Entrevista | Tiê, sem medo de se misturar

13/03/2018

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Divulgação

13/03/2018

Dona de uma voz doce e mansa, Tiê vem buscando e afirmando o seu lugar como uma das artistas mais populares da mpb. Rompendo as barreiras do público jovem e consumidor de streaming, o seu som cai na ponta da língua de quem não dispensa a companhia do rádio e das novelas. Ouvir alguma música de Tiê em alguma trama brasileira já virou comum, o que tornou a faixa “A Noite”, do álbum Esmeraldas (2014) uma das músicas mais ouvidas no ano de 2015.

Com o recém lançado Gaya (2017), quarto disco da carreira, Tiê continua sem medo de transformar-se. Próxima de tocar no Lollapalooza, no dia 25, a cantora conversou com a NOIZE sobre tocar em festivais, as parcerias do atual registro, o que é ser pop e os próximos passos da sua carreira. Leia em seguida:

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No final do mês você toca no Lollapalooza e é uma das mulheres do line up, que tem uma maioria de homens. Como é para você fazer parte do line up de grandes festivais, enquanto uma artista mulher?
Ah, independente de ser mulher ou homem, é um festival muito legal. Eu vou em todos os anos e há muito tempo que eu estava querendo participar do line up. Acho, inclusive, que já melhorou muito. Ano passado, a Céu era a única mulher [brasileira] do time. Este ano sou eu, a Mallu [Magalhães], a Liniker, tem a Mahmundi… eu acho que o Lolla tá de parabéns, melhorou muito. Eu acho muito legal fazer parte, é um festival que está com um line up super legal, vão ser três dias e tá muito cheio de coisas boas, tô feliz demais.

E o que você tá preparando de diferente para a apresentação no Lolla?
Eu tô preparando um show especial. A gente vai com uma banda de 10 pessoas, com 5 homens e 5 mulheres. Eu sou feminista, mas acho sempre importante a gente não excluir os caras, não ficar com raiva de ninguém. Então, vamos ter uma paridade, serão 5 homens e 5 mulheres. Vai ter cenário, vai ter figurino, vão ter várias coisas – boas surpresas, tudo muito bem pensado pro Lolla. Eu também fiz um concurso chamando duas fãs para cantarem comigo. Foram mais de 90 vídeos, foi bem difícil escolher duas cantoras, mas consegui. Escolhi uma cantora de Belém e uma de Santos, as duas vão me acompanhar no coro. Vai ficar muito bom, e o concurso foi realmente ótimo porque muita gente talentosa participou.

A faixa “Mexeu Comigo” é trilha sonora de novela (Malhação) e não é a primeira vez que uma canção sua vira trilha de alguma trama. Como isso afeta você, enquanto artista e compositora? Como isso mexe com os significados que a canção tem para você?
Eu acho que só melhora porque a canção vai até mais casas, casas que não iriam ouvir essa música antes, se não fosse a televisão aberta. Então, é maravilhoso, de verdade. Eu já tive várias trilhas, nesse disco mesmo (Gaya) teve “Amuleto” na novela O Outro Lado do Paraíso, e é sempre muito bem-vindo porque pessoas de outras bolhas e de outros círculos poderão conhecer essa música, gente que passa a ouvir por causa da TV.

Muita gente diz que o álbum está mais pop. Como você encara o pop e o incorpora no seu som? Qual é sua concepção de pop?
Eu acho que muita gente vê o pop como uma coisa negativa. Eu acho que o pop, na verdade, tem muito a ver com o popular, que vai para mais casas mesmo. Então depois do meu disco anterior, que tinha [a faixa] “A Noite” – que foi um divisor de águas, tocou muito e toca até hoje na rádio- queria realmente fazer um som que fosse para mais casas e que pudesse tocar mais na rádio. Mesmo assim, as composições são todas autobiográficas, sinceras, é um disco visceral como todos os outros, muito feito para mim. Mas, querendo mesmo, assumidamente, ser mais pop, com muito orgulho, e feliz com o resultado também.

Você vem de uma cena mais indie, mais mpb, e agora você fez uma parceria com o Luan Santana, um astro pop do sertanejo. Como rolou a parceria? O que lhe motivou a expandir o seu estilo e ter feito o dueto com alguém do sertanejo?
Eu acho que, na verdade, mpb eu não deixei de ser. Do começo até hoje, sigo sendo mpb. Acho esse disco [Gaya] bastante mpb, inclusive. Ele é pop, mas continua sendo mpb. Eu acho que, naturalmente, no meu primeiro disco [Sweet Jardim (2009)], eu vinha de uma bolha mais indie porque eu conhecia menos gente. Eu nunca fui uma artista muito hypada na cena indie, nunca fui considerada pelos indies. Sempre tive uma carreira mais paralela.. . Mas essa ideia de misturar e chamar o Luan, que foi uma ideia minha, não da gravadora, é exatamente para a gente quebrar com esse preconceito bobo de ‘por que o indie não pode misturar com o pop?’ Por que ‘não pode misturar com o sertanejo?’ E eu não sei nem porque as pessoas estão tão chocadas com essa coisa de chamar o Luan. Por que não pode misturar? A minha proposta é da gente misturar as coisas, não é por eu ter nascido no indie que eu não posso fazer alguma coisa com o Luan. Eu sempre gostei de cantar músicas de outros estilos e o meu convite foi exatamente para reforçar isso, a necessidade da gente quebrar com esses preconceitos, essas barreiras, e misturar todo mundo, afinal todo mundo faz música para entreter e a ideia é essa, que a gente possa emocionar as pessoas.

Além do Luan, As Bahias e a Cozinha Mineira, Ximena Sariñana e Filipe Catto foram outros feats do álbum. Pode contar como tudo aconteceu? Que tons essas parcerias deram para o disco?
As Bahias eram minhas vizinhas de coworking na época, então eu fiz questão de chamá-las, eu gosto muito das duas. E o Filipe Catto é meu amigo de longa data, convidei os três para fazer um coro celestial na música “Vida”, que é em homenagem à minha vó, que tinha acabado de falecer. Queria que tivesse esse toque de “anjo” mesmo. Então, foi uma parceria muito bem-vinda. A Ximena eu tive o prazer de conhecer via gravadora, ano passado, e a gente acabou virando amigas pessoais, fizemos essa música [“Tudo ou Nada”], cantamos juntas, ela é uma pessoa maravilhosa, foi incrível.

Como você se enxerga em um futuro próximo e quais são seus planos para 2018?
Em 2018 eu vou seguir fazendo os shows do Gaya, alguns no Brasil e fora do Brasil. Também estou abrindo uma casa chamada “Rosa Flamingo”, uma parceria, que vai ter espaço para eventos, shows, estúdio para gravar bandas novas, e vai ser muito legal.

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13/03/2018

Brenda Vidal

Brenda Vidal