa que existe algo errado, pois você sempre tem mais de uma opção. Imagine que eu e você estamos tocando juntos, por exemplo. Você toca algo e eu posso pegar apenas um trecho que você criou para desenvolver um repertório do meu jeito.
No sentido de criar sua própria interpretação?
Isso, exatamente nessa linha. É importante interpretar, mas no sentido que você está tocando, sem seguir ninguém. Eu falo isso porque se você está seguindo alguém, parece que você está atrás e esse não é o cenário ideal.
Roscoe, numa carreira tão longeva e abrangente como a sua, seja pensando na questão da percussão ou dos instrumentos de sopro, como é compor, estudar e improvisar com essa liberdade criativa que todos esses anos de estudo ajudaram você a conquistar?
Eu acho que é muito importante, especialmente agora. Atualmente, você tem músicos vindo de todas as áreas. O interessante é que grande parte deles está interessado em estudar improvisação, o que é uma coisa boa, pois dá chance para os instrumentistas estudarem os métodos. Pra mim, por exemplo, é muito interessante quando vejo outras pessoas transcrevem peças minhas para que eu possa transformar em composição, caso queira. É um processo que não para. Você quer fazer parte do todo… tudo se baseia na questão de criar composições em tempo real. Tudo isso acontece por meio de um estudo cuidadoso, então, se eu vou me concentrar em contrapontos, por exemplo é tudo uma questão de entender os diferentes formatos de composição até pra você entender o que pode propor. Isso é entender a situação de fato. Eu digo isso justamente porque se eu não souber o que estou fazendo, provavelmente quando você me ouvir, essa vai ser sua sensação, entende? Isso entra na questão do silêncio que você falou antes. Se o silêncio já é perfeito, então se você escolher interromper isso, você precisa saber como, caso contrário, o som não será bom. Eu sempre falo para os meus alunos: “O silêncio é seu amigo”, e é importante que você entenda como utilizar isso para ajudar na hora de desenvolver um repertório. É um processo longo e que leva muito tempo pra aprender de fato a fazer isso. Além de entender como funciona no contexto de tocar sozinho, você ainda precisa entender como isso funciona com outras pessoas. É aí que está a grande questão. Todo mundo precisa saber o que pode fazer e como utilizar esse recurso pra fazer sentido.
Especialmente num contexto de banda.
Sim, exatamente, especialmente em uma banda. Isso é muito interessante, realmente interessante. Você tem várias composições e mesmo que seja a mesma, cada vez que é tocada, ela acaba soando diferente. Eu tenho composições que às vezes são tocadas com diferentes músicos improvisando. Isso representa uma nova variação e os elementos da improvisação sempre impactam a estrutura.
Eu sinto que nesse meio a experiência de passar por essas situações conta bastante. Além da habilidade e do estudo, é tudo um processo de entender o que fazer, mas a essência é perceber que você tem opções. É uma perspectiva muito interessante.
É importante saber disso. É o que eu falei, se você acha que só tem uma saída, alguma coisa está errada. Definitivamente. Você precisa saber o que fazer. Se você se encontra numa situação dessa, só pare de tocar.
O silêncio, né?
Sim, e sabe o que é interessante? Geralmente a pessoa que está criando o problema, quando você para de tocar, ela também para, justamente porque não sabe o que está fazendo! Isso é uma forma de resolver o problema, sabe?
Quando isso acontece parece que o músico está preso de alguma forma.
É exatamente assim, até porque se você ouvir uma composição com um músico que sabe todos os detalhes, é por isso que o resultado final é bom quando ele toca. É importante estudar essas transcrições e improvisações, pois você tem a chance de ver o que o que músico está vendo, além de perceber o que você também pode fazer.
Roscoe, além de toda a musicalidade do Art Ensemble, eu sinto que acima de todo esse colosso criativo, o som da banda vai além da música, no sentido de ser encarado como uma filosofia, uma mentalidade. Como é pra você estar na ativa há 50 anos, sempre ao lado de músicos que amam, respeitam e estudam a música com tanto afinco assim como você? É um compromisso imenso e quando você faz isso, você espera o mesmo retorno e acho que você tem essa via de mão dupla, caso contrário não estaria tocando até hoje.
Eu fico ao lado de quem faz música. Todas as pessoas que tocam muito bem, se encontram diariamente e ensaiam. Nós nos encontramos 5 dias por semana, tocamos das 9h às 17h e isso fica, sabe? Eu estava mostrando uma composição minha para alguns músicos de um trio que estou ensaiando. Eles estudaram durante um ano antes de gravar!
Você sente esse respeito, o esforço, certo?
Exato, e você precisa passar por isso para entender. Caso contrário, você não vai entender o processo e com a música é assim, se você não seguir as regras, você não vai conseguir chegar no melhor resultado, no melhor som. Estudar e ensaiar é muito importante. Você precisar ter uma visão cuidadosa pra criar uma atmosfera que permita esse cuidado para compor e improvisar.
Você é conhecido pelo trabalho com foco em improvisação, mas além disso, também desenvolve uma prolífica linha de composição, principalmente falando sobre música clássica, trabalhando com orquestra nos últimos anos. Como você vê esses dois referenciais caminhando juntos, pois no seu trabalho esses elementos de fato andam lado a lado, apesar de serem estudados em paralelo.
É muito importante, até porque, hoje em dia, muitas pessoas querem entender como a improvisação e a composição funcionam. Na orquestra, os músicos têm muito interesse. Os compositores que querem trabalhar nesse meio precisam entender como dialogar com os músicos que querem de fato aprender essas coisas. O trio, por exemplo é um formato muito interessante. Você tem diversas configurações possíveis pra esse formato. Quando você pega uma pequena porção da música e realmente estuda, isso volta pra dialogar com você, entende? Às vezes a parte mais difícil de compor é começar. Uma vez que você começa, a composição fala com você e aí você não precisa pensar se é difícil ou não.
Você foca na música.
Exato, e é isso que as pessoas querem fazer. Manter a integridade da composição e dar uma oportunidade para o músico de fato funcionar nessa estrutura, até pra desenvolver as abordagens.
Você diz no sentido de interação?
Exato, é como eu disse antes: os compositores que conseguirem dominar esses métodos possuem um entendimento muito importante na hora de se comunicar com os músicos. Isso é essencial, pois vai ajudar o processo e facilita muito na hora de visualizar. Você pode praticar todos esses métodos pra conquistar esse domínio. Por exemplo, em alguns casos eu uso um cronômetro pra não me enganar. Dessa forma eu consigo ver, em tempo real, por quanto tempo consigo me concentrar. Eu trabalho constantemente para conseguir aumentar esse tempo. A questão da concentração é pura prática, até pra conseguir desenvolver algo com base na atmosfera, pois o show nunca vai soar da mesma maneira, nunca, cada segundo é diferente. Quando você falou sobre o silêncio e sobre a experiência de tocar em banda ou solo, é disso que eu estou falando. Você precisa entender as situações, conseguir isolar os problemas e entender suas ideias. Numa grande ensemble, são vários problemas acontecendo, por isso os músicos precisam entender isso pra manter o som acontecendo.
É uma belíssima discussão. É importante se manter desafiado. Realmente, é algo muito bonito e que eu valorizo muito. Muitas pessoas que vem falar comigo costumam dizer que eles não gostam da música, mas sim que eles precisam dela.