Entrevista | The Hives fala sobre turnê mundial digital, “morte do indie” e mais

21/01/2021

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Shane Gardner/Divulgação

21/01/2021

Há mais de duas décadas, o The Hives tem divulgado a palavra do rock’n’roll pelo mundo afora. Surgindo na onda do revival garage rock e da ascenção do indie, ali pelos anos 2000, os suecos conquistaram seu lugar na indústria por suas canções enérgicas e pelas apresentações cativantes – a revista estadunidense Spin considerou os caras “a melhor banda ao vivo do mundo”. Com saudades dos palcos, eles se lançam hoje, dia 21 de janeiro, na Primeira Turnê Digital Mundial do Mundo!

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A dinâmica tentará reproduzir a experiência de show do antigo normal nos moldes que o novo normal permite. Da Suécia, os Hives tocarão a partir de um bunker hermeticamente fechado. As transmissões serão restritas a quem comprou os ingressos e está nas cidades eleitas para essa primeira turnê: Berlim, Alemanha, (hoje), Londres, Inglaterra, no dia 22, Nova York, Estados Unidos, no dia 23, Sydney, Austrália, no dia 28, São Paulo, no dia 29, e Estocolmo, Suécia, no dia 30. Eles começam a tocar no horário noturno local, se adaptando ao fuso horário da cidade.

Para personalizar ainda mais a experiência, será possível enviar mensagens de áudio durante a apresentação – elas serão reproduzidas no show. O som será somente da plateia do dia, ou seja, Nova York grita para Nova York, São Paulo para São Paulo, etc. Eles ainda aceitarão telefonemas e os sets das performances podem ser decididos por voto. Os ingressos podem ser obtidos aqui. Aproveitamos a oportunidade para bater um papo com Nicholaus Arson, guitarrista e back in vocal da banda, sobre a preparação para a turnê, tocar em horários aleatórios pelo fuso, “morte” do indie e próximos discos. Leia na sequência:

Pessoal, como “A Melhor Banda Ao Vivo do Planeta” está se preparando para manter esse título no formato de show digital e remoto? 
Com muito trabalho duro no ensaio e talento musical incomparável!

A tour que inicia hoje, dia 21 de janeiro, será a primeira turnê digital do mundo; por que você acha que logo o The Hives teve o impulso de ser a primeira banda a se lançar em shows assim? 
Porque o The Hives é pioneiro em shows ao vivo, ao que parece. A primeira turnê digital do mundo é uma realmente apenas uma maneira de tentar emular um show de rock ao vivo real de todas as formas possíveis. Vários shows consecutivos, privação de sono, participação da plateia, etc. Nós realmente queríamos fazer o que fazemos normalmente e isso é o mais próximos que conseguimos.

Uma das coisas curiosas sobre a turnê é o fato de que vocês vão se ajustar aos fusos horários de cada cidade, o que vai fazer com que vocês toquem em horários incomuns para shows, 6h da manhã. Que estratégias vocês estão criando para manter a energia lá em cima? E qual seria o horário ideal para um show de rock, na opinião de vocês? 
É, eu pensei que seri muito pior, mas são horários até bem regulares para shows de rock. O único que é um pouco estranho é o da Austrália, onde tocaremos para Sydney às 11h da manhã! Isso realmente não é um horário de rock. Os outros [shows] variam das 8h da noite a 1 da manhã, horas bastante regulares para uma banda de rock. O momento ideal para um show é realmente qualquer hora, desde que esteja escuro. E sobre a energia, isso não será um problema. Estamos sentados em nossas bundas há quase um ano esperando para fazer isso! Estamos mais do que prontos para acertar a casa!

O show remoto tem várias propostas para criar uma conexão entre vocês, da Suécia, e os públicos de cada cidade. Teve algum detalhe sobre o formato do show que surgiu através de um pedido próprio da banda? 
Todos esses detalhes sobre o show vieram da banda. Somos nos querendo nos conectar com os fãs.

O The Hives surgiu quando vocês ainda eram adolescentes, de lá pra cá já se passaram mais de duas décadas. Nessa jornada, como o amadurecimento impacta a proposta de rock ‘n’ roll que vocês fazem? Algo mudou? 
Nós ficamos mais velhos, mais sábios e mais fortes! O deus do rock é bom para quem acredita.

Ao longo das últimas décadas, a música tem sido uma plataforma de afirmação de identidades, e a indústria da música tem sido cobrada para apresentar uma maior diversidade entre os gêneros, sexualidades e raças. O rock é muito vezes protagonizado por homens cisgêneros e brancos. Como os integrantes do The Hives refletem e se posicionam sobre essa questão?
É, seria incrível ver e ouvir mais diversidade, com certeza. No que diz respeito à discussão entre homens e mulheres, bandas femininas podem ter sido superadas às vezes, mas nunca por bandas masculinas, na minha opinião. Eu cresci tendo L7 como uma das minhas bandas favoritas, e nós tocamos com algumas das melhores bandas femininas e artistas de todos os tempos – como Joan Jett, The Donnas, Sahara Hotnights e mais.

Muito se fala sobre “a morte do indie” e do “garage revival”, mas vocês seguem mantendo hits da década 2000, como “Hate To Say I Told U So” e “Tik Tik Tik Boom” entre as faixas mais aguardadas nas performances de vocês. Como vocês avaliam a cena atual de rock? 
Eu acho que a cena de rock atual é maravilhosa. É muito fácil encontrar novas e empolgantes bandas pois todos eles podem todos lançar suas próprias músicas online sempre que quiserem. Eu não tenho problemas em encontras músicas empolgantes, pelo menos.

O The Hives lançou no ano passado Live Art Third Man Records e, em 2019, o single “Good Samaritan”. Contudo, o álbum de estúdio mais recente de vocês é Lex Hives de 2012. Os fãs podem sonhar com um disco inédito à caminho? Talvez algo com parceria de Jack White? 
Sim, definitivamente. Nós temos dois albuns inteiros prontos para ensaiar e gravar e estamos trabalhando em um terceiro, também. Quem sabe talvez possamos dar uma passada pela Third Man algum dia novamente e fazer algo com Jack. Parece divertido de primeira para mim.

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21/01/2021

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